SOPHIA
Acordei com o corpo todo dolorido, Anthony ainda dormia ao meu lado no sofá. Eu estava sonhando? Fiquei olhando ele dormir por longos minutos, como era bom acordar sentindo o contato da sua pele. Ficaria o dia inteiro ali, mas levantei contra minha vontade pois estava com a bexiga cheia de xixi. Aproveitei pra tomar um banho, escovei os dentes e troquei a roupa que passei a noite.
Voltei pra sala sem fazer barulho para não acorda-lo, mas o vi sentado no sofá assim que cheguei.
Ele estava sério, uma ruga de reprovação marcava sua testa. Eu sabia que ele estava irritado, já o conhecia bem.- Bom dia. - Falei me aproximado com passos silenciosos e percebi que ele se assustou. - Quer café?
- Bom dia. - Ele se levantou ficando de frente pra mim, mesmo estando longe. - Estava esperando você voltar pra poder sair. - senti uma dor no peito com suas palavras. Ele não queria ficar como eu imaginei.
- A porta está destrancada. - Respondi de forma ríspida. Ele deu alguns passos na minha direção, percebi que ele abria e fechava suas mãos como se estivesse nervoso.
- Seria muito rude sair sem me despedir. - Ele respirou de forma profunda - Peço desculpas por bater em sua porta aquele horário, principalmente da forma que eu estava. Obrigado por me receber, prometo a você que não vai mais acontecer. Não vai se repetir.
Não o respondi. Pra falar a verdade achei que ele me perdoaria, que ficaria mais. Mas ele estava arrependido por ter vindo. Meus olhos encheram de água e eu levantei um pouco a cabeça pra impedir que elas caíssem.
- Não vai falar nada?
- Encosta a porta quando sair, por favor - falei passando por ele pra ir em direção a cozinha até que senti meu braço ser puxado e meu corpo se chocou contra o dele - O que você quer Anthony?
- Eu não sei. - Seus olhos estavam fixos nos meus, ele estava muito sério, acho que nunca o vi assim. Mas o vi vacilar quando desviou o olhar para a minha boca. - Eu não sei que porra eu estou fazendo, Sophia.
- Então descubra, por favor.
- Porque você fez aquilo? Me conta o porquê.
- Não precisamos fazer isso.
- Por favor, Sophia.
Contei para ele o máximo que consegui, com o resto de forças que eu tinha enquanto o olhar dele me penetrava e eu não fazia ideia do que se passava na cabeça dele até sentir seus lábios se aproximando. O seu contato era tudo o que eu queria, mas sabia como aquilo me destruiria em seguida, principalmente por ele não saber o que quer. Então pedi como um sussurro enquanto sentia sua respiração na minha.
- Você me mandou embora, Anthony. Eu vim. Então por favor, se for pra fazer esses joguinhos, não faz. Se tiver um mínimo de respeito por mim, não fode ainda mais a minha cabeça. - meu peito subia e descia rápido, percebi que o dele também. - Já está difícil demais assim, receber suas migalhas vai ser mais doloroso ainda.
Ele me soltou sem tirar os olhos de mim. Seu maxilar estava travado, ele não disse nada. O vi se virar e pegar a chave do carro de cima da mesa de centro e logo saiu pela minha porta.
Me permiti desabar em choro. Antes que o sentimento de desespero tomasse de conta fui até o meu quarto e peguei alguns comprimidos, virei todos goela abaixo.
Deitei na minha cama encolhida enquanto esperava o efeito chegar. Não demorou muito e minha mente apagou.
Acordei já no final da tarde, estava um pouco enjoada, com fome também. Não vi Julie chegar, mas quando fui até a sala ela estava assistindo algo.- Oi bela adormecida.
- Oi. Que horas você chegou?
- Não faz muito tempo. Como você passou o dia? Além de dormindo.
- Anthony esteve aqui.
Ela fez um "o" com a boca e pediu que eu continuasse. Contei tudo o que aconteceu e recebi o aconchego do seu abraço.
Na manhã seguinte tive mais uma sessão com a dra Ellie.- Menina, isso parece história de livro. A paixão nascendo do momento mais improvável. - Ela falou me fazendo rir. - Tudo cooperou pra que vocês se apaixonassem.
- É, parece. Mas foi tudo uma mera coincidência, sabe? Ele ser médico, eu não morrer e quebrar a perna, meu condomínio não ter escada, e todo o resto.
- Como dizia nosso querido Einstein: "Coincidência é o nome de Deus quando ele quer ficar anônimo". - uau. Profundo - Mas como você está se sentindo agora? Depois da visita dele.
- Poderia dizer que me senti usada por ser vista apenas como consolação e ao mesmo tempo fiquei feliz por ele ter batido na minha porta? É confuso eu sei.
- Como você tem lidado com os sentimentos em casa, Sophia? - não podia falar dos remédios pra ela.
- Eu choro as vezes, mas tenho aprendido a lidar com eles.
- Quero que veja um psiquiatra. E antes que pergunte porque, psiquiatra não é médico de louco tá? Só é mais alguém que poderá te ajudar muito e poderá introduzir algumas medicações se necessário.
- Tudo bem. - aceitei fácil pois precisava de uma nova receita mesmo.
Saí me sentindo mais leve da sessão, aquela mulher era mesmo boa no que fazia!
Eu estava morrendo de saudades da Ceci, passei os próximos dois dias praticamente sozinha e tudo me fazia lembrar dela, Julie precisou viajar e eu menti que estava bem, pra que ela fosse em paz.
Eu estava exausta, mesmo sem fazer nada. Respirar me cansava.
Não dava pra continuar daquela forma, eu precisava reagir. Precisava recomeçar- Oi, mãe.
- Oi meu amor! Estava com saudades, faz uns dias que não me ligava. Como está todo mundo?
- Mãe, ainda tem um quartinho pra sua filha preferida aí?
- Claro! Vem me visitar?
- Na verdade, pensei em ir pra ficar.
- Oh, meu Deus! É o que eu mais quero. Mas o que aconteceu? Vir pro Texas era tudo o que você menos queria. Onde está Anthony? O que ele achou disso?
- Não quero contar por aqui. Mas vou tirar a passagem agora mesmo, tá bem? Vou comprar pra ir o quanto antes.
Entrei no site de passagens e comprei para dali a 3 dias. Se não fosse logo, desistiria.
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QUERIDO DESCONHECIDO
RomanceUm acidente numa noite chuvosa muda a vida de dois desconhecidos. Mas será se foi mesmo um acidente? Vem descobrir a história de Antony e Sophia.