QUARTO DE UTI

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ANTHONY

- uma costela fraturada

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- uma costela fraturada. Baço perfurado causando uma hemorragia interna. Perna quebrada. E um trauma na cabeça. Vamos colocá-la em um coma induzindo quando a cirurgia acabar. Só até o corpo dela se recuperar.

Foi tudo o que ouvi da boca do meu amigo. O que eu tinha feito com aquela pobre mulher? Eu destruiu o corpo dela.
Meu pai chegou 2 horas depois que falei com minha mãe, ela acabou ficando em casa com a Cecília, achei melhor assim. Eu já estava mais calmo e com certeza a dona Emily chegaria surtando e me deixaria nervoso de novo.

- Como aconteceu? - meu pai perguntou sentando ao meu lado na cafeteria.

- Eu estava a caminho da casa de boliche, onde vocês estavam. Foi tudo muito rápido, saí daqui depois de uma plantão exaustivo, estava chovendo, eu estava cansado e com sono. Não sei, talvez eu tenha cochilado no volante e não a vi tentando atravessar.

- Você estava em alta velocidade?

- Não, mas estava no limite do limite permitido. Acelerei pra chegar mais rápido. - coloquei as mãos na cabeça - De qualquer forma me sinto responsável, pai. Não prestei a devida atenção e vou arcar com tudo o que for preciso.

- Eu sei que vai. E sua mãe e eu estamos a disposição pra ajudar também.

- O senhor a viu?

- Sim. Ela esta bem machucada, mas a enfermeira disse que ela ficaria bem, ouviu? Ela vai ficar bem - ele respirou fundo e segurou minhas mãos. - já conseguiu contatar a família dela?

- Sim. O celular dela estava todo quebrado, mas retirei o chip e coloquei no meu celular corporativo, liguei para a mãe dela. Foi uma conversa difícil.

- E cadê ela?

- Eles não moram aqui. A mãe e o padrasto estão tentando conseguir passagem o mais rápido possível do Texas pra cá.

- Entendi - ele soltou minha mão, levantou e me olhou com aquele olhar de pena que eu conhecia bem - Seria bom ir em casa tomar um banho e descansar, não acha? Você ainda está com a camisa molhada e suja de sangue. E tem uma garotinha lá em casa que não parava de falar que queria ouvir uma história do papai antes de dormir.

- Droga - olhei pra minha situação e levantei - não queria sair daqui agora, mas o senhor tem razão.

Segui andando ao seu lado e passei na recepção da UTI, pedi que me avisassem qualquer sinal que Sophia apresentasse, de melhora ou piora.
Depois fui para o meu carro, sentei no banco que ainda estava úmido e suspirei fundo.
Olhei pelo retrovisor e vi a jaqueta que tinha pego do chão, devolveria quando ela acordasse. Ela iria acordar, eu precisava crer nisso.

Passei na casa dos meus pais e peguei minha filha, ela já estava dormindo, então a coloquei na cadeirinha com todo cuidado do mundo.
Minha mãe insistiu pra que eu a deixasse lá, mas eu precisava dela do meu lado ou não conseguiria ficar em paz.
Chegamos em casa e a coloquei na minha enorme cama, fui para o banheiro e deixei a água quente levar toda a angústia daquela noite que parecia interminável.
Coloquei uma roupa confortável e fui até a cozinha, não tinha comido nada depois do café que Ágatha tinha levado, mas meu estômago parecia embrulhar quando pensei em comida. Esquentei apenas um leite e bebi, depois voltei para o quarto e aninhei minha filha em mim.
Fiquei pensando naquela mulher no chão, em como seu corpo parecia ser frágil. A cena do acidente ficou passando na minha cabeça até eu pegar no sono.

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