SOPHIA
Tirei a roupa que já estava toda molhada e fiquei de toalha o esperando. Aquela distância foi boa pra acalmar o que tinha acabado de acontecer, acabaríamos em uma situação que não teria volta. Esperei alguns minutos mas pra minha supresa quem entrou no banheiro não foi ele.
- Julie!! - falei alto e abri um enorme sorriso no rosto quando vi minha amiga.
- Soph! Meu Deus, não some mais assim garota! - ela veio na minha direção e me deu um abraço. - O seu doutor disse que você precisava de ajuda, mas ele estava tão sujo que insisti em vir pra que ele fosse tomar banho também.
- Muito obrigada! É que é difícil com o gesso, posso acabar escorregando.
- Me explica melhor o que aconteceu. Fiquei muito preocupada quando você sumiu por quase 15 dias, nunca mais faça isso comigo.
Enquanto ela me ajudava no banho contei toda a versão que todo mundo conhecia, depois me vesti e fui para a sala com ela.
Antony já estava de banho tomado e com uma roupa limpa, assim como Cecilia.- Antony, essa é a Julie, minha melhor amiga. E Julie esse é o Antony meu anfitrião e agora amigo.
- Muito prazer Julie. - Antony estendeu a mão pra ela que pegou de volta.
- O prazer é todo meu, doutor. Obrigada pelo que tá fazendo por ela, se não fosse aqueles lances todos de escada eu faria questão de cuidar dela em casa.
- Não precisa agradecer, é minha responsabilidade.
- Você não vai me apresentar também tia? - Ceci falou nos fazendo rir
- Ah, claro que vou! Julie, essa é a senhora dessa casa, a princesa mais linda desse reino, se chama Cecília. Ceci essa é minha amiga Julie.
- Oi princesa, é um prazer conhecer você. - Minha amiga falou se abaixando e ficando da altura dela.
- Posso te chamar de tia também?
- Você vai encher meu coração de alegria se fizer isso!
Ficamos conversando enquanto Antony foi colocar as coisas na mesa, às vezes sentia o olhar dele sobre mim e sei que ele percebeu meus olhares também.
Sentamos todos a mesa e nos servimos.- Não acredito que você fez minha receita favorita! Essa é a melhor lasanha do mundo. - Julie falou quando deu a primeira garfada na comida.
- Eu falei isso também, mas eu e meu papai também ajudamos. Não é tia?
- É verdade, meus auxiliares aqui fizeram toda a diferença. - olhei pra Antony que me olhava com um sorriso no rosto - Preciso recompensa-los mais tarde.
Depois que finalizamos ele disse que levaria Cecília até a casa dos seus pais pra que ficássemos a vontade e voltaria no fim da tarde.
- Então, me conta, como tá sendo dividir a casa com o dr bonitão aí?
- Não tem nada do que você tá pensando viu. - dei um tapinha no seu ombro - Ele é muito legal, gentil, atencioso. Mas só porque se sente culpado pelo acidente.
- Não sei não, ele te olhava como se te venerasse. Aquele olhar não parecia de culpa.
- Não confunda as coisas, amiga.
- Se você diz, tudo bem. - ela ficou me olhando por alguns segundos e eu sabia que ela entraria naquele assunto - Não teve mais notícias do Léo?
- Não. E espero não ter.- Léo era meu ex namorado, tivemos um relacionamento difícil. - Ele tirou o resto de amor pela vida que eu tinha, Julie. Ele me fez perder o que eu tinha de mais precioso.
- Sinto muito. Foi melhor ele ir embora mesmo. - falou colocando a mão sobre a minha - Sinto sua falta no trabalho, todos sentem.
- Também sinto a sua!
- Então volta pra lá! Você sabe que sua vaga está te esperando, a chefa quase morreu quando leu sua carta de demissão.
- Não dá. Não quero continuar naquele lugar, não é o que quero pra mim. - Fora que minha mãe e Antony achavam que eu tinha sido demitida, e queria que continuassem pensando assim.
- Tudo bem, mas se mudar de ideia já sabe. Parou de ir a terapia?
- Ahan, eu mal saio. Mas essa semana vou tirar o gesso e aí posso sair sozinha de novo.
- Não fica muito tempo sem fazer, tá bom? Você sabe o quanto te faz bem.
- Eu sei. Prometo que vou voltar a fazer.
Conversamos sobre sua vida, sobre minhas plantinhas que ela estava cuidando, era bom ter a companhia dela de novo. No final da tarde ela foi embora pois tinha compromisso e eu fiquei sozinha.
Senti aquela vontade de chorar de novo, fazia dias que não ficava completamente sozinha e era sempre um gatilho.
Mas antes que a sensação de tristeza me consumisse inteira ouvi Antony e Cecilia chegarem.- Tiaaa! - ela gritou e fui até eles - A gente trouxe sorvete de chocolate com morango! Você quer?
- É o meu preferido! Quero sim.
Antony colocou em umas tacinhas e tomamos o sorvete juntos.
- Podemos assistir um filme, papai? - Ceci perguntou quando nos sentamos no grande sofá.
- Claro, domingo é dia oficial de filme aqui nessa casa.
- Oba! Já assistiu a fuga das galinhas tia? - perguntou olhado pra mim mas foi seu pai quem respondeu.
- De novo, filha? O que falei sobre assistirmos coisas novas?
- É que é tão legal!
- Porque não deixa a tia Sophia escolher?
- Pode ser! Escolhe um beeeem legal tá tia? - ela falou juntando as mãozinhas em forma de pedido.
- Que responsabilidade! Já assistiram Rio? É um dos meus filmes de animação favoritos! Conta a história de uma arara azul lá do Brasil
- Parece ser interessante, pode ser ele filha?
Ela balançou a cabeça afirmando e demos play no filme.
Era incrível o quanto me sentia bem ao lado deles, a angústia que senti mais cedo tinha dado lugar pra uma sensação de conforto e alegria.
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QUERIDO DESCONHECIDO
Roman d'amourUm acidente numa noite chuvosa muda a vida de dois desconhecidos. Mas será se foi mesmo um acidente? Vem descobrir a história de Antony e Sophia.