ADEUS

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SOPHIA

Ele encontrou e descobriu tudo

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Ele encontrou e descobriu tudo.
Eu nem conseguia olhar no seu rosto e encarar seu olhar de decepção sobre mim. Me pediu pra ir embora assim que descobriu que não tinha mais nenhuma responsabilidade sobre o que aconteceu. Ele não tinha mais obrigação de cuidar de mim.
Depois que Anthony saiu senti meu mundo desabar. Senti a felicidade escapar entre os meus dedos. Eu deveria ter contado a verdade, tive tantas oportunidades.
Fui até o quarto de Cecília e a observei dormir, deitei ao seu lado e abracei aquele corpo pequeno. Minha filha. Ela tinha se tornado minha. Sentirei tanto a sua falta!
Peguei minha mala e enchi com tudo o que tinha meu espalhado. Era hora de deixar a casa que eu nunca deveria ter entrado.
A mãe de Anthony chegou e eu me despedi o mais rápido possível.

- Oi querida, boa noite! Aconteceu algo? Porque está com essa mala?

- Estou indo embora, dona Emily. - O choro que eu já havia controlado deu sinal de que estava voltando e eu respirei fundo enquanto ela fazia uma cara de quem estava perdida - Obrigada por tudo, por ter me acolhido.

- Como assim indo embora? Me explica direito, você não pode ir!

- Meu táxi chegou, sinto muito.

Sai da casa sem olhar pra trás, entrei no táxi e fui até meu apartamento. Julie se assustou quando me viu chegar, estava deitada no sofá assistindo algo.

- Soph!! Você não me avisou que vinha, tá tudo bem? - ela levantou do sofá e veio até mim assim que joguei minha mochila no chão e soltei a mala, desabando em choro. - O que aconteceu? Ele te fez alguma coisa?

Nenhuma palavra saía da minha boca, somente o choro incontrolável me dominava.
Ela me levou até meu quarto, que ainda estava intocado. Sentei na minha cama e Julie trouxe um copo de água com açúcar. Tentei me acalmar, precisava contar a ela que não estava entendendo nada.
Contei com dificuldade e lhe mostrei a carta.

- Meu Deus, Soph! Porque não pediu minha ajuda? Eu sou sua amiga! Meu Deus!

- Eu não podia. Não podia puxar ninguém para o buraco que eu estava.

- Amigos servem pra isso, sabia? E se você tivesse conseguido morrer? Não pensou em mim? Não pensou na sua mãe?

O choro voltou de forma incontrolável. É claro que eu pensei, por isso tentei me matar daquela forma.

- Anthony te mandou ir embora da casa dele?

- Sim.

- Que droga! - ela segurou minha mão - Sinto muito!

- Eu também.

- Você tentou se explicar?

- Não consegui nem olhar pra ele, Julie. Todo esse tempo ele fez de tudo por mim, achando que foi o culpado. Você não viu o olhar de decepção que ele me deu.

- Mas é claro que ele está decepcionado! Você escondeu isso dele, amiga. O cara perdeu a esposa daquela forma, nem imagino o que ele reviveu quando bateu em você, já se colocou no lugar dele?

- É claro que já. Diversas vezes. Por isso não tive coragem de falar.

Ficamos em silêncio por um tempo, era incrível como mesmo sem falar nada eu me sentia segura ao lado dela.

- Amiga, eu amo sua companhia, mas pode me deixar um pouco sozinha?

- Promete que me chama se precisar de qualquer coisa? Vou deixar minha porta aberta.

- Prometo. Obrigada!

Julie beijou minha testa e saiu, então me afundei na minha cama, não lembrava que ela era tão dura. Me virei de um lado pro outro na tentativa de dormir, mas não consegui. Recorri a uma caixinha de comprimidos que estava no meu criado mudo, tomei 3 pra ter certeza que faria o efeito que eu queria, precisava calar todos os pensamentos que faziam minha mente explodir. Fazia um tempo que não usava,
acabei ficando sonolenta meia hora depois. Tinha esquecido da sensação que ele causava, parecia que minha cama ia me engolir, eu nem tinha forças pra me mexer, estava letárgica.

- Sophia? - ouvi a voz da minha amiga bem longe - Você precisa comer alguma coisa, já é meio dia, levanta!

Senti seus braços me tocarem mas não abri meus olhos, senti o sono me puxar de novo.
Acordei novamente as 13:40h, ainda estava lerda, mas um pouco mais disposta. Chequei meu celular mas não tinha nenhuma mensagem ou ligação do Anthony. Fui ao banheiro e tomei um banho bem quente e demorado.

- Até que enfim bela adormecida! Fiz uma lasanha hoje, não é tão boa quanto a sua mas dá pra comer, vem. - Julie falou assim que entrei na sala

- Desculpa, mas tô sem fome.

- Você precisa comer!

- E eu vou, só não agora.

Ela se deu por vencida e não insistiu mais. Era estranho estar na minha casa de novo, não ouvir a voz da Ceci, o cheiro da comida da Ana, não ter o cheiro do perfume amadeirado do Anthony.
Passei o resto da tarde no quarto, sempre que a o choro queria vir eu tomava outro comprimido pra me deixar com sono e então apagava.
Repeti isso até a segunda feira chegar.

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