Aeroporto de Heathrow. Londres, Inglaterra.
Para Demétrius, Davina era uma pessoa bem agressiva. Na verdade, ela incorporava o clichê da mulher que mais se assemelhava a um exército. Percebeu muito bem quando foi lançado ao chão e perdeu o ar dos pulmões devido ao impacto das costas no chão. Sua nuca ainda bateu no piso sujo.
Ele tinha certeza de que teria um galo na cabeça até a noite.
Nos segundos perdidos, tanto pela tontura quanto pela falta de ar, ele quase sofreu uma finalização. A mafiosa o envolveu com as pernas longas como uma serpente. Ele sentiu os bíceps se rasgarem conforme ela aumentava a pressão nas pernas, preparando-se para puxar o braço dele e finalizar a chave de braço. Caso demorasse, hematomas seriam o menor de seus problemas.
Podia ser um falso magro, estar longe dos treinos, mas não era um inútil. Se tinha uma coisa que aprendeu nesses anos todos era ser pragmático. Logo, antes de ter seu braço deslocado, cravou os dentes na panturrilha dela. Tiraria um bom pedaço se ela não lhe largasse.
Os gritos agudos dela foram músicas para os seus ouvidos, porém, Davina era mais resiliente do que ele gostaria. Ela recolheu uma das pernas, mas se manteve agarrada ao braço dele. Demétrius, vendo sua chance de escapar, girou no chão e tentou se levantar ao puxar o braço entre urros de desespero.
Davina sorriu. Ele havia caído em sua armadilha.
Oh, hell.
Demétrius arregalou os olhos quando se viu dentro da guarda dela. Davina não perdeu tempo para envolver as pernas no pescoço do detetive e apertar com as coxas firmes. Ela também puxou o braço dele para mais perto de si para evitar que ele escapasse, e observou com alegria conforme o rosto do policial ficava vermelho como um pimentão.
Novamente, o instinto de sobrevivência de Demétrius falou mais alto. A visão já estava quase escura e o corpo fraco quando ele se agarrou a um fio de esperança. Agarrou-se com toda a força que ainda tinha ao único pensamento que ainda conseguia manter no vazio cada vez maior da mente.
Ele levou a mão livre ao bolso, retirou uma caneta e a enfiou violentamente no ânus da mulher. Não era difícil achar o local, nem ser um grande conhecedor de anatomia para entender o pulo que Davina deu ao largá-lo.
Como era bom respirar ar fresco. A lancinante dor de cabeça e o pescoço vermelho berravam para a mente o quanto ele estava fora de forma, mas o sorriso vulpino surgiu no rosto ao vê-la massageando a bunda.
— Gostou do exame? — Tossiu algumas vezes, a garganta estava seca e a saliva descia queimando. — Fiz com você o que todo homem teme quando chega aos quarenta.
— Você deveria ser James Bond para ser piadista dessa maneira. — Ela ajeitou a postura. Tinha noções muito boas de técnicas do chão e imobilização. Jiujiteira. — Pensei que detetives fossem certinhos, mas você daria um bom agente dos serviços de inteligência.
— Sou um caso à parte. — Ele umedeceu os lábios secos. — Eu teria sido derrotado se eu não tivesse trazido uma caneta.
— Vejo que não tem vergonha em sobreviver. Meu respeito cresce por você, detetive. — O jeito dela, as mãos postas à frente como facas... Aikido? Krav Maga? Quantas artes marciais essa mulher sabe?
— Não sei se fico lisonjeado ou ofendido. — Ele deu um sorriso debochado.
— E eu não tenho culpa se eu não esperava ser atacada em um aeroporto. — Ela cerrou o olhar. — Ainda mais por um policial.
— Basta se render. — Demétrius deu de ombros. — Adoro uma conversa, sabia? Regada por um chá então...
— Sabe que isso não vai acontecer. Não enquanto Lestrade estiver sendo perseguido. — Davina resmungou.
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O Chacal
AksiChacal. Ele é um mestre do disfarce, uma lenda temida pela polícia que causa arrepios até nos melhores espiões. Ele jamais deixou um alvo viver. Exceto Lestrade. Lestrade di Laurenti estava no lugar errado, na hora errada. Não era para ele presencia...