Capítulo 12

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Casa de Davina Ryan. Londres, Inglaterra. Outubro de 2018.

Surpresa. Nenhuma outra palavra seria mais apropriada para descrever o rosto de Lestrade ao ver que a porta fez menos barulho do que imaginava. Sorte ou azar? Não importava. Com Davina apontando seu rifle para a porta, ele correu na ponta dos pés e pegou sua pasta.

Não sem antes dar uma leve olhada na rua. O líder dos invasores falava no celular com alguém. Achamos o quarto homem.

O suspiro de alivio de voltar para a segurança do quarto do pânico misturou-se com o olhar questionador de Davina. Não era para um dos invasores arrombar a ponta, armado e perigoso, para lidar com a possível ameaça?

As câmeras não mentiam. Na cozinha, ele cantarolava e assaltava a geladeira em um claro ato desrespeitoso e antiprofissional. Não condizia em nada com as ações de minutos antes.

— É a nossa chance. — Davina empunhou a arma e deu os primeiros passos para o piso frio do escritório. — É agora ou nunca.

— Não terei como rastrear ele uma vez que sairmos daqui. — Lestrade segurava a pasta como uma arma. As extremidades serviriam como uma marreta, o restante, como uma frigideira. — Por motivos óbvios.

— Não se preocupe. Eu tenho...

Sua nova parceira não terminou a frase. Quando ela abriu a porta para a sala de estar, o homem mascarado que estava de costas para eles se virou ao ouvir o barulho das dobradiças. Lestrade só teve tempo de arregalar os olhos.

Já Davina deixou a memória muscular agir. Com um passo impensado, ela girou o corpo para acertar um chute na boca do estômago do mascarado, tirando-lhe o fôlego e o empurrando para trás.

Uma pena que havia uma mesa de vidro no caminho para ele tropeçar. Todavia, o som de seu corpo pesado quebrando o vidro foi abafado pela música da rádio que o maldito mercenário da cozinha escutava.

O mercenário ameaçou levantar, mas Davina, que parecia a personificação de um anjo da vingança, enlaçou seus dedos na cabeleira curta e quebrou a máscara, nariz, olhos e rosto com uma forte joelhada. Para finalizar, ela desferiu uma boa coronhada no homem e ele apagou sem muita resistência.

Davina ergueu a metralhadora e caminhou em direção as escadarias para o segundo andar, ignorando completamente Lestrade e o que ele estivesse fazendo. Toda a sua atenção estava focada em uma única coisa: abater os destruidores de seu santuário.

Sem pensar duas vezes, Lestrade puxou o braço da mulher, impedindo-a de prosseguir. Ele encarou a fúria mortal nos olhos dela. Engoliu em seco e apontou timidamente para porta da rua com o polegar.

— Não precisamos enfrentá-los — sussurrou. — Temos uma rota de fuga, podemos...

Davina trincou o maxilar. Ela queria ignorar o pedido e matar todos os invasores, mas Lestrade tinha razão. Colocar a segurança deles em risco em detrimento de uma vingança era contraprodutivo. Um dia ela a teria, se vingaria do mandante daqueles jogos assassinos, não contra mercenários mequetrefes.

Ela anuiu e deixou a fúria se acalmar. Então, indicou para que ele fosse na frente.

Quando Lestrade abriu a porta da rua, deparou-se com uma arma apontada para sua cabeça.

— Finalmente. — A voz do líder era modulada por um computador. Ainda assim, era possível perceber maneirismos. Uma pena que o especialista não se encontrava no continente. — Lestrade Di Laurenti, a minha mercê.

O tempo passou em silêncio. Suor se formou na testa de Lestrade e as pernas tremeram em antecipação, forçando-o a se ajoelhar. Tentou, sem muito sucesso, proteger o rosto e o torso com a pasta.

O ChacalOnde histórias criam vida. Descubra agora