Capítulo 2

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Por mais que não quisesse, daria crédito a Rudolf. A coordenação entre ele e os frequentadores de seu pequeno mercado era admirável. Ele evitou a fuga até dos clientes mais covardes, convencendo-os a ver sua mercadoria em ação. Lestrade riu de desespero, sentado em sua confortável poltrona da sala de mídia.

Rudolf não teria chance contra Chacal. Ninguém tinha, caso as lendas fossem reais.

Logo, preparou sua fuga, a única escolha ao se deparar com bichos-papões invencíveis. Sim, um dos motivos pelo qual o assassino eludia as autoridades era também sua maior fraqueza.

Não foi fácil descobrir a verdade por trás daquela mascara vulpina. Pelo contrário, quase morreu ao saber que Chacal usava dublês e sósias, verdadeiras máscaras humanas para cometer seus crimes vis. Das finas telas, notou-os causando mortes desnecessárias.

Apenas pelo prazer de matar.

Inocentes, como o bartender. Culpados, como um famoso traficante de drogas. Espectadores de várias origens e classes. Sem distinção, todos caíram perante a ele. Alguns de olhos abertos; outros, fechados. A morte pediu passagem no primeiro andar do pub.

Tirado do transe pela movimentação dos soldados do subsolo, agiu rapidamente. Entrou no sistema de segurança do prédio e, digitando que nem um louco, ativou o comando de segurança para inutilizar os elevadores.

Grades também desceram no acesso às escadas. Santo Rudolf e seus avanços tecnológicos. Na câmera superior esquerda, viu um dos chacais com a perna prensada devido à sua pequena interferência.

— Nada mal para um hacker. — Noor se debruçou sobre sua cadeira, sorrindo. O vestido não tinha decote, o que também não escondia sua beleza. — Onde é esse corredor?

Apontou para a parte inferior, onde cinco chacais ficaram do lado de dentro do pub. Um sexto, sem conseguir tirar sua perna prensada, fora presa fácil aos leões-de-chácara de Rudolf.

— Dois andares acima. — Se sentiu orgulho em ser profissional.

— Marina, Irvine, Rasputin e Noor, comigo. — Rudolf engatilhou uma escopeta. — O resto, espalhem-se. E protejam essa maldita sala! — O dono do estabelecimento apontou para Lestrade. — A polícia deve estar vindo. Temos menos de dez minutos para apagar tudo, resolver o problema e dar no pé. Consegue fazer isso, Les?

— Apagar dados de mais de seis anos em dez minutos?

— Demais para seu caminhãozinho?

— Só preciso de cinco. — Lestrade rodopiou na cadeira e voltou a digitar insanamente.

— Rudolf, acho melhor eu ficar e coordenar a segurança desse andar. — Noor, já com a arma na mão esquerda, meneou a cabeça para o restante do ambiente. — Ou vai confiar nesses brutamontes? Eles são de baixo calibre.

Rudolf não disse nada. A única voz ouvida em meio aos tiros foi de um dos capangas. Um de pavio curto e de uma masculinidade frágil.

— Como é?

Noor piscou os olhos. Serena, sem dar indício algum no rosto, girou sua pistola e apontou para as genitálias do homem. Os movimentos rápidos, sem olhar para trás, pegaram muitos de surpresa. Ainda mais quando o gigante sentiu o cano gélido do silenciador nos testículos.

— Acho melhor você seguir o Rudolf.

Noor nem sequer deu ao trabalho de encarar a ameaça. Ou será que ela não via o homem que era o dobro dela como uma? Ela podia ser alta, cerca de um metro e setenta, mas o irritadinho batia a testa no portal da porta.

O ChacalOnde histórias criam vida. Descubra agora