Sala da Superintendente Strike. Londres, Inglaterra.
Nem nos maiores sonhos de Demétrius, ele imaginou estar recostado em uma das mais confortáveis poltronas na qual teve o prazer de sentar. Fechou os olhos e sentiu o aroma, o vapor da xícara de seu chá da tarde inebriando todo o corpo, ignorando as recriminações exacerbadas de Strike.
Em pé, a superintendente, devidamente uniformizada, se destacava contra o horizonte londrino. Não iria negar a imagem sedutora como plano de fundo, ainda mais naquele crepúsculo maravilhoso, onde o pavilhão, talhado e envidraçado, transformava-se em um farol azul brilhante.
Imagem era tudo para a Met. Quando uma força tarefa não demonstra resultados nas primeiras horas em que foi formada, cabeças rolavam. Sem contar a ambição de Strike: não duvidaria que ela usasse a plataforma da polícia para lançar uma candidatura à prefeitura de Londres.
Por um momento, Demétrius sentiu a escala de sua insignificância no mundo. Tinha um currículo que padecia em comparação aos outros, pois Smith parecia um homem capaz de matar outro apenas com o polegar. Croft era suave, simpático. Era fácil baixar a guarda e revelar seus segredos mais vis perto dele.
E subestimar uma agente da Interpol que colocava a mão na massa, envolvendo-se em operações do nível da força-tarefa... bem, só se fosse louco. Logo, voltou a se fazer a pergunta.
Por que eu? O que eu fiz para liderar essa força tarefa?
Uma pena que Strike não estava nem aí para seus devaneios.
— Então, deixa eu ver se entendi. — A superintendente Strike olhou por cima dos ombros. — Quer dizer que não tem ideia dos autores dos ataques ao Dragon's Breath e da morte dos armênios?
— Não, mas sabemos o motivo. — Juneau já havia dispensado o blazer e só mantinha as calças sociais e a camiseta branca. — Ele.
Apontou para o retrato falado em cima da mesa de madeira.
— Lestrade Di Laurenti, hacker extraordinário. Nível elite. — Cruzou os braços delineados. — O nome dele está em um fórum na dark web com uma recompensa de quase dez milhões e contando.
— E contando? — Strike arqueou uma sobrancelha.
— A cada tentativa falha de alguém, o preço sobe. — Juneau cerrou os lábios.
— Bloody Hell. — Demétrius quase riu quando Strike xingou.
— Lestrade sumiu há seis anos depois de presenciar um crime bárbaro em Milão. — Croft tomou a palavra após bebericar o chá ainda quente, ocultando o rosto no vapor da xícara. — Ele é a única testemunha viva de um crime do Chacal.
O silêncio que se formou na sala foi ensurdecedor, rompido somente pelo engasgo de Juneau na própria saliva. Outrora uma carranca contínua, o rosto de Smith empalideceu mais do que o comum. Strike arregalou os olhos, claramente incrédula.
Demétrius era o único que não entendia. Chacal? Quem era esse? Como se escutasse seus pensamentos, Croft colocou a xícara em cima do pires.
— Chacal, o maior assassino de todos, uma lenda capaz de matar testemunhas guardadas a sete chaves. Ninguém nunca viu seu rosto, os que conseguiram, jamais viveram para contar a história.
— Você não pode ter certeza que é sobre ele. Você sabe quantos rumores os serviços de inteligência têm que lidar anualmente sobre Chacal? — Smith fungou. — Quase todos falsos.
— Você disse bem, Smith. — Croft rebateu. — Quase todos.
A tensão entre os representantes era real. Para Croft estar em pé de igualdade a Smith... Demétrius sentia uma curiosidade mórbida de saber de onde ele viera.
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O Chacal
حركة (أكشن)Chacal. Ele é um mestre do disfarce, uma lenda temida pela polícia que causa arrepios até nos melhores espiões. Ele jamais deixou um alvo viver. Exceto Lestrade. Lestrade di Laurenti estava no lugar errado, na hora errada. Não era para ele presencia...