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— Não esquece, filha. Vem pedalando a uns sessenta por hora pra chegar bem rapidinho! Nós não temos muito tempo. — minha mãe indaga, pegando o prato vazio à minha frente, ao que eu já terminei de comer meu sanduíche.
— Meu Deus, nem se eu fosse a mulher maravilha eu conseguiria, mãe! — eu digo, finalmente com diversão, ao que meu humor melhorou um pouquinho depois da manhã catastrófica de sábado.
— Consegue, sim! — ela insiste, tão risonha quanto eu. Então ela deixa as louças na pia e dá a volta na mesa, segurando meu rosto entre as mãos e beijando os topos de meus cabelos. — Desculpa não poder te levar. Mas nos vemos no almoço.
Eu assinto para ela com um sorriso curto e ela se afasta, indo até a sala. Minha mãe pega a bolsa e as chaves do carro sob o sofá e sai junto com Callaham, que acena para mim em despedida e eu devolvo seu ato. Depois que eu cheguei em casa no sábado de manhã, contei para ela toda a cena de drama pela qual passei com Drake e a namorada dele. O que consequentemente quebrou minha guitarra. Ela ficou tão indignada que eu fiquei uns quarenta minutos tentando convencê-la, junto a Callaham, que não era uma boa ideia ela ir até minha escola só para acertar uma pedrada na cabeça de Drake. Também contei para ela toda a historinha de Leon. Até porque, quando ele me encurralou numa fria no refeitório na sexta de manhã, eu não levei a sério porque tinha certeza que ganharia o concurso, então não valia a pena sequer falar desse idiota para minha mãe. Eu iria apenas gastar saliva.
Minha mãe ficou o seu domingo inteiro de folga me consolando. E até ficou na chamada comigo quando eu contei para o meu pai, que mora em Detroit, que a guitarra que ele me deu estava arruinada. Ele não brigou comigo, é claro. Entendeu toda a história e mais uma vez, eu tive que convencê-lo a não viajar até aqui para também dar uma pedrada em Drake. Meus responsáveis deveriam se lembrar mais vezes que nunca é uma boa ideia machucar um menor de idade! Por mais que eu quisesse, honestamente. Acho que Drake merece menos que uma pedrada, mas um cocão muito bem dado no meio da testa para aprender a nunca mais usar uma garota assim. Esse idiota não se importa de ter ferido meus sentimentos? Nem me mandou uma mensagem se desculpando! E se ele realmente namora, porque ele não tem nenhuma foto no feed do Instagram com a tal Rebeca? Pelo amor de Deus!
Então, minha mãe me deu duas resoluções magníficas. Eu e ela vamos até o centro hoje, na loja de instrumentos. Vamos fazer um orçamento para o conserto de minha guitarra e ela disse que vai pagar. Nem que demore uma vida. Disse que eu mereço isso, que eu sempre cuidei de todos os meus pertences muito bem e que fora ossos do ofício. Toda essa situação ridícula da Rebeca me empurrar... ela ficou feliz que eu não tenha me machucado também. Apenas dei uma raladinha de leve nas palmas das mãos. Mas nem está doendo mais. Nem mesmo meu coração! Minha mãe me fez entender que agora faz mais sentido sentir raiva de Drake e não dor, como se eu tivesse perdido alguém importante. Ela também me disse que ela e Callaham vão me ajudar a estudar para a prova de Física no final do bimestre e garantiu que eu vou me sair muito bem tendo o auxílio dos dois. Tudo isso já aumentou muito meu ânimo, mas eu ainda estou um pouco molenga, tenho que admitir. Está tudo tão fresco ainda... nem acredito que tudo isso aconteceu. "Tudo isso".
