Capítulo 30

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Milão, Itália. Março de 2012

Noor estava cansada. Não era um pombo para se contentar com migalhas, mas isso foi o que conseguiu ao longo de cinco anos imergindo na escuridão do planeta, fermentando as desgraças ao redor do globo em prol de um elusivo mestre. Realmente havia achado que Pandora lhe levaria a informações a respeito de Protagonista e Antagonista, de quebra fornecer Chacal de bandeja, porém ela não teve sorte.

Cinco malditos anos. Agora, com a pistola em punho, ela espiou para fora do elevador e entrou no corredor, examinando o local vazio, mal iluminado e envolto em vidro. Apontou para a esquerda e para a direita de maneira cautelar, evitando denunciar sua posição. Somente ao se sentir confortável com o silêncio, foi que ela saiu lentamente enquanto arrastava o corpo de um dos seguranças do prédio.

Ele estava no lugar errado, na hora errada. Não imaginou que edificações com negócios prósperos nos primeiros andares, tinham sentinelas aguçados nas habitações mais superiores. Áridos, os corredores desocupados e com potencial negligenciado não deveriam investir em guardas. Talvez câmeras, pois aqueles tipos de homens jamais seriam páreos a assassinos como ela.

Grunhindo com o incômodo de arrastar um cadáver, Noor jogou o corpo em um canto onde não a incomodaria ao entrar em uma sala; a posição inerte do morto permitiu que a pequena luz se formasse sobre o buraco ensanguentado que se centrava na sua cabeça. Havia imitado o MO de Chacal, cobriria melhor seus rastros dessa maneira.

Deixando cair a mochila preta que carregava ao lado do cadáver, Noor examinou seu ponto de vista. Havia uma vantagem em chegar mais cedo do que deveria e, como diziam os instrutores, analisar suas opções. Preparação era meio caminho andado para o sucesso.

Quando ela retirou o estojo compacto do rifle de precisão, uma caixa preta menor saltou para fora. Com interesse, Noor deixou de lado sua maleta enquanto abria a caixa contendo óculos de realidade aumentada, criado especialmente aos atiradores de elite.

O bilhete era claro como água. Presente de C.

Por fim retirou o celular e acessou o aplicativo Pandora, lá informações diversas sobre o alvo apareciam. Contudo, o foco dela não era matar o loiro de olhos heterocromáticos suspeito de identificar Chacal, e sim de força-lo a fugir.

Noor, você pode me ouvir? — Ecoou a voz de Ainsley no ponto eletrônico posto no ouvido após ela retirar o celular.

— Talvez. — Noor respondeu, ajoelhando-se no chão e abrindo o estojo do rifle de precisão, montando-o peça por peça — Eu também posso estar fingindo que estou ouvindo você.

Ainsley deu um riso, quase imperceptível devido a leve estática enquanto ela colocava as peças restantes da arma em sua estrutura principal.

Lestrade viu Chacal e agora o Pandora está colocando sua cabeça a prêmio. — Não sabia onde Ainsley estava, mas provavelmente seguia o comboio que trazia Lestrade de volta ao hotel após seu segundo depoimento. — Seriamos muito ingênuas em acreditar que não há correlação.

— Algo aconteceu, Ainsley. — Noor comentou, suas mãos se firmando contra o vidro à sua frente, colocando cuidadosamente o cortador de vidro na área que ela havia medido. — Chacal não é alguém que manda alguém fazer seu trabalho sujo, ele é o trabalho sujo.

O amiguinho do seu namorado comentou sobre Richard Bedford, Protagonista e Antagonista em seu depoimento. — Ainsley disse por alto, quase indiferente.

— E como conseguiu isso? Que eu saiba não temos infiltrados em Milão.

Nada que uma blusa decotada, seios fartos e um soldado tarado não resolvam. — Antes que Noor a recriminasse devido as regras de não matar policiais, Ainsley continuou. — E não, ele não morreu. Só está desacordado em um canto, sonhando em como seduzir uma ruiva.

O ChacalOnde histórias criam vida. Descubra agora