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E lá vamos nós novamente. É sempre o mesmo maldito processo, para ser minimamente honesto agora.
– Eu não suporto isso! É sempre a mesma maldita coisa! Nunca chegamos a lugar algum! - Heather continua a gritar neste momento, quase como se houvesse lido minha mente cansada diante mais uma de nossas discussões. Mas essa é nova, tenho que admitir. Tenho a impressão de que ela está sendo bem mais séria. Completamente diferente de todas as outras que me lembro.
– Então mude a droga do roteiro! É você quem sempre está me acusando das mesmas coisas enquanto não assume droga da responsabilidade alguma, Heather! - Eu grito de volta para ela, tão exasperado e exausto quanto nunca enquanto gesticulo com ambas minhas mãos de modo afobado no ar.
Minha cabeça dói, meus olhos já estão pesados de tão marejados que se encontram. É sempre tão exaustivo, mas dessa vez está mesmo me esgotando ao limite. Eu bufo completamente sem ar enquanto desvio meu rosto - ao que encarar minha namorada de anos agora, me parece, talvez, tão doloroso quanto nunca. Sinto que evoluímos pouco nos últimos meses desde que ela vem estudando para entrar numa boa universidade. Principalmente considerando o quanto ela nunca assume os próprios erros e ainda consegue me fazer sentir culpado por estes.
– Jesus Cristo, eu simplesmente ODEIO VOCÊ! - E, quando Heather chega ao seu limite com minha acusação diante sua teimosia em acreditar que está sempre certa, ela grita ainda mais alto do que anteriormente. Sua voz ecoando por todo o apartamento abafado enquanto seu rosto se encontra rubro de raiva. Ela segura as laterais dos cabelos bonitos brevemente enquanto aperta a raiz para esbravejar comigo. E, durante os poucos segundos em que consigo analisar toda sua figura e ainda sim a acho a mulher mais linda de todo o mundo, também são segundos suficientes para que ela estilhaçe meu coração em milhares de pedaços irreconhecíveis.
– Você me odeia, meu amor? Meus parabéns! Eu te odeio AINDA MAIS! - Eu respondo no calor do momento, meu tom se elevando sob o dela enquanto Heather bufa completamente sem ar.
Por um breve momento, nos silenciamos e eu sinto que somos apenas nós dois em todo o mundo. Duas figuras exaustas com nossas vidas no momento, com nossa união romântica de anos, como as coisas estão e com ambos corações partidos. Não queríamos dizer isso um para o outro, mas, sim, nós nem mesmo pensamos duas vezes antes de dizer. Apenas cuspimos tais falácias um contra o outro. Sem pensar nas consequências. Fingindo que somos frios e indestrutíveis o suficiente para suportarmos a ideia de poucas palavras repletas de uma força absurda. Ambos estamos fingindo que isso não machuca agora. Mas eu acho que sou o único aqui que tem repleta noção disso.
– Vai embora - Ela sussurra para mim enquanto, a todo momento aqui presente, ambos nos encarávamos nos olhos. Eu cerro o maxilar e engulo em seco, sentindo que estou a um passo de vomitar o meu café da manhã de mais cedo. É a primeira vez que depois de uma discussão, Heather me manda embora. É realmente a primeira vez e isso me assusta. Porque tenho medo de que ela esteja decidida a isso. De que realmente não vá me querer de volta. Os olhos dela trêmulos e marejados em minha direção enquanto ambos nossos peitos sobem e descem violentamente diante as respirações descompassadas pela discussão de agora. Não consigo responder, não encontro palavras ou sequer raciocínio para isso, o que apenas permite que Heather emende na minha direção num fio de voz: – Vai embora, Leon. Eu não quero mais ver a sua cara por aqui. Nunca mais.
