SUSTO

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ANTHONY

A semana passou voando e já era sábado, o dia que havia combinado de sair com Amanda

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A semana passou voando e já era sábado, o dia que havia combinado de sair com Amanda.
Pedi ao meus pais para ficarem com Cecilia, eles não sabiam pra que era, falei que era por causa do trabalho.

- Papai, vamos ao parque hoje? - Ceci perguntou enquanto eu a arrumava.

- Não, meu amor. Mas você vai passear na casa do vovô e a vovó, o que acha?

- Acho legal, mas preferia ficar com você.

- Amanhã prometo que passaremos o dia inteiro grudados e vai ser dia de cinema em casa!

- E eu posso escolher o filme?

- Com certeza! Vou fazer pipoca com brigadeiro pra acompanhar.

- Tomara que chegue logo amanhã. - ela respondeu batendo palmas.

As 18h a deixei na casa dos meus pais e fui para o hospital buscar Amanda, como cheguei cedo aproveitei pra dar uma passada na UTI, mas quando cheguei vi uma grande movimentação no quarto de Sophia, ela tinha acordado?
Quando cheguei na porta minha pernas tremeram, seu corpo estava se debatendo naquela cama. Não! Não! Não pode ser.

- O que aconteceu? - perguntei pra uma das enfermarias que assistia a cena

- Ela teve uma convulsão, doutor.

- Mas ela estava melhor! Porque isso aconteceu?

- Não sabemos, provavelmente foi alguma infecção.

Infecção? Quando isso tinha acontecido? Eu checava seus exames todos os dias. Mas não naquele dia, já que era sábado e eu não fui trabalhar, lembrei.
Após aplicarem a medição seu corpo parou de tremer, me aproximei e um medo tomou conta de mim.

- Peça ao laboratório para coletar novos exames e peça novos exames de imagem também! Não podemos deixar passar nada! - falei com o tom da voz mais alta do que gostaria

As enfermeiras foram saindo e eu peguei em sua mão que estava muito quente.

- Não faz isso comigo, você precisa acordar, ouviu? - meu coração batia não forte que qualquer pessoa poderia ouvir.

Sentei ao seu lado e fiquei acariciando sua mão.

- Eu vou passar a noite aqui com você, ate melhorar. - mandei mensagem pra Amanda cancelando nosso encontro. - O que acha de eu ler pra você? Tenho alguns livros lá no meu consultório, vou pegar rapidinho e já volto. Não saia daqui. - beijei sua testa e fui correndo até minha sala.

Peguei o livro de Nárnia, era meu preferido e tinha a coleção completa. Voltei ao quarto e a técnica do laboratório tinha acabado de coletar seu sangue.

- Dê prioridade a esses exames, diga que é uma ordem minha.

- Sim senhor.

Sentei novamente ao seu lado e comecei a ler.

- "Era uma vez quatro irmãos: Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia. Esta história nos conta algo que aconteceu com eles durante a segunda guerra mundial, quando tiveram que sair de Londres, por causa dos ataques aéreos. Foram levados a uma casa de campo de um velho professor"

Li vários capítulos até o sono me pegar, acordei com uma mão no meu ombro e percebi que estava com a cabeça encostada na cama e minha mão segurando o livro ainda aberto.

- Doutor, o resultado dos exames chegou.

Agradeci e peguei os papéis revisando-os. Ela estava mesmo com uma infecção. Falei com o médico plantonista e ele prescreveu o antibiótico que começou de imediato.
Passei a noite ali, dormia um pouco e acordava pra ver se ela estava bem, pela manhã sua febre já tinha passado, sua mãe chegou e eu decidi ir pra casa.
Peguei Cecília e fomos para o nosso dia da preguiça, tentei dar toda atenção possível, mas meu pensamento estava nela. Liguei algumas vezes durante o dia para o hospital e me falaram que ela tava estável, respondendo ao antibiótico e nada da febre voltar.
Na segunda cheguei cedo e fui vê-la, seus exames do dia estavam muito bons, me animei. No final dos meus atendimentos John foi até minha sala.

- Boa tarde, Tony. - ele entrou com um sorriso no rosto - trago boas notícias!

- Boa tarde, boas notícias são sempre bem vindas, meu amigo!

- Ela está acordada. - ele ficou me encarando esperando minha reação, mas fiquei tão surpreso que não tive nenhuma - o médico de plantão decidiu que era hora de extuba-la e eu concordei. Quer ir ver sua garota?

- Sério? E ela tá bem?- abri um grande sorriso me levantando da cadeira mas logo parei e fechei a cara - E se ela não quiser me ver? Por ter sido o culpado.

- Pensamento positivo! Nada de coisas negativas agora, explica pra ela o que aconteceu e tudo vai ficar bem.

- Ok. Vou só fechar meu computador e já subo.

Ele saiu da sala e fiquei ali com meus pensamentos. Será se ela iria falar comigo? Será se me perdoaria? Me acostumei a ficar perto, por mais que eu falasse sozinho, era bom. Mas o que eu tô pensando? Ela tá bem, tá acordada, era o que eu queria desde o início, era o que todos queriam! Não importava se ela iria querer ou não me ver.

Arrumei minhas coisas e subi até a UTI, parei na recepção antes de tomar coragem pra ir ao seu quarto, até que uma voz familiar de uma das enfermeiras começou a falar

- Ela perguntou pelo senhor.

- Por mim? Ela sabe quem eu sou?

- Não exatamente. Ela perguntou quem era o homem da voz, que falava com ela todos os dias.

- Ela me ouvia? - respondi surpreso e ela assentiu.

- Não sei se lembra o que o senhor falou, mas ela lembra da sua voz.

Não esperei mais e fui até o seu quarto, bati antes de entrar e abri a porta devagar. Estava tão ansioso que nem me reconhecia. Assim que entrei seus olhos escuros vieram de encontro aos meus.

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