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Eu ainda não acredito que teremos que voltar àquela droga de lugar.
Suspiro frustrado outra vez e umedeço os lábios lentamente, ainda com meus olhos baixos. Estou no mesmo processo a dez minutos inteiros, mas ainda me parece a droga de uma eternidade. Documento sim, documento não.
Estou fuçando nos documentos da empresa onde havia um clone DA MINHA PESSOA. Por parâmetros psicológicos e até "sobrenaturais", eu deveria ser a última pessoa no planeta terra a estar revisando os documentos que eu e Heather encontramos lá dezesseis dias atrás. Mas eu sou um dos superiores dessa agência, então, fazer o que...
Fricciono o maxilar e suspiro em frustração outra vez, só que ainda mais alto agora. Isso não importa, considerando que estou sozinho. Então não preciso me preocupar muito com minha cara de bunda por estar sozinho no cômodo, já que claramente não consigo tirar esses pensamentos e essa pessoa em específico de minha cabeça.
Heather.
É sempre a Heather.
Honestamente, ter encontrado aquele clone desgraçado naquela empresa dezesseis dias atrás, até que foi uma coisa boa. Eu consegui transar com a Heather mesmo que aquele filho de uma puta estivesse junto e foi ótimo. Depois de matar ele, eu e ela tivemos mais dois rounds naquele lugar. Mas sempre tem a droga de um "porém".
No caminho de volta eu não consegui disfarçar meu desconforto com tudo aquilo. Realmente foi ótimo estar com ela, ela é linda, incrivelmente gostosa e beija mais do que bem. Sinto que aquela boca foi feita para ser beijada e principalmente por mim. Mas eu não sabia como lidar com tanta informação de uma vez só. Logo, o caminho de volta até a agência foi tremendamente silencioso.
Heather também não ajudou, considerando que não falou uma palavra sequer.
Então desde aquele dia, mais de duas semanas atrás, as coisas andam ainda mais estranhas. Não só pela investigação aberta pelo meu departamento e eu e Heather estarmos sendo obrigados a voltar lá para dar mais uma "olhadinha" de precaução, mas sim porque é difícil, acima de tudo, estar perto dela agora.
Eu sinto os olhos dela ardendo em minha pele quando estamos no mesmo cômodo ou quando nos esbarramos pelos corredores desse lugar, mas nenhum dos dois diz uma palavra sequer. Por isso, estou aqui a uns quinze segundos a encarando, estático.
Eu estava checando os documentos daquela empresa fodida e Heather acabou de entrar pela porta. Milhares de pensamentos voaram pela minha cabeça enquanto eu encarava o rosto dela e ela fazia o mesmo de volta, fixa e determinada. Assim, engulo em seco e abaixo o rosto.
Sem pronunciar uma única palavra.
"Você acha justo que tenhamos que ser nós a voltarmos naquele lugar?" ela repentinamente questiona com um risinho baixo e divertido, sua voz ecoando no cômodo e alcançando meus ouvidos me deixa ainda mais inquieto. Alterno o peso entre as pernas e pigarreio, limpando a garganta.
