ATHONY
A última vez que senti essa estranheza na minha casa foi quando Camille morreu. Meu sofá parecia maior, minha cama estava desconfortável, meu banheiro parecia tão incompleto, sentar à mesa com Ceci não estava mais tão prazeroso, fora o fato da minha filha perguntando a todo momento quando sua mãe Sophia voltaria. Cada célula do meu corpo sentia sua falta. Minha mãe não foi embora até que eu contasse o que aconteceu, ela sabia arrancar as coisas de mim.
- Meu filho, já se colocou no lugar dela?
- E ela se colocou no meu, mãe? Parece que vivi uma mentira.
- Não diga isso, era visível o sentimento que existia entre vocês.
- Que existe. - a corrigi - Pelo menos da minha parte existe sentimento.
- Vocês se amam, dê um tempo para as coisas se acalmarem e vai atrás dela. Ela estava se saindo tão bem com a nossa menina, você tinha voltado a ser feliz, meu filho.
- Não consigo ainda, mãe. Só de lembrar me sobe uma sensação de ter sido traído.
- Não deve tá sendo fácil pra ela também.
- Dona Emily, eu que sou seu filho, deveria ficar do meu lado!
- Estou do lado do que é certo! Mas é uma escolha de vocês. Vou indo porque deixei seu pai muito tempo sozinho, já tô com saudades!
Lhe dei um beijo na testa e ela foi embora me deixando sozinho com a Ceci.
O dia foi horrível, a noite então nem se fala! Eu contava cada segundo pra amanhecer, queria ocupar a mente com trabalho.
Fui para o hospital ainda cansado, não tinha conseguido dormir muito. Não recebi nenhuma mensagem dela, nem ligação. O que eu esperava? A mandei embora.Passei no quarto da Rose cedinho, ela já tinha acordado e estava se acostumando com o pós cirúrgico. Depois comecei os atendimentos da manhã, foquei todos os pensamentos nos meus pacientes. Quando a lista interminável chegou ao fim, voltei pra casa ainda pior do que quando saí.
Ana tinha entrevistado uma moça pra ser a nova babá da Ceci, disse que gostou e que ela iria fazer o teste no dia seguinte, deixei que ela escolhesse pois não estava com cabeça pra lidar com entrevistas naquele momento.- Já que você chegou, eu vou indo! - Ana falou quando entrei pela porta - É que tenho um compromisso.
- Claro, fique a vontade!
- Anthony, a Ceci não comeu quase nada. Disse que não tinha fome porque tava com saudade da Sophia.
- Eu resolvo com ela, Ana. Obrigada por me avisar!
Então então saiu, tomei um banho rápido e fui até o quarto da minha filha que brincava de chá com suas bonecas.
- Oi, meu amor! - falei quando entrei e ela veio me abraçar. - isso tudo era saudade?
- Siiim! Brinca comigo de chá?
- Como se brinca?
- Senta aqui do meu lado e bebe chá com minhas filhas bonecas, pai. É tão óbvio! Nem precisei explicar pra mamãe Sophia, ela já sabia mais que eu!
- Vou aprender rapidinho, prometo - peguei uma xícara e fingi que estava bebendo - Meu amor, precisamos falar sobre a tia Sophia.
- Mãe - ela me corrigiu - Mãe Sophia.
Como aquilo me doeu!
- Certo. Antes de vir pra cá a Sophia tinha uma outra casa, ela passou um tempo com a gente mas agora precisou voltar pra essa casa.
- É muito longe? Queria ver ela, papai.
- Agora não é possível, ela precisa cuidar de umas coisas de la. Mas o papai vai ficar aqui com você, como era antes.
- Porque ela não pode ficar aqui pra sempre? - eu nem sabia como responder.
- Porque estão precisando dela lá. - menti, claro.
- Posso ligar pra ela? Eu tô com saudades.
- Depois a gente liga, tá bom? Agora, vamos comer uma pizza?
- Não quero, pai .
- Mas você ama pizza, porque não quer?
- Não tô com fome.
Sabia que não adiantaria insistir, então brinquei mais um pouco com ela ate a noite chegar. Consegui convencê-la a tomar um leite antes de dormir, foi tudo o que ela aceitou.
Seria mais difícil do que imaginei!
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QUERIDO DESCONHECIDO
RomanceUm acidente numa noite chuvosa muda a vida de dois desconhecidos. Mas será se foi mesmo um acidente? Vem descobrir a história de Antony e Sophia.