Sete

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Kurama

Acordei cedo, umas dez da manhã mais ou menos, fiz minhas higienes, optei por um short e uma regata pois hoje estava fazendo calor, coloquei meu boné, meu perfume de lei e parti pra boca, chegando lá mandei o Black ir buscar um lanche lá na dona Maria pra eu tomar café, o lanche tava cheiroso, como todos o que a dona Maria faz, um pouco depois o Shika e o Uchiha colaram na boca.
— E aí meu parceiro! Tudo na paz? - o Uchiha já foi perguntando.
— Preciso de tu pra ir resolver as paradas dos novos carregamentos de armas, quero abastecer legal aqui, neguim que quiser invadir vai rodar cedo pro inferno. - eu disse e meu amigo sorriu.
— Pode pá! O patrão é que manda!
— Não baixe a cabeça pra aqueles merda não, tu é meu sub e na minha ausência tu que é o patrão.
— Pode pá! Eu vou fazer bonito lá com os mafiosos. - ele diz e logo sai dali, e o Shika senta e fica observando uns papéis de contabilidade.
— Aí Shika, depois daquele momento a Hinata foi direto pra casa né? - disse mordendo o meu sanduíche gostoso pra caralho.
— Ela só passou numa barraquinha de lanche e pediu um sanduíche fiado, mas o tio não liberou pois disse que o Neji já estava devendo um absurdo lá. - foi só ele dizer isso e minha vontade de comer passou na mesma hora, parecia até que a comida estava inchando na minha boca.
— E aí? Ela foi pra casa sem comer nada? - perguntei, me lembro que ontem quando ela chegou do trabalho foi direto pra escola, e depois foi enquadrada por mim, e se por acaso ela apareceu toda bagunçada daquela maneira no baile, é porque não teve tempo de nada além de ir atrás do irmão, a mina passou pelo maior perrengue ontem e devia estar com a maior fome.
— Patrão ela foi sim, e inclusive foi o caminho todo segurando na barriga como se estivesse com fome, deu até pena, com todo respeito.
— E por que tu não pagou o lanche pra ela seu caralho?
— O patrão vai me desculpar, mas eu tenho amor a vida, não iria pagar lanche e nem outra coisa pra fiel do meu patrão.
— E onde ela está agora? Vou mandar deixarem comida na casa dela.
— Ela levantou cedo e foi pro asfalto, a mina sempre sai umas quatro ou cinco da manhã, e agora a mesma está lá, eu só não colei nela hoje porque tinha que organizar esses papéis pra o senhor, mas o Sai tá lá zelando pela segurança dela.
Ele disse e eu me levantei zangado, fui até o quartinho e o destranquei, ficando cara a cara com o filho da puta do Neji, que tava com a maior cara de ressaca e segurando as mãos na cabeça. — Você vai me matar? Por favor, eu não quero morrer. - o covarde já foi dizendo.
— Tu tem muita sorte de ter nascido irmã da Hinata, mas não abusa da sorte não, próxima vez que eu souber que tu tá tentando fazer rapa com os trabalhador do meu morro tu vai passá reto, e não vai ter irmãzinha nessa porra que te salve.
— Eu sei que eu sou o maior vacilão! E só dou trabalho pra minha irmã, mas eu não consigo controlar, quando me dá o doido eu preciso usar a droga, é mais forte do que eu. - o safado diz e começa a chorar.
— Some da minha frente, se tu aprontar de novo, quem vai chorar assim é a Hinata, e o motivo vai ser a tua morte. - eu disse e dei um tiro pra cima e o desgraçado correu igual uma galinha assustada, e juro que a minha vontade era de dar esse tiro na cara dele, o imbecil tinha mesmo muita sorte de ter a novinha como irmã, e já por outro lado, a Hina era quem tinha nascido mergulhada no azar.
Não sei o que era pior pra ela, ter que passar os maior perrengue por causa do drogado do Neji, ou mesmo ter caído na minha mão, por que a novinha veio de pára-quedas pra toca do lobo, e eu devo admitir que eu tô doido de tesão por ela, e inclusive sentindo muita falta de ter aquele corpinho quente gostoso se esfregando em mim, não tem jeito, sorri e peguei meu rádio pra falar com o Lee.
— Fala chefe!
— Fica ligado nos movimentos, assim que a Hinata voltar do serviço, leva ela pra minha casa, quero ela lá sem reclamações.
— Pode pá chefe! Senhor que manda.
Desliguei o rádio satisfeito e continuei na boca resolvendo umas paradas mais urgentes, depois fui reto pra casa, tomei banho e desci até a cozinha, peguei nas panelas pra descolar um rango, o pai tem mãos de fada na cozinha, mas isso é segredo, pois se meus comparsas descobre que eu gosto de fazer comida eu posso correr o risco de perder o respeito que os mesmos têm por mim, o que acarretaria em um tiro dado por mim no meios das fuça deles.
No fim da tarde, a novinha colou no meu barraco trazendo uma mochila a tiracolo, com os olhos fundos e a mó expressão de cansaço estirada na tela, eu me aproximei da mesma e lhe dei um abraço, ela encostou a cabeça no meu peito e suspirou de um jeito bem profundo, e depois passou a visão pra cozinha, como se estivesse sentindo o cheiro da comida, e foi aí que a barriga dela roncou.
— Vem novinha, bate um rango aqui comigo.
Eu disse e ela me seguiu, pedi pra ela se servi e me sentei na ponta da mesa, ela devorou em pouco tempo um prato cheio de comida, eu fiz uma comidinha simples mesmo, arroz branco, feijão com linguiça, macarrão e bife à milanesa, e modéstia à parte estava tudo uma delícia, tô dizendo que o pai é bom em tudo o que faz, e a novinha pareceu adorar tudo o que eu fiz, tanto que até perguntou se podia repetir e eu dei o consentimento para a mesma, que já nem perdeu tempo e foi enchendo novamente o prato, parece até que não comia direito a dias.
— Tava bom? - perguntei olhando pra sua carinha de satisfeita.
— Mó responsa. - respondeu sorrindo, e eu que pela primeira vez a vi sorrindo, pois na maioria das vezes ela está com o semblante cansado ou triste, e isso quando não está chorando, e devo dizer que, na real, eu confesso que adorei ver esse sorriso dela.
Oh moleca bonita da porra!
— Obrigada pela comida! Estava uma delícia, tua empregada cozinha muito bem. - ela disse e eu não desmenti, pois não quero que a mesma saiba que eu cozinhei e pense que eu sou baitola. — Agora eu vou pra escola, tô quase atrasada. - disse já se levantando da mesa.
— Espera eu botar uma camisa que eu te levo. - propus e ela concordou se sentando no sofá, eu fui até o meu quarto e coloquei uma camiseta e peguei minhas chaves, mas quando voltei pra sala tive a maior surpresa.
A Hina estava dormindo no sofá, toda apagada, e logo me toquei que sua expressão de cansaço era por vários motivos e um deles era o sono, resolvi não acordá-la, em vez disso peguei um lençol e a cobri.
Preferi deixar a mina descansar à vontade, pois a mesma está mais do que precisando.
(...)
Hinata
Acordei pela manhã, e percebi que tinha uma bandeja na mesinha ao lado do sofá, nela tinha pãezinhos na chapa e café com leite, mirei o relógio, e vi que o relógio já marcava seis da manhã, e eu já estava mais do que atrasada, a esse momento já era pra eu estar chegando no asfalto, merda, engoli o café, inclusive até queimei a minha língua, calcei meus tênis, e peguei dois pedaços de pão, eu não posso mesmo desperdiçar comida, pois não sei quando novamente irei comer algo decente, meus futuro tão incerto ultimamente, um momento estou tentando seguir a minha rotina, em outro estou lutando contra a morte, com fuzil apontado pra minha cara, ou mesmo apanhando e tentando livrar a cara do Neji, e isso o que aconteceu ontem no baile, além de eu morrer de vergonha, por estar toda suja, e descabelada, ainda tive que pagar de louca por causa do meu irmão, eu devia estar com medo ou mesmo raiva, ou ódio do Kurama, mas acontece que, por mais maldoso e explosivo que o mesmo seja, ele é o único que me estendeu a mão, e eu acho que eu só estou ainda vivendo nesse mundo fodido por causa mesmo dele.
E aí eu apareço naquele baile o mó lokona, fora da casinha legal, quando eu cheguei lá no bailão e passei a visão lá no camarote, senti algo diferente quando o vi com três garotas no seu colo, ambas bonitonas, maquiagem, cabelo arrumado, é esse tipo de garota que o Kurama está acostumado a ficar, e não com uma garota que não tinha tido tempo nem pra tomar um banho e pentear os cabelos, fiquei malzona, me senti inferior, a real é que aquelas patricinhas lá do asfalto estavam certas, o Kurama gosta de garotas que nem elas, tanto que elas estavam lá no camarote bem mais confortáveis do que eu que sou cria da favela, essa história de ser fiel do Kurama é mesmo uma piada na comunidade, tanto que foi dificil até pra geral acreditar, tanto que ele me chamou pra casa dele, e nem tentou fazer nada comigo em relação de sexo, em vez disso me alimentou como a morta de fome que eu sou.
Por isso ele se zangou ao saber que eu tinha inventado essa mentira, pois com certeza eu queimei o filme dele na favela, continuo seguindo com esses pensamentos até o momento em que chego no trabalho, e devo dizer que o mesmo está um pouco diferente por sinal, pois as patricinhas metida a Maria Fuzil, não estavam na mesa de sempre como todos os dias para me infernizar, deviam estar de ressaca ainda por causa do baile, mas isso não era problema meu, dei de ombros e fui enfrentar algo bem pior, os meus patrões.
— Ora! Ora! A madame resolveu dar o ar da graça. - minha patroa disse com deboche e ali eu já saquei que eu estava enrascada.
— Senhora Joana, eu perdi o ônibus, me desculpa por favor, eu prometo que isso nunca mais vai acontecer.
— Não vai mesmo, pois você está demitida! - ela disse e ali eu já comecei a chorar.
— Não, por favor não faça isso dona Joana, durante todo esse tempo eu sempre cheguei na hora certa, deixa passar só esse deslize, prometo que isso não irá mais se repetir. - eu estava implorando, pois não sei o que será de mim, se eu ficar sem emprego.
— Tem dois minutos pra se recompor e cair fora do meu estabelecimento, quando eu voltar do atendimento não quero mais ver essa sua cara de favelada por aqui. - ela disse impassível e pegou a caderneta dos pedidos que antes eu usava e foi para a parte da frente da lanchonete, eu fui até o banheiro, me olhei no espelho e comecei a chorar copiosamente.
— E agora meu Deus, o que eu faço? - perguntei ainda chorando muito.
— Eu também não gostei dessa ideia de demitir você, a melhor parte do dia pra mim era olhar pra você boneca. - me assusto com a voz grossa do meu patrão, entrando e trancado a porta do banheiro atrás de si.
Congelei na mesma hora, pois sempre percebi o olhar nojento do senhor Freitas pra cima de mim, mas ele nunca tinha dito nada, ou feito algo tão nojento quanto o que ele está fazendo agora.
— Se você quiser eu posso passar por cima da ordem dela e te manter aqui, afinal, eu sou o verdadeiro dono dessa espelunca, mas você terá que fazer servicinhos extras a partir de agora, tipo dar uma chupada bem gostosa no meu pau. - ele disse e já foi abrindo o zíper da calça, e eu comecei a gritar.
— SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDAAAA! - eu disse e pouco tempo depois ouvi vozes que vinham do lado de fora, e o senhor Freitas veio pra cima de mim e me deu um tapa tão forte que me fez sentir o sangue na boca.
— Sua vagabunda, você vai me pagar por isso. - ele disse segurando meu cabelo, abriu a porta do banheiro e começou a gritar. — Essa safada estava se oferecendo para mim, em troca de eu deixá-la permanecer no trabalho, mas eu amo a minha esposa e jamais irei ceder a algo assim.
— Mentira! Você me trancou no banheiro e tentou me agarrar. - eu gritei e ele me jogou com tudo no meio da rua, e todo mundo na lanchonete ficou olhando pra mim, alguns com cara de pena, outros com desdém, e eu me sentia horrível.
— Desaparece daqui sua puta da favela! Nunca mais chega perto do meu marido, sua vadiazinha do olho azul. - ela disse e jogou café quente em cima de mim, a sorte foi que eu corri e não me acertou, eu saí chorando na rua e sem rumo, até o momento em que o Shika, um dos vapores do Kurama colou perto de mim.
— Patroa é você? O quê que tá pegando? - ele disse observando o meu estado.
— Fui demitida. - respondi aos soluços.
— Monta aí que eu te levo pra favela. - ele disse me entregando o capacete e eu montei na garupa da moto, em seguida o mesmo partiu rumo a favela, e quando chegou lá, o mesmo queria me levar até o Kurama, porém eu não permiti e pedi que ele me deixasse mesmo em casa.
Mal chegou e já encontro o Neji terminando de quebrar tudo dentro de casa, ele tá em abstinência e quebrando tudo procurando por dinheiro para usar drogas, porém, ele não tem mais nada, e eu muito menos, pois agora nem emprego eu não tenho mais.
— Me dá dinheiro Hina! Me dá dinheiro agora ou te mato! - ele diz apontando uma faca pra mim. — Neji o que é isso, abaixa essa faca agora, eu não tenho dinheiro não meu irmão.
— Irmão é o caralho! Me passa a grana ou tu morre agora mesmo. - ele disse encostando a faca no meu pescoço, logo eu percebi um líquido escorrendo pelo mesmo e percebi que era sangue, o Neji tá muito doido, ele é capaz de me matar aqui mesmo, e só se dar conta do que fez bem depois, eu conheço ele, ele não está no seu juízo normal, tudo o que vem na sua cabeça são as drogas.
— Eu não tenho dinheiro, não tenho nada aqui. - eu disse desesperada.
— Me passa o celular! Ele pediu com os olhos vermelhos e eu entreguei na mesma hora, pois temia pela a minha vida, ele pegou meu lanterninha e me deu um empurrão me fazendo bater forte no chão, e saiu louco para alguma boca fora daqui, pois no morro daqui o Kurama não vende mais pra ele.
Pensando em toda a minha vida eu permaneci no chão e comecei a chorar, foi quando percebi passos caminhando na minha direção, pensei ser o Neji para cumprir com a promessa de me matar, e ali já sem forças eu me entreguei ao meu destino, mas para a minha surpresa, senti o cheiro inconfundível do Kurama, e em seguida ele me colocou em seu colo e eu olhei para seus lindos olhos azuis.
— Relaxa novinha, tu tá comigo agora!

Em dívida - Naruhina Onde histórias criam vida. Descubra agora