PRIMEIRO BEIJO

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SOPHIA

Cheguei em casa depois do almoço e fiquei brincando com Cecilia que ficou super feliz de me ver sem o gesso, Antony ligou avisando que ficaria até um pouco mais tarde e me pediu que a colocasse pra dormir

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Cheguei em casa depois do almoço e fiquei brincando com Cecilia que ficou super feliz de me ver sem o gesso, Antony ligou avisando que ficaria até um pouco mais tarde e me pediu que a colocasse pra dormir.

- Você pode ler pra mim?

- Claro, meu amor. - peguei um dos livros que tinham na sua prateleira e sentei em sua cama, a deitando junto de mim.

- É bom ter você aqui em casa, tia. Meu pai tá mais feliz e eu também.

- Eu também estou muito feliz de estar aqui com vocês. - ela coçou os olhinhos - Acho que tem alguém com sono. Posso começar a ler?

Ela concordou e dei início ao livro do Pequeno Príncipe e rapidinho ela dormiu. Fiquei um tempo a observando, acariciando seu cabelo. Me imaginei novamente sendo mãe. Seria incrível ter uma filha como ela, uma criança amável, inteligente, divertida.
Ouvi a porta abrir e Antony estava lá nos olhando. Saí devagarinho pra não acorda-la e depois a cobri. Sai do quarto e fui com ele até a sala.

- Ela te deu muito trabalho?

- Trabalho nenhum. Ela é maravilhosa.

- Próxima semana vou entrevistar algumas candidatas para a vaga de babá. - ele foi até a geladeira e colocou um pouco de vinho numa taça. - Quer um pouco?

- Adoraria, mas ainda não posso. Por causa dos remédios, sabe.

- Que ótimo médico eu sou - eu ri e ele riu de volta. Ah, aquele sorriso. - Mas preciso muito dessa bebida agora.

Ele virou a taça toda descendo o líquido de uma vez e a colocou sobre o balcão em seguida.
Depois veio andando em minha direção, parou de frente pra mim e fitou seus olhos nos meus.

- Eu preciso fazer uma coisa. - falou dando mais um passo a frente acabando com o espaço que havia entre nós - Por favor, não vá embora depois disso.

As palavras pareciam que tinham fugido de mim. Seus olhos desviaram dos meus e foram em direção a minha boca. Suas mãos foram até a minha nuca. Meu coração estava descompassado.

- O que você precisa fazer, Antony? - perguntei quase como uma sussurro.

- Preciso terminar o que começamos no banho.

E então ele uniu nossos lábios. O retribui no mesmo instante. Foi um beijo lento, ele parecia apreciar cada movimento que fazíamos, assim como eu. Nossas línguas dançavam juntas. O beijo foi se intensificando e uma de suas mãos desceu até a minha cintura, me puxando pra mais perto.
Um monte de borboletas estavam voando na minha barriga. Achei que nunca mais sentiria isso de novo. Eu estava feliz? Logo eu, que achei que a felicidade não era pra mim.
Nos afastamos pra recuperar o ar e senti sua respiração ofegante. Ele colocou suas mãos no meu rosto e ficou me olhando, como se tivesse aflito por alguma coisa.

- Sophia, me desculpa. - Ele se afastou e ficou de costas pra mim - Eu não devia ter feito isso. Foi um erro, me desculpa.

Antes que eu respondesse ele saiu da sala me deixando sozinha e confusa.
Um erro. Ele estava claramente arrependido de ter me beijado.
Fiquei repassando suas palavras e seu olhar na minha cabeça várias e várias vezes, o que eu tinha feito de errado?
Talvez fosse melhor assim. Não podia levar esse sentimento a diante, ia dar muito errado quando ele descobrisse a verdade e eu iria parar no fundo do poço outra vez.
Fui para o meu quarto e mal consegui dormir. Desde que eu tinha ido para aquela casa não tinha tido mais crise de insônia, mas naquela noite eu não consegui dormir, senti aquele aperto no peito que já era tão familiar, o nó se formando na minha garganta, o choro que queria sair.
Assisti o sol nascer da minha janela, esperei ouvi-lo sair de casa pra poder sair do quarto, não estava pronta pra vê-lo depois de ontem.
Passei o dia inquieta então resolvi entrar em contato com o fisioterapeuta que tinham me indicado, ele ficou de ir à tarde conversar comigo e analisar meu caso pra começarmos o tratamento, eu precisava me recuperar ainda mais rápido pra ir embora daquela casa, era o melhor a fazer.

- Sophia, tá tudo bem? Você mal tocou na comida, minha filha. - Ana falou enquanto eu tentava empurrar a comida a minha frente. Não estava ruim, pelo contrário, mas a ansiedade sempre tirava minha fome. - Não gostou da comida?

- Ah, não! Quer dizer, claro que gostei, quis dizer que não é isso. Está ótima, como sempre.

- Não é o que parece.

- Só estou sem fome agora.

- Tudo bem, não precisa comer então. Faço um lanche pra você mais tarde, pode ser?

- Agradeço muito! Vou voltar para o quarto.

Me joguei na minha cama e fiquei lá até Cecília voltar da escola, ela foi até mim com aquele sorriso contagiante no rosto me chamando pra brincar e é claro que eu não resisti. Ela tinha um poder de me fazer rir e fez com que a angústia desse espaço pra risada.

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