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*1 mês e meio antes do acidente*
Já era a segunda semana seguida que eu colocava pra fora tudo o que comia, resolvi passar na farmácia após o trabalho pra comprar uma medicação.
- Em que posso ajudar? - a atendente perguntou.
- Estou tendo muitos enjoos ultimamente, nada está segurando no meu estômago, principalmente pela manhã.
- Qual a data da sua última menstruação, moça?
- Dia 3 do mês passado, mas porque isso importa? - ela arqueou a sobrancelha e ficou me encarando, e aí minha ficha caiu - Puta merda! Já faz mais de um mês que não vem e nunca atrasa. Não é possível!
- Recomendo que leve logo dois desses só por garantia. - ela estendeu duas caixinhas de testes de gravidez e meu coração quase para.
Paguei e fui pra casa com a mente em um turbilhão de pensamentos. Esperei o dia seguinte, pois ela me orientou a usar o primeiro xixi do dia, era mais confiável. Mal consegui dormir. Por sorte Léo não apareceu na minha casa essa noite pois iria viajar. Pela manhã assim que o sol nasceu corri para o banheiro e fiz os dois testes, esperei roendo as unhas de tanta ansiedade até que apareceu o resultado. Positivo. Nos dois. Meu Deus! O que o Leonardo iria pensar? Ele sempre me falou que não queria ser pai ainda, que precisávamos nos curtir mais. Coloquei as mãos na barriga e acariciei. Eu estava grávida, existia um mini ser humano sendo formado no meu ventre. Chorei copiosamente sem acreditar naquilo. Mas uma sensação de felicidade me atingiu em poucos minutos, eu tinha alguém por quem lutar. Essa criança me devolveria o fôlego de vida. Corri pra emergência do hospital mais próximo da minha casa, não estava sentindo nada, mas diria que sim só pra poder ver meu neném. A médica obstétrica de plantão passou o gel gelado na minha barriga e começou a ultrassom.
- Você quer ouvir o coraçãozinho?
- Sim, por favor!
Aquele som batendo inundou a sala e o meu coração também.
- Está tudo bem, mamãe. Seu bebê está saudável, você já está com 5 semanas. Preciso que você pegue leve nesse início da gestação, ok?
Concordei enquanto mal conseguia ver o grão de arroz no visor do ultrassom. No caminho de volta pra casa encostei numa loja de roupinhas de bebê, comprei um mini tênis branco e uma caixinha na qual eu colocaria pra fazer uma surpresa pro meu namorado. Ele já estava viajando, então esperaria que voltasse na semana seguinte. Passei os dias rindo sozinha, conversando com meu grãozinho, tinha decidido não compartilhar com ninguém ainda até que Léo soubesse. Quando ele voltou, combinou de ir a minha casa a noite. Sai cedo do trabalho, fiz um jantar pra nós e deixei a caixinha lá o esperando. Ele chegou aparentemente de bom humor, isso estava raro de acontecer, mas fiquei feliz. Comemos e ele falou um pouco do quanto amou sua viagem de trabalho a Nova York.
