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"Eu... odeio você...", eu digo baixinho quando finalmente consigo respirar de modo exasperado pelo meu nariz. Eu abaixo a garrafa de vinho em minhas mãos e me viro de costas para Leon, não conseguindo focar meus olhos em nada ao que eles tremem como os de uma criança chorona.
"Não odeia", ele acusa repentinamente, fazendo-me virar lentamente para encara-lo com tanto ódio que mais lágrimas se acumulam em meus olhos. "Você ainda sente algo por mim, um tipo de carinho ou... outra coisa. Se não já teria me matado. Pra você é fácil tirar a vida das pessoas, isso não tem significância pra você. Então, me diga você.... o que você sente por mim, Heather?" ele continua enquanto encara meus olhos.
Eu me viro por completo para ficar de frente para ele, meus olhos estão ligeiramente arregalados em um ódio que faz todo meu corpo tremer e meus pulmões ficarem sem fôlego, secos e queimando. Logo, finalmente o questiono: "E o que te dá tanta confiança ao ponto de deduzir que eu sinto alguma coisa por você além de ódio?".
"Sentir ódio já é um começo, significa que pelo menos algo, você sente." ele retruca como um moleque espertinho, como ele sempre foi. Maldita lingua afiada. "Mas eu tenho certeza porque você está prestes a chorar agora. E as lágrimas também são uma expressão do que você sente.", eu fricciono meu maxilar e tomo um suspiro longo e alto, sentindo até os dedos de meus pés formigarem com toda aquela tensão que pressionava todo meu corpo.
"Eu não sinto absolutamente nada por você", eu ouso dizer enquanto deixo a garrafa de vinho na minha mesinha de centro, me aproximando dele em passos lentos e duros. Eu me ajoelho a sua frente ao que ele ainda está sentado no sofá, então continuo enquanto encaro seus olhos com deboche e escárnio: "Você acha que ter feito parte da minha vida por bons anos te faz uma peça significante na minha história. Mas você está completamente engano, porque você foi, literalmente, isso. Uma maldita peça no tabuleiro confuso e grosseiro que minha vida sempre foi e se tornou depois que eu fui embora, te deixando para trás. Você foi só mais uma pessoa das milhares aos quais eu conheço todo santo dia."
"Você está mentindo", ele me acusa, unindo suas sobrancelhas suavemente enquanto inclina seu corpo no sofá, deixando seu rosto extremamente próximo do meu enquanto continua: "Você não se lembra da noite de formatura?".
"Não", eu minto descaradamente enquanto meus olhos honestos tremem. "Eu não me lembro de nada daquela noite. Eu apaguei aquela noite da minha memória com tanta facilidade quanto eu apaguei todo o resto da minha vida que ficou para trás quando eu fui embora.", completo baixando meu rosto levemente, o encarando nos olhos por debaixo de minhas sobrancelhas unidas e indiferentes.
"Lembra, é claro que lembra. Você só está mentindo agora como um maldito mecanismo de defesa para me provar que você se tornou alguém diferente. A assassina mundialmente famosa mais temida, fria e cruel de todos os tempos. Mas ai que está o meu ponto de vantagem, eu conheço uma Lizzie Heather completamente diferente desta a qual você finge ser.", suas acusações certeiras me fazem engolir em seco e tomar suspiros longos de ódio por suas especulações estarem completamente corretas. Eu sinto ódio do quanto esse cara me conhece.
