St. Lukes Mews. Londres, Inglaterra. Inverno de 2010.
Havia quase três anos que Stella abandonou Lior em busca de um assassino. O trabalho era exaustivo, o pagamento irrisório, mas durante aquele tempo conseguiu o impossível: com o apoio da divisão de elite, comandada por Pardal, ela fez toda a Ordem dos Assassinos aceitar um contrato.
Dizer em voz alta o nome da organização dava arrepios na espinha, assim como a ruiva atlética sentada a seu lado. De longe, a mulher perecia uma belíssima personal trainer, com olhos azuis encantadores. Mas de perto, Stella sabia bem, ela era uma verdadeira assassina, que conhecia diversas formas de como matar uma pessoa.
— Tem certeza que ele está aqui, Noor?
— Segundo a divisão de informação, sim, Ainsley. — Ela engatilhou uma Glock 17M, a pistola padrão da polícia metropolitana. — Ele está disfarçando seus assassinatos como um serial killer para despistar a polícia. Mas é ele.
— Certo, sou seu suporte e a operação é sua. — Ainsley fitou a entrada de uma ruela, quase imperceptível à noite londrina. — Sabia que aquela ruela foi cena do filme Simplesmente Amor? Gosto bastante...
— Foco. — Noor ordenou, mas Ainsley já estava destravando o coldre da Beretta modificada presa à cintura.
— Estou sempre focada. — Respondeu a parceira, encarando o movimento da rua e das câmeras com a visão periférica.
Ainsley sabia todos os pontos de vantagem, de estrangulamento, possíveis rotas de fuga... Não à toa era uma das dez melhores caçadoras do planeta. Uma das duas mulheres presente na lista dos cinco maiores assassinos ainda ativos.
Noor al-Malik era a outra.
— Quando terminar aqui, vai voltar para os braços de Lior? — Ainsley cruzou as pernas protegidas pelas calças de couro.
— Se ele me aceitar. — Noor não queria pensar nele, não quando estava tão perto de capturar o homem que o tinha ferido. — Eu o abandonei na hora que ele mais precisou.
— Para deixá-lo livre de um assassino que elude toda a ordem por mais de dois anos. — Ainsley franziu o cenho. — Sinceramente. Depois de Chacal, eu coloco seu oni no topo da lista, apesar de achar o Wu Ming melhor. Aliás, nem sei por que ele está obedecendo ordens de nosso infame número um.
— Falando em Chacal... Alguma notícia dele?
— Não e isso me deixa inquieta...
Ainsley não completou o que ia falar, pois viu um carro Dodge Charger antigo descer a avenida e virar na famosa ruela. Ela retirou a preciosa Beretta do cinto tático e abriu a porta do carro.
— Fique atenta. — Bateu a porta com certa violência. — Talvez precise de você. — Tocou no ouvido para mostrar um ponto eletrônico.
— Certo. — Noor acionou o seu.
Noor revirou os olhos e deixou a assassina atravessar a rua antes dela mesma sair do veículo popular que escolhera. Do lado de fora, aconchegando-se no sobretudo amarrado à cintura, retirou a pistola e ficou à espera.
Ainsley era uma das poucas assassinas da Ordem que não conhecia o mundo mágico. Talvez não acreditasse, devido a sua habilidade inata de anular qualquer tipo de magia. Noor não tinha esse luxo. Para enfrentar os pesadelos ou os monstros que assolavam os romances, ela sempre precisou ser criativa.
As balas da pistola e os bastões tinham runas encrustadas. Em suas mãos, havia tatuagens rúnicas, de quando entrou em um coven de bruxas para ter acesso aos poderes delas.
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O Chacal
ActionChacal. Ele é um mestre do disfarce, uma lenda temida pela polícia que causa arrepios até nos melhores espiões. Ele jamais deixou um alvo viver. Exceto Lestrade. Lestrade di Laurenti estava no lugar errado, na hora errada. Não era para ele presencia...