O ACIDENTE

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ANTHONY

O dia foi se arrastando de forma lenta, já era quase meu horário de saída e só faltavam mais dois pacientes. Eu estava exausto!
Meu telefone tocou e vi o nome de John na tela

- Tony, antes de sair passa no quarto 303, preciso de uma opinião sua a respeito da abordagem de tratamento que pensamos.

- É uma ordem ou um pedido, chefe?

- É um pedido do seu amigo! Mas se não quiser vir finge que é uma ordem do seu chefe. - dei uma risada

- Tudo bem, passo sim. Estou terminando aqui.

- Ótimo! Outra coisa, ouvi a Amanda pedindo ajuda para a Janine pra passar a noite com você, ela tá caidinha ein irmão. - ele falou tão empolgado que me fez rir - E aí? Porque não deixa sua filha com seus pais e leva ela pra sua casa? O plantão dela acaba no mesmo horário que o seu, e vale ressaltar que ela é uma gata! - ele não desistia de tentar me juntar com a Amanda.

- Ela é bonita sim John, muito legal também, já nos beijamos na sala de descanso 2x, mas levá-la pra minha casa jamais. E pra passar a noite então, nem pensar. - não dormia com nenhuma mulher desde que minha esposa se foi. Não conseguia, sentia que estava traindo ela. - E preciso buscar a Ceci, meu pais vão sair, então não vai rolar mesmo!

- Você é totalmente sem graça!

- Não é minha intenção ser engraçado - ele bufou do outro lado- Agora vou desligar ou os pacientes irão reclamar de mim pra você depois.

Desliguei e chamei o próximo paciente. Depois o outro, assim que finalizei arrumei minhas coisas pra ir embora, iria passar no quarto 303 antes, claro.
Me despedi da Ágatha e fui até o 4 andar onde ficavam os quartos de internação, fui até a paciente em questão, seu nome era Rose, tinha apenas 19 anos e tinha insuficiência cardíaca. Ela era tão jovem, tinha tanta vida pela frente, mas estava pálida, disse que se sentia cansada.
Li seu prontuário e quando fui chamar a equipe para discutirmos seu caso, seu monitor começou a apitar de forma alarmante.

- Código azul! Código azul! - apertei o botão o mais rápido possível e logo vários enfermeiros entraram para ajudar. Iniciei a massagem cardíaca enquanto a enfermeira aplicava a medição em sua veia.

- Seu coração não está respondendo, doutor. Estamos perdendo ela. - falou um dos enfermeiros.

- Não estamos não! Tragam o carrinho!

Depois de duas tentativas graças a Deus ela voltou. Seus batimentos ainda estavam fracos, mas voltaram e isso era bom.

- Preparem a sala de cirurgia e levem-na.

- Sim senhor. - responderam em uníssono

Fui até a sala de John, que estava com Rachel, uma das cardiologistas do setor.

- A Rose teve uma parada cardíaca, precisamos corrigir o problema antes que aconteça a próxima ou ela não vai aguentar. - falei assim que entrei e a atenção dos dois veio pra mim

- Eu já tenho uma cirurgia daqui a 15 minutos, não consigo estar em dois lugares ao mesmo tempo, dr. D'Lucca - ela amava me chamar pelo sobrenome

- Eu faço. - respondi firme - Só preciso da autorização.

- Nem precisa pedir, vá salvar a garota. - John respondeu com um sorriso no rosto - o setor cirúrgico sente sua falta.

Assenti e fui ao centro cirúrgico. Fazia alguns meses que tinha pedido afastamento desse setor, mas a adrenalina que corria aqui era impagável, confesso que senti falta. A cirurgia correu tudo bem, fizemos um cateterismo e isso lhe daria mais tempo pra esperar o transplante.
Quando olhei no relógio já era 19:24. Droga! Tinha esquecido completamente de avisar minha mãe, peguei o celular e tinham 5 chamadas perdidas dela, fui para o carro e liguei de volta.

QUERIDO DESCONHECIDO Onde histórias criam vida. Descubra agora