Casa de Davina Ryan. Barking, Londres. Inglaterra.
Noor não foi a primeira pessoa a mencionar a máfia albanesa para Lestrade. Rudolf o introduzira, no passado, a alguns representantes. Ávidos para modernizar a criptografia deles, eles eram desconfiados, faziam tudo em família e raramente procuravam ajuda externa.
Se aquele wanker está pedindo nossa ajuda, algo de muito errado está acontecendo no seio da máfia albanesa. E isso, mate, é ruim para os negócios. Seja nostalgia ou os tempos sombrios, Lestrade ouvia na mente as palavras do dono da Dragon's Breath ao alisar a mesa de madeira do escritório de Davina.
Eles ajudaram a velha guarda a proteger seus bens do eterno olho da justiça. Promotores e investigadores bufavam em seus cangotes, fruto da vida extravagante da nova geração. Rolex, carros importados, exibição nas redes sociais... Ermal e seu conselho enfrentavam um problema sério.
Todavia, enquanto esperava no escritório de Davina, jamais imaginou uma mulher no topo do poder deles. Os tradicionalistas e céticos sempre foram contra mulheres assumirem cargos de chefia. Para eles, o lugar delas era a cozinha e no lar. Sem contar que Davina era britânica, sem os valores da cultura albanesa.
Uma pitada de curiosidade surgiu. Ele tinha que conhecer mais sobre a mulher por trás da lavagem de dinheiro daquela facção.
Sentado, com as pernas cruzadas, retirou sua pasta dos ombros e olhou o decoro. Os porta-retratos evidenciavam a passagem de Davina pela Albânia, fotos dela com o conselho e alguns passatempos. Parecia ter experiências com paraquedismo, alpinismo e corrida de resistência.
Contando com as aulas de defesa pessoal também.
Atrás da grande e confortável poltrona era possível enxergar a entrada da rua, o caminho tomado pelas crianças e, claro, a maldita van, a mesma que vira em Whitechapel. Quantas vans escuras existiam em Londres? Quantas delas eram uma Sprinter sem placa? A paranoia voltou a lhe atacar.
Mas seria mesmo paranoia quando era verdade? Engoliu em seco. Como eles sabiam que ele estava ali? Havia feito de tudo para evitar perseguições, mas o maldito veículo estava lá.
Era como se fosse rastreado por algo sobrenatural. Era a única explicação.
Benzeu-se e fez uma oração silenciosa. Um pequeno pai nosso. Não era muito religioso, mas vai que funcionasse? Doaria algo para a Igreja depois se as preces fossem ouvidas.
O tique-taque dos sapatos no linóleo anunciou a chegada de Davina. Em um casaquinho xadrez cinza, uma saia executiva curta e a meia-calça escura, ela demonstrava elegância, profissionalismo e um toque de sensualidade.
O sorriso não o enganava. Muito menos as roupas escolhidas a dedo.
— Me surpreende uma estrangeira ser a responsável pela movimentação do dinheiro da máfia albanesa.
— Sou herdeira de uma financeira e meu finado marido precisava de uma mãozinha para lavar seu dinheiro. — Ela pegou uma foto e sorriu. — Quando ele morreu, eu mantive a empresa de pé.
— Sem filhos?
— Não. — Ela passou para trás uma mecha fina de seus cabelos ondulados, que ia até um pouco abaixo dos ombros. — Minha enteada é casada com meu instrutor e ele não entende nada de negócios. Ela também não, fez moda.
— Ah... — Lestrade abaixou a cabeça em respeito. — Entendo.
Ela sentou na ponta da mesa e cruzou os braços.
![](https://img.wattpad.com/cover/364506279-288-k808386.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Chacal
AksiChacal. Ele é um mestre do disfarce, uma lenda temida pela polícia que causa arrepios até nos melhores espiões. Ele jamais deixou um alvo viver. Exceto Lestrade. Lestrade di Laurenti estava no lugar errado, na hora errada. Não era para ele presencia...