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Eu continuo fazendo desenhos imaginários em seu peito com o indicador de minha mão esquerda, deslizando sob sua camisa bem lentamente. Aproveitando a sensação, o calor que transparece mesmo através do tecido. Sem pressa, com muito amor e uma ansiedade incessante por cada vez mais. Ainda estou deitada sob seu peito com meu rosto lateralmente, meus olhos pequenos enquanto meu rosto solta breves espasmos e sorrisos curtos me tomam em felicidade. É tanta animação que meu coração parece prestes a parar de bater por estar tão rápido neste momento.
Suspiro longamente. Os batimentos cardíacos constantes e calmos de Leon envolvendo meus ouvidos enquanto estou tão próxima dele neste momento. Como eu tanto desejei por esses quatro longos anos. Parece que um sonho se tornou realidade, parece tudo tão irreal ainda, por estar fresco. Recente. Mas é perfeito. Eu não poderia desejar momento melhor.
"Amor..." eu o chamo baixinho, agora espalmando minha mão esquerda sob seu peito para me apoiar e erguer um pouco o rosto. Encontro os olhos azuis e lindos de Leon me encarando de volta no mesmo segundo. Eles ficam pequenos em minha direção e ele sorri para mim. Ele murmura, me incentivando a continuar: "Sei que você já contou catorze vezes, mas... será que você pode me contar só mais uma vez?".
"Quantas vezes você quiser, meu amor." ele me responde no mesmo tom, baixo e rouco. Isso reverbera pela minha cabeça e todo meu ser, principalmente considerando que seu braço esquerdo está sob minhas costas enquanto ele desliza a ponta de seus dedos por toda extensão desta. Eu suspiro e mordo o lábio inferior, então torno a abaixar o rosto e fecho meus olhos quando ele começa a me contar: "Era um lugar muito, muito grande. Parecia não ter fim. Mas era muito escuro. Com ausência de tudo, luz, objetos, pessoas, até vento. Mas... eu conseguia escutar a única coisa que estava presente e que eu conseguia enxergar. Chovia. O tempo todo durante esses quatro anos, chovia. O chão estava um pouco alagado, não muito, mas o suficiente para cobrir meus sapatos. Eu não conseguia sentir nada, medo, dor, felicidade, tristeza, urgência. Nada. Também não conseguia sentir meu corpo, o que me fez, ao menos depois de tanto tempo passar, aceitar que eu estava morto e que a morte era definitivamente aquilo. Que não existia nem céu e muito menos inferno. Era apenas... escuridão. O tempo ia se passando e eu não conseguia ter noção dele, não fazia ideia se haviam se passado horas, dias, semanas, meses ou anos. Mas eu estava ensopado pela chuva e eu acabei me acostumando com o som dela. Pelo menos era algum tipo de companhia naquele lugar estranho. E então, sete dias atrás... eu escutei sua voz. Estava... muito, muito longe. Parecia a quilômetros de distância. Inicialmente eu não conseguia entender o que você estava falando por sua voz estar tão longe, mas assim que chegou aos meus ouvidos, na mesma hora eu reconheci você. Mas então... eu entendi perfeitamente e com todas as letras, quando você me disse que estava tudo bem eu ir. Que por você tudo bem eu partir se aquilo estivesse me ferindo de algum modo. Então, eu comecei a ficar sem ar e finalmente comecei a sentir tudo. Principalmente tristeza e muito, mas muito medo mesmo. Fiquei pensando na ideia de que talvez já tivesse se passado muito tempo e por isso você estava me dizendo aquilo, porque conheço você o suficiente para saber que você não me deixaria ir assim, tão facilmente. Então eu fiz a única coisa que eu poderia fazer naquele momento, amor. Eu corri. Corri em direção a sua voz. E eu não conseguia parar de chorar e uma falta de ar insana me invadiu... e a sua voz foi ficando cada vez mais perto. E eu corri tanto, que quando a sua voz parecia estar ao pé do meu ouvido... eu vi uma luz. Então... eu acordei."