Capítulo 26

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O único motivo para Demétrius ter se tornado um detetive renomado era a capacidade de ver o grande quadro. Quais os motivos para um ricaço ligado às famílias nobres da Europa ajudar um fugitivo da polícia? Não foi difícil pedir para Sunil, através de promessas, rastrear as conexões entre Lestrade di Laurenti e Lior Romanov.

Assobiou ao ver as peripécias do príncipe Lior.

Depois, voltou atrás. Estudou o passado em busca de respostas. Não focou na testemunha de dois crimes de Chacal, mas sim em um arrogante e prepotente príncipe com inúmeros atentados a sua vida.

Foi nessa história de vida que veio seu momento eureca.

Os dias que se seguiram à fuga de Lestrade e às informações de Peterson ajudaram ainda mais a força-tarefa. Sob a paz gratificante que lhe permitia trabalhar, pesquisar, ler relatórios e depoimentos, ele encontrou seu quebra-cabeça.

A primeira peça que encontrou foi o nome de Davina Ryan em uma lista confidencial para os agentes com alto nível de autorização. E ele havia adquirido a autorização quando se tornou o líder da força-tarefa. Depois veio Noor al-Malik. Por fim, trazido por Juneau, os dois depoimentos de Lestrade sobre as mortes de Richard Bedford e Angélica Rodrigues.

Com todas as peças e o dossiê de Lior, não era difícil montar um quebra-cabeça.

As últimas peças se chamavam Protagonista e Antagonista. Também havia o aplicativo para assassinos, Pandora. Seriam os Protagonista e Antagonista seus principais membros?

Queria tanto ter acesso aqueles celulares...

A luz para o fim do túnel, no entanto, surgiu quando Juneau comentou sobre um hacker capaz de acessar os sistemas do Pandora caso eles entregassem o site. Bastou uma ligação, alguns cliques e programas para descobrirem de onde se originava o sinal do site.

Hotel Serrafiore, Mônaco.

Logo, depois de um avião até Nice, um ônibus até Mônaco e uma passada no primeiro botequim de esquina para deixar um rim, ele se encontrou no Serrafiore. Mesmo hotel onde Lestrade e Davina haviam se hospedado. Coincidência? Duvidava disso. Ainda se lembrava do velho ditado.

Tudo estava conectado.

— Ela está escondendo algo — Juneau afirmou ao analisar a rápida saída de Davina.

— Espiões como ela sempre escondem. — Demétrius tomou o restante da taça, fitando a mesa para onde a espiã se dirigia. — Ei, Juneau. — Demétrius cerrou os olhos quando viu a movimentação de três homens suspeitos no saguão. — Aqueles não são membros da máfia albanesa? Lembro de ter visto eles no dossiê...

Shit. — Juneau só faltou saltar do banco. — O que eles estão fazendo aqui?

Demétrius não pôde responder. Não pôde prestar atenção em como o homem gigante, cujo terno mal continha seus músculos, apontava uma pequena arma para as costas de Davina, pois uma mulher de ascendência indiana surgiu cruzando o cassino.

O cabelo chanel curto até a boca, o vestido branco de um ombro e bainha assimétrica que delineava suas curvas atléticas, a decisão de seus passos... Tudo a marcava, a deixava notável. De perto, ela parecia mais alta. Seria os saltos? Ou a autoconfiança?

Não importava. Noor al-Malik dava o ar da graça no Serrafiore.

— Eu vou atrás de Davina se você não agir. — Juneau lhe tirou do transe. — E alguém tem que ficar de olho em Lestrade.

— Fique você. — Demétrius não queria ficar ao lado daquela mulher. Não queria estar protegendo alguém com ela por perto. Se distrairia demais. — E aviso, al-Malik está aqui.

O ChacalOnde histórias criam vida. Descubra agora