Casa de Davina Ryan. Londres, Inglaterra. Outubro de 2018.
Surpresa. Nenhuma outra palavra seria mais apropriada para descrever o rosto de Lestrade ao ver que a porta fez menos barulho do que imaginava. Sorte ou azar? Não importava. Com Davina apontando seu rifle para a porta, ele correu na ponta dos pés e pegou sua pasta.
Não sem antes dar uma leve olhada na rua. O líder dos invasores falava no celular com alguém. Achamos o quarto homem.
O suspiro de alivio de voltar para a segurança do quarto do pânico misturou-se com o olhar questionador de Davina. Não era para um dos invasores arrombar a ponta, armado e perigoso, para lidar com a possível ameaça?
As câmeras não mentiam. Na cozinha, ele cantarolava e assaltava a geladeira em um claro ato desrespeitoso e antiprofissional. Não condizia em nada com as ações de minutos antes.
— É a nossa chance. — Davina empunhou a arma e deu os primeiros passos para o piso frio do escritório. — É agora ou nunca.
— Não terei como rastrear ele uma vez que sairmos daqui. — Lestrade segurava a pasta como uma arma. As extremidades serviriam como uma marreta, o restante, como uma frigideira. — Por motivos óbvios.
— Não se preocupe. Eu tenho...
Sua nova parceira não terminou a frase. Quando ela abriu a porta para a sala de estar, o homem mascarado que estava de costas para eles se virou ao ouvir o barulho das dobradiças. Lestrade só teve tempo de arregalar os olhos.
Já Davina deixou a memória muscular agir. Com um passo impensado, ela girou o corpo para acertar um chute na boca do estômago do mascarado, tirando-lhe o fôlego e o empurrando para trás.
Uma pena que havia uma mesa de vidro no caminho para ele tropeçar. Todavia, o som de seu corpo pesado quebrando o vidro foi abafado pela música da rádio que o maldito mercenário da cozinha escutava.
O mercenário ameaçou levantar, mas Davina, que parecia a personificação de um anjo da vingança, enlaçou seus dedos na cabeleira curta e quebrou a máscara, nariz, olhos e rosto com uma forte joelhada. Para finalizar, ela desferiu uma boa coronhada no homem e ele apagou sem muita resistência.
Davina ergueu a metralhadora e caminhou em direção as escadarias para o segundo andar, ignorando completamente Lestrade e o que ele estivesse fazendo. Toda a sua atenção estava focada em uma única coisa: abater os destruidores de seu santuário.
Sem pensar duas vezes, Lestrade puxou o braço da mulher, impedindo-a de prosseguir. Ele encarou a fúria mortal nos olhos dela. Engoliu em seco e apontou timidamente para porta da rua com o polegar.
— Não precisamos enfrentá-los — sussurrou. — Temos uma rota de fuga, podemos...
Davina trincou o maxilar. Ela queria ignorar o pedido e matar todos os invasores, mas Lestrade tinha razão. Colocar a segurança deles em risco em detrimento de uma vingança era contraprodutivo. Um dia ela a teria, se vingaria do mandante daqueles jogos assassinos, não contra mercenários mequetrefes.
Ela anuiu e deixou a fúria se acalmar. Então, indicou para que ele fosse na frente.
Quando Lestrade abriu a porta da rua, deparou-se com uma arma apontada para sua cabeça.
— Finalmente. — A voz do líder era modulada por um computador. Ainda assim, era possível perceber maneirismos. Uma pena que o especialista não se encontrava no continente. — Lestrade Di Laurenti, a minha mercê.
O tempo passou em silêncio. Suor se formou na testa de Lestrade e as pernas tremeram em antecipação, forçando-o a se ajoelhar. Tentou, sem muito sucesso, proteger o rosto e o torso com a pasta.
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O Chacal
ActionChacal. Ele é um mestre do disfarce, uma lenda temida pela polícia que causa arrepios até nos melhores espiões. Ele jamais deixou um alvo viver. Exceto Lestrade. Lestrade di Laurenti estava no lugar errado, na hora errada. Não era para ele presencia...