Capítulo 25

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Hotel Serrafiore. Monte Carlo, Principado de Mônaco. Dias Atuais

Sob o pôr do sol alaranjado, Davina retirou um estojo de maquiagem e o espalhou em cima da pia de mármore. Tinha que começar cedo as preparações, pois seu adorável marido avisou em cima da hora, durante o aconchego na cama, que iriam ao cassino do hotel à noite.

Lior os convidara para se sentar à mesa ao lado do acionista majoritário da Vault. Achou um milagre ter feito seu cabelo a tempo e não havia nada que uma maquiagem não resolvesse, mas queria ter tempo para uma preparação maior. Suspirou fundo. Se podia lidar com assassinos implacáveis, tiraria de letra os caprichos do hacker.

Batidas na porta fizeram a atenção dela se voltar para Lestrade carregando em dois dedos o cabide com o smoking ainda enrolado no plástico.

— Obra sua? — Indagou com um sorriso. Sem a barba, o rosto liso e macio de Lestrade rejuvenesceu quase vinte anos. Nem parecia o homem cansado e maduro de outrora.

— Sim — respondeu, arqueando os lábios no canto esquerdo da boca, em um sorriso malicioso. — Há smokings e smokings — enfatizou. — Esse é um dos melhores. Você precisa parecer um homem que pertence aos grandes nomes da sociedade.

— Eu tenho uma surpresa para você também. — Ele sumiu e reapareceu, carregando nos dedos um vestido embrulhado e o pendurando na porta. Davina arregalou os olhos, encarando o tecido antes de fitar os olhos brilhantes e enfeitiçadores do hacker.

— Algo que você espera que eu vista?

— Não posso querer que minha esposa vá vestida para matar? — Lestrade alargou o sorriso.

— Não sei se confio nas escolhas de um homem. Eles tendem a não compreender muito de moda feminina.

— Experimente — rebateu. — Depois diga o que achou.

Ela olhou novamente para o vestido. Era caro, muito caro, daqueles tipos de vestidos usados por herdeiras famosas ou princesas, e isso a levou a um tempo que ela queria muito esquecer.

— Como sabe meu número? — Desconversou e cruzou os braços, encostando o quadril na pia.

— Te medi perfeitamente, no momento que coloquei meus olhos em você. — Ele se aproximou, seus passos felinos e delicados cruzaram o piso frio até estarem a centímetros de distância um do outro. — 85 centímetros. — As mãos gélidas de Lestrade tocaram o busto dela, tirando um suspiro de sua boca. — 62 centímetros. — As mãos deslizaram para a cintura e por mais que ela estivesse vestida, parecia nua sob seus toques. — 87 centímetros. — Ele finalizou nos quadris, trazendo-os para ele em uma firmeza sobrenatural.

— Olho clínico o seu. — Davina abaixou, a boca dele estava a seu alcance.

— Demais. Agora vá se preparar. — Um toque no nariz fino e ele se desvencilhou rapidamente, sumindo pela porta do banheiro e a deixando sozinha para se arrumar.

Quem é que está seduzindo quem? Perguntou-se Davina ao se debruçar no mármore. De esguelha, o vestido convidativo iniciava a segunda fase de um jogo.

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Lestrade aguardava na sala de estar. Ajeitou pela última vez a gravata borboleta preta e o smoking branco que realçava as qualidades do corpo magro. Alfaiataria, sorriu em direção a porta, não fui só eu que te medi de maneira correta, não é mesmo, Davina Ryan? Estava mexendo nas abotoaduras da manga quando a porta se abriu.

A mulher estava irresistível, especialmente naquele vestido vermelho de mesh e lantejoulas. A peça com suas alças finas e decote em forma de coração. Em Davina, aquela roupa demonstrava tanto seu espírito livre quanto sua forma misteriosa, que o atraía para os braços dela e confundia as linhas de suas verdadeiras intenções.

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