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Dou uma última olhada no espelho retrovisor para ver se o rímel sutil em meus cílios não borrou e então coloco o mesmo na posição anterior para não atrapalhar a direção de Jackson. Meu namorado permanece em silêncio durante toda a pequena "viagem" de minha casa, onde ele me buscou, até a lanchonete. Ele não me parece muito interessado em conversar comigo, mas, honestamente, eu não estou muito afim disso também.
Jackson mudou muito desde o inicio de nosso namoro, agora me parece tremendamente desconfortável estar com ele por um período de tempo muito longo. Mas estou seguindo o conselho da minha mãe e estou me esforçando. Ela diz que o amor é assim mesmo e que os relacionamentos nem sempre são flores. E em nome de algo que ainda sinto por ele, estou dando o melhor de mim.
Paro de encarar a janela à minha direita quando noto uma luminosidade ofuscante vir da esquerda. Ergo o rosto e vejo que o que ilumina praticamente toda a avenida, é a placa da lanchonete que costumamos vir desde que começamos a namorar. O milk-shake daqui é divino e dele eu não abro mão!
Assim que Jackson estaciona, descemos ao mesmo tempo, mas ele não perde tempo e já começa a andar na minha frente em direção a entrada do lugar. Eu entendo que minha mãe quer que eu me esforce e acho que eu deveria mesmo, mas eu estou errada por ficar aborrecida com isso? Não é, tipo, a melhor sensação do mundo quando o namorado nos espera e ambos caminham de mãos dadas até certo estabelecimento? Porque o Jackson tem sido tão idiota nos últimos meses?
Bufo exasperada e começo a caminhar em direção a entrada da lanchonete também. Jackson passa pela porta e para, fazendo com que eu pare logo atrás dele. Ele dá uma olhada na tela luminosa do celular e une as sobrancelhas, esticando o pescoço enquanto parece procurar alguém. Quando meus olhos encontram Leon Kennedy, o irmão mais velho do meu namorado, eu fecho minha expressão na hora.
"Meu bem, o que seu irmão tá fazendo aqui?" eu questiono Jackson, erguendo a mão direita e segurando seu pulso com gentileza por um momento. Não há raiva alguma em minha voz, ela é suave e macia, não há aborrecimento também. Nem tenho motivos para isso. Simpatizo com o irmão do meu namorado, ele é um doce, mas a situação me é um pouco estranha agora.
"Eu vim ver meu irmão, não é óbvio?" ele me olha por cima do ombro, ainda com as sobrancelhas unidas, então puxa seu pulso e se afasta de mim. Quando avista a mesa distante onde está seu irmão mais velho, imediatamente começa a caminhar em direção ao local.
Não, não é nem um pouco óbvio, seu idiota. Pensei que estávamos vindo como um casal de namorados adolescentes. É um date! Deveríamos ficar a sós! Droga, Jackson, como você pode ser tão idiota assim? Você nem mesmo parece se esforçar!
Eu suspiro longamente e cruzo meus braços acima de minha jaqueta jeans, caminhando até lá também. Noto que Leon já está conversando com Jackson, ao que meu namorado simplesmente chegou e se jogou no assento estofado de modo espaçoso e desleixado. Acima de tudo, parece um animal selvagem sem educação ou escrúpulo algum. Ele é impossível...
