CONVERSAS

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ANTHONY

Estava na cafeteria quando Elizabeth se aproximou e sentou na minha mesa, ela estava com os olhos vermelhos de quem tinha chorado

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Estava na cafeteria quando Elizabeth se aproximou e sentou na minha mesa, ela estava com os olhos vermelhos de quem tinha chorado.

- Oi. A senhora quer comer alguma coisa?

- Somente um café.

Assenti e pedi a garçonete que não demorou muito e já trouxe.

- Seu marido veio junto? Ele pode vê-la se quiser.

- Não, achamos melhor que eu viesse sozinha. Estamos começando um novo negócio lá e um dos dois precisava ficar.

- A senhora está em algum hotel?

- Não, vim do aeroporto direto pro hospital, mas vou ficar no apartamento da Sophia. Só preciso da chave, disseram que a bolsa dela estava com você.

- Ah, sim! Deixei no meu consultório, vou buscar.

Fui bem rápido para o segundo andar e peguei a bolsa preta dela, abri não sei porque mas notei que dentro tinha um colar como um relicário, abri e tinha uma foto lá dentro, era ela com um homem bem mais velho. Será se era o namorado dela?
Não importava, coloquei de volta na bolsa e voltei pra cafeteria.

- Aqui está. - coloquei em cima da mesa. - quanto tempo a senhora pretende ficar?

- Só até que ela acorde. Quero levá-la pro Texas comigo.

- Não sei se seria uma boa ideia ela viajar nessas condições.

- Eu imaginei, mas não posso ficar aqui muito tempo e o condomínio dela nem tem elevador, como ela vai fazer pra subir toda machucada daquele jeito?

- Podemos ver outro lugar pra ela ficar, mas vamos esperar ela acordar e aí vocês decidem, tá bom? Talvez ela melhore rápido e consiga pegar um avião.

Ela apenas assentiu.

- Melhor eu ir, voei a noite toda e estou muito cansada.

- Posso levar a senhora, o que acha?

- Se não for incomodar, eu aceito.

Saimos e fomos pegar sua mala que estava na recepção, entramos no carro e a levei até a localização que me passou, em 20 minutos estava de frente a um prédio amarelo de 4 andares. Desci e ajudei a levar a mala escada acima, paramos no 3 andar.
Ela abriu a porta e vi um apartamento impecável. Era bem bonito, super limpo e cheio de plantas. Sophia cuidava bem do lugar.

- Muito obrigada! No horário de visita estarei no hospital novamente.

- Disponha! Se precisar de alguma coisa me ligue.

Saí do prédio e fui pra casa, a essa hora Cecília já devia ter chegado da escola.
Assim que entrei em casa a encontrei pulando no sofá.

- Papai! Papaizinho! Estava com saudades. - ela desceu do sofá e correu assim que me viu

- Eu também, minha princesa! - a envolvi em um abraço apertado. - estava fazendo bagunça ein?

- Só um pouquinho. - ela falou juntando os dedinhos.

- Você já almoçou?

- Já sim! A tia Ana fez um almoço delicioso.
Comi tudinho.

- Que grande novidade, Cecília D'Lucca devorando um pranto de comida. - nós começamos a rir e a coloquei no chão.

Passei o dia em casa ao lado dela, liberei Stela, a babá, mais cedo e Ana também.
Quando a noite chegou pedi pizza e nós jantamos juntos, a coloquei pra dormir no seu quarto contando uma história como todas as noites. Depois fui pra o meu quarto, deitei naquela cama grande e meus pensamentos voltaram pra ela.
Recebi uma mensagem de John falando sobre o resultado dos exames, tudo estava indo bem e dali a 5 dias ela seria extubada. Não via a hora de chegar o dia seguinte pra vê-la de novo.
Não demorou muito e senti os olhos pesarem, acabei adormecendo.
Acordei no dia seguinte me sentindo bem mais disposto, arrumei Ceci pra escola e tomamos café juntos, a deixei na van escolar e vim direto para o hospital.
Antes dos atendimentos passei no quarto dela. Continuava da mesma forma, calma e serena.

- Oi, tô aqui de novo. - sentei ao seu lado e peguei sua mão. - tenho ótimas notícias! Logo logo você vai acordar, seu corpo é bem forte viu, você vai ficar bem. - sorri olhando pra ela - Sua mãe esteve aqui ontem. Fui com ela até o seu apartamento, amei o lugar. - acariciei seu rosto de novo - Você deve ser incrível. - soltei sua mão e levantei - Preciso ir agora, tenho que cuidar do amor da vida de alguém. Volto no final da tarde pra ver você. - depositei um beijo em sua testa e saí.

Tinha 14 consultas agendadas, comecei os atendimentos no horário previsto, parei somente para o almoço e logo dei continuidade.
Depois do último paciente alguém bateu na porta, imaginei que era Ágatha, mas na verdade era Amanda.

- Olá, estava passando aqui perto e decidi te dar um oi. Está muito ocupado?

- Oi, pode entrar. Na verdade acabei os atendimentos nesse momento. - ela veio andando até minha cadeira e me levantei ficando de frente pra ela.

- Vim no momento certo então - ela levantou a cabeça e me beijou, colocando as mãos ao redor do meu pescoço.

- Veio sim. - retribui seu beijo passando as mãos pelo seu corpo.

- O que acha daquela bebida no sábado? Saio as 19h do plantão - ela perguntou acariciando meu cabelo.

- Excelente. Te busco aqui? - ela assentiu e a beijei de novo

Alguém bateu na porta e ela se afastou, era Ágatha.

- Com licença, desculpa atrapalhar, mas tem mais um paciente que chegou atrasado, poderia atende-lo ou remarco doutor?

- Não, tudo bem. Pode deixar que entre.

- Ok. - ela saiu e fechou a porta

- Então é minha deixa, espero você no sábado. - Amanda falou e me deu um beijo, saindo logo em seguida.

Estive pensando no que John vinha me falando há dias, em me relacionar com alguém de novo. Por mais que eu fosse um super pai minha filha precisava de uma figura materna. Ela merecia. Quem sabe Amanda seria uma boa companhia.
Atendi o último paciente e passei na UTI novamente pra ver Sophia, falei pra ela sobre o meu dia, segurei sua mão que encaixava tão bem na minha. Chegava a ser estranho o tanto que eu me sentia confortável ao lado dela.
Os próximos cinco dias seguiram assim, passava no seu quarto sempre que tinha um tempinho e fazia meu monólogo, já que ela não podia responder.
Seus exames estavam cada vez melhores e estava chegando a hora dela ser extubada. Estava ansioso pra isso.

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