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- Parece pesado – Eu comento com Tommy assim que desvio meus olhos da tela luminosa de meu celular para a pasta preta que ele acomoda em sua mão esquerda.
- São arquivos pra caralho, você tinha que ver quando Higgson me entregou essa merda. – Ele responde, soltando um suspiro alto e mais do que claro diante sua exaustão. Ao menos ele vai ter algumas horas de voo para colocar essa cara de panda no bolso outra vez. – Ele tá bem? – O mesmo continua, erguendo suas sobrancelhas rapidamente em direção a Hunt, que está sentado a minha direita. O homem está inclinado para a frente, com ambas as mãos repousadas sob sua nuca.
- Tá sofrendo por antecipação – Respondo com um riso soprado sutil, abrindo um sorriso ladino enquanto torno meus olhos ao meu celular em mãos.
- Muito engraçado. Vocês dois são... muito engraçados. – Hunt finalmente indaga, um bocado sem ar enquanto ergue seu dedo do meio da mão esquerda em nossa direção, usando todo o restante de sarcasmo que existe em sua figura acabada neste momento.
- O que é isso aí? – Tommy ignora o dono do comentário anterior, se direcionando a minha enquanto ergue seu queixo em direção ao meu celular. A ficha trabalhista com uma foto imensa de Heather Mckeinze aberta na tela luminosa de meu aparelho, ao que estou estudando essa tchutchuquinha em particular a um bom tempo. Em casa, no táxi, nos últimos quarenta e dois minutos desde que cheguei ao aeroporto – fui o primeiro, Hunt o segundo e Tommy o último.
- Ficha técnica da chefe de cozinha do edifício onde ocorreu o roubo – Respondo simplista, dando de ombros com casualidade enquanto meus olhos passeiam pela foto da mulher esbelta, séria e absurdamente atraente.
- Algum motivo em particular? – O homem de óculos ao meu lado continua, agora arqueando suas sobrancelhas de modo debochado e malicioso, assim se recostando contra a cadeira de plástico azul caneta, ao que estamos esperando o horário de nosso voo. Quando Tommy analisa a expressão maldosa que se forma em meu rosto, imediatamente suspira e emenda: - Algum motivo em particular que não seja a cabeça desse seu pinto maluco latejando?
- Ela é uma boa testemunha – Digo, sendo minha vez de suspirar. Tommy fecha sua expressão tão confuso quanto nunca, logo explico: - Ela é chefe de cozinha e trabalha a muitos anos lá. Por mais que ela pareça excepcional no próprio trabalho, talvez já tenha recebido algumas reclamações. Talvez já tenha falado diretamente com as pessoas que frequentam o local, como também existe a probabilidade de conhecer todo o prédio na palma das mãos.
- Porque ela recebeu o pedido de fazer comidas especiais para o evento, ela estava no andar do carro chique e conhece muito bem o dono do automóvel, trabalha para ele. Ela pode ter visto algo suspeito. – Tommy emenda, deduzindo a história que se segue muito bem diante meu próprio raciocínio.
- O que não entra na minha cabeça, é o momento em que o carro desapareceu. – Comento, suspirando enquanto me recosto na cadeira e continuo com meus olhos na foto de Heather Mckeinze, estampada na tela luminosa de meu celular em mãos.
