ALMOÇO

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ANTHONY

Mais uma semana estava começando, no domingo depois que Ceci dormiu não consegui tocar no assunto do que aconteceu no banheiro com Sophia

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Mais uma semana estava começando, no domingo depois que Ceci dormiu não consegui tocar no assunto do que aconteceu no banheiro com Sophia. E se eu tivesse indo longe demais? Não queria que ela se sentisse desconfortável comigo, não queria dar motivos pra que ela fosse embora da minha casa. Queria continuar tendo sua companhia, queria tê-la na minha vida por mais tempo.
Acabei evitando ficar muito tempo sozinho com ela, sempre que Ceci dormia eu ia pro meu quarto em seguida.
Na quinta feira pela manhã ela já estava na cozinha quando fui tomar café.

- Oi Antony, bom dia.

- Bom dia, Sophia. O que te fez acordar tão cedo?

- Hoje é dia de tirar o gesso. - ela falou batendo palmas de tão animada - Aliás, queria saber se posso pegar carona com você até o hospital. Tenho uma consulta com a ortopedista e depois vamos retirar.

- Claro que posso! Eu tinha esquecido completamente que era hoje.

- Não conversamos muito essa semana, acabei não comentando.

- Foi uma semana corrida pra mim, mas vou comer rapidinho e nós vamos.

Finalizamos o café e a levei até o hospital.
A deixei na recepção à espera de sua consulta e fui para os meus atendimentos.
Perto do horário de almoço ela bateu a minha porta e logo entrou com suas muletas mas sem o enorme gesso em sua perna.

- Oii! Espero não estar atrapalhando.

- Você nunca atrapalha! Que maravilha te ver sem o gesso, como está se sentindo?

- Livre! Que sensação boa viu, se eu ficasse com aquilo mais um dia teria surtado.

- Eu imagino, usei quando quebrei o braço tentando pular o muro do vizinho quando era criança e quase deixei minha mãe louca pra tirar. - ri lembrando do episódio.

- Quem diria que você era uma criança traquina. - ela riu de volta.

- Você não imagina o quanto! Mas e agora? Quais os próximos passos?

- A médica disse que meu raio x mostrou uma grande evolução! Vou precisar de fisioterapia, mas já peguei indicação de um bom profissional e vou começar o quanto antes pra voltar a correr e subir minhas escadas feliz , aí você vai estar livre de mim. - suas palavras me deixaram um pouco triste.

- Quer muito ir embora, não é?

- Não é isso, você tem sido ótimo, mas sinto falta do meu apartamento. - ela fixou seus olhos em mim - Além de que deixarei de ser mais uma responsabilidade pra você, devia ficar feliz.

- Claro, vou ficar feliz quando estiver 100%. Quero vê-la bem, Sophia. - Mas não queria que fosse feliz tão longe, pensei - Vou sair pra almoçar agora, vem comigo?

- Seria ótimo! Estou mesmo com fome.

Caminhei ao seu lado e fomos no meu carro até um restaurante próximo ao hospital.
Fizemos nosso pedidos e ficamos conversando, o assunto sempre fluía naturalmente entre nós, me fazendo perder até a noção do tempo.

- Posso te perguntar uma coisa? - ela falou enquanto terminava de comer sua salada.

- Fique a vontade.

- O que a ortopedista loira, alta e bonita é sua?

- Amanda?

- Isso. A menos que tenha outra ortopedista loira, alta e bonita naquele hospital. - ri de sua resposta.

- Apenas uma amiga.

- Amiga é? Ela parecia ser mais que isso na minha consulta.

- Porque diz isso? Ela te falou algo?

- Fez várias perguntas sobre você. Até sobre nós dois. - ela riu - Nem parecia uma consulta minha e sim um jogo de perguntas e respostas sobre a vida de Antony D'Lucca. Ela gosta de você.

- Ela é uma boa amiga. Mas não há nada mais do que isso, eu não gosto dela dessa forma. - Ela levantou a sobrancelha e ficou me encarando. - Não acredita?

- Vocês são desimpedidos, ela é bonita, você também, trabalham na mesma área, tem bastante coisa em comum, podia tentar.

- Me acha bonito? - perguntei abrindo um sorriso.

- De tudo o que falei, foi só isso que você ouvi? - Percebi suas bochechas ficarem um pouco vermelhas, ela ficou ainda mais linda assim.

- Já tentei, na verdade. Mas não fluiu, entende? Apesar de todas essas coisas iguais, somos diferentes. - o garçom apareceu pra levar nossos pratos e trouxe nossa sobremesa e então lembrei do relicário que encontrei em sua bolsa - Mas e você? Tem alguém?

- Não. - ela disse enquanto pegava um pedaço da sua torta de maracujá - relacionamentos são complicados.

- Acho que algumas pessoas é que são complicadas. Os relacionamentos são só o reflexo delas. - vi um pouco do chantilly no canto da sua boca e estendi minha mão para limpar. - Está sujo aqui.

Ela deu um riso de canto e aquilo derreteu meu coração. Deixei minha mão ali alguns segundos enquanto trocávamos olhares. Ela era realmente linda!
Seu celular vibrou a fazer quebrar aquele transe que estávamos e eu peguei o meu pra olhar a hora, estava atrasado pra voltar ao hospital.

- Preciso ir, consegue pegar um táxi? - perguntei me levantando.

- Claro, obrigada pelo almoço.

- Eu que agradeço pela companhia. - beijei sua bochecha bem devagar, prolongado o maximo possível o contato da minha boca com a sua pele - Te vejo a noite.

Sai do restaurante querendo ficar. Sophia despertava em mim coisas que não sentia há muito tempo. Precisava de mais. E eu tentaria ter mais.

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