Kurama
Acordo com a maior ressaca da porra! Cheirei e bebi demais, e minha cabeça está latejando, mas consigo levantar um pouco e percebo que estou jogado no chão da sala, ao meu redor está uma confusão de litros e pó em cima da mesinha, passo a visão no relógio e vejo que já marca dez da manhã, a Hina ainda não desceu pra limpar a casa, será que ela teve coragem de ir embora e me deixar? Mas pelo menos se ela fosse, viria até mim para se demitir.
Vou direto no meu quarto e tomo um banho bem gelado pra tirar a ressaca da minha cabeça, faço todas as higienes e me visto para ir na boca, porém quando passo pelo corredor perto da porta do quarto da Hinata escuto um espirro seguido de um gemido de dor, desvio os cacos de vidro do litro de whisky que quebrei na porta dela, vai que ela sai com pés descalços e pisa em cima, Deus me livre disso acontecer com ela, então eu afasto tudo para o lado com o pé e bato na porta.
— Hinata! Tu tá bem novinha? - não escuto nada, apenas seus gemidos e uma palavras bem baixinhas que eu não consigo entender, eu tava doidão de ciúme dela, e tratei ela mal, a ponto dela ameaçar de ir embora daqui e eu simplesmente fiquei sem saber o que fazer.
Mas enfim, a chave da porta se abre lentamente, e sou pego na visão da Hina ela volta pra cama e fica toda encolhida embrulhada com um lençol e se tremendo toda de tanto calafrios, ver essa cena parte o meu coração de uma maneira que eu nem consigo explicar, só sei que é uma dor muito forte que parece querer esmagar o meu peito, e eu fico procurando na minha mente se alguma vez na minha vida toda eu já me senti assim, e me toco que algo assim, nunca rolou nem quando eu vi meus pais morrerem, então eu imediatamente me aproximei dela e toquei na sua testa, e percebi que a mesma ardia em febre.
— Puta que pariu! - pronunciei assustado, a mina tava a mó quente, parecia até um vulcão. — Tu tá dodói novinha.
— Ma... mamãe.... não... me... deixa.... - ela fica balbuciando essas palavras com os olhos fechados, acho que a novinha tá é delirando.
Pego meu rádio e passo umas fita pro Shikamaru.
— Fala patrão!
— Ohw Shika! Brota lá na farmácia e traz um termômetro e um dipirona, paracetamol, benegripe, azitromicina, traz os antibióticos da farmácia tudo.
— Coe! O Patrão dava até pra ser médico!
— Coe otário! Eu tô apressado nessa porra! Atividade aí caralho!
— Pode pá! Marca cinco que eu chego! - eu desligo e ajeito o cobertor dela, desde cedo eu tive que aprender a me virar nas fita da vida, sempre fui só eu pra cuidar de mim mesmo quando adoecia, pra não morrer de fome e pá.
Não marcou nem cinco minutos direito e o Shika já passou o rádio anunciando que tinha chegado minhas encomendas e eu só recebo e bato a porta na tela dele, mas antes dele ir aviso pra ele anunciar pro Uchiha que eu não vou na boca hoje, pra ele cuidar de tudo por lá.
Em seguida vou pra cozinha e preparo um café pra tirar essa ressaca, também preparo um chá de limão com mel, e subo até o quarto com os remédios, boto o termômetro nela e o mesmo logo apita marcando trinta e nove, ponto sete de grau, e é aí que eu me assusto por que caralho, a novinha tá bem ruim mesmo.
Dei o primeiro remédio e fiz a mesma tomar o chá, marquei no relógio pra despertar daqui a trinta minutos, para dar o segundo remédio, e ajeitei seu cobertor, e foi aí que ela começou a delirar novamente e a chorar também.
— Ma... mamãe.... ma... mãe... cadê... você... o Neji.... pegou.... meu dinheiro e foi pra boca... eu tô sozinha.... e com fome... - ela fica chamando pela mãe sem parar, o jeitinho dela tá de fazer pena.
— Ma... mãe... cadê... você... eu... tô... sozinha... e com.... friooo....
Eu não aguento mais ver ela assim, deito do lado dela na cama e envolvo ela com meus braços, ela coloca uma das pernas no meio das minhas e descansa a cabeça no meu peito.
— Eu... tô... sozinha... no... mundo... - eu abracei ela ainda mais forte e sussurrei em sua orelha.
— Tu não tá mais sozinha não novinha, eu tô aqui princesa, descansa tá meu amor, teu homem tá aqui contigo. - disse tentando acalmá-la, ao mesmo tempo em que fazia cafuné em seu cabelo.
— Huuuum! - ela deu mais uma gemidinha, mas parou de tremer e de delirar, e foi se acalmando aos poucos.
— Eu tô aqui meu amor! Eu tô aqui com você! - dei um beijo casto em sua testa, e depois fui beijando suas bochechas ao mesmo tempo em que secava as lágrimas dela, e sorri ao perceber que o sono dela tinha passado de conturbado para um sono bem profundo e nas tranquilidades.
Quando o relógio marcou meia hora depois eu fiz ela tomar o segundo remédio, e depois voltei novamente para abraçar o corpinho quente da novinha, por sorte os remédios já foram fazendo efeito e a febre dela já estava bem mais baixa, o que deixou o pai aqui mais aliviado.
Enquanto observo o sono da novinha, me bate a real de tudo o que essa mina passou e ainda continua passando na vida sofrida dela, e então eu só me lembro de um pivete cheio dos trauma, que viu o pai matar a mãe e o amante e depois se matar também, um pivete que um mês depois desses acontecidos, fugiu do orfanato e voltou pra favela, e sob a proteção do antigo chefão do morro se tornou o mais novo menor que já pisou nessa favela, que com dez anos já manobrava arma e atirava melhor do que muitos vapor, que aos onze mandou a primeira alma pro inferno e não sentiu remorso, que aos poucos foi crescendo no mundão do tráfico e com quinze anos se tornou o dono dessa porra toda, sempre só, e sem querer ninguém por perto, o único que colava em mim era o Uchiha, e a coroa dele junto com o seu irmãozinho era a família que eu não tinha, porém, além daqueles momentos no qual eu brotava lá no barraco dele, eu sempre fazia questão de voltar para o meu próprio barraco e ficar lá afogado na minha solidão, sempre me senti de bouas, e nunca precisei de ninguém ao meu lado.
— E é por isso que eu não sei lidar com o que eu sinto por você novinha! - eu sussurro na orelhinha dela, mesmo sabendo que por causa do sono profundo, a mesma não irá me escutar, e talvez seja por isso mesmo que eu esteja com coragem de soltar essa fita aqui pra ela, pois sou muito fechado, não sei falar essas coisas bonitas, e até eu conhecer ela, eu nem sabia o que era sentimentos, tá tudo muito novo pra mim.
Voltei a olhar o rosto da novinha, agora toda lindinha, parece até uma anjinha, como é que uma mina tão frágil e inocente faz o coração desse Monstro de sete cabeças que eu sou, bater tão forte desse jeito?
Remorço bateu fundo nessa porra! Ela tá doente por causa da chuva que tomou, eu sou muito, muito cuzão nesse caralho.
— Eu sou o lobo mau e tu é a princesinha perdida na floresta, e o melhor pra tu, é mesmo fugir de mim, sua novinha linda do caralho.
(....)
Hinata
Acordo meio grogue e já vou olhando pra o lado, porém, o Kurama não está aqui comigo, logo compreendo que as imagens dele colado em mim, e sussurrando um papo reto pra mim, de que tava comigo agora, que eu não estava mais sozinha, era tudo miragem da minha mente, ilusões que nunca iriam acontecer entre a gente, certeza que ele está lá na boca, porém, meus pensamentos mudam quando a porta se abre de repente, e o Kurama passa por ela segurando uma bandeja com uma prato de sopa, e a mesma tá toda cheirosona, certeza que ele pediu pra alguma dona Maria aqui do morro fazer.
— Acordou novinha! Pera, deixa o pai medir tua temperatura. - ele disse e colou o termômetro em mim, e quando o mesmo apitou, ele retirou e passou a visão, depois deu o sorrisão lindo que quase não se vê no rosto dele. — Tá trinta e sete novinha, ainda tá um pouco febril, mas aquele fogão todo já saiu de tu, porém, vai tomar essa sopa e tomar mais alguns remédios, e repousar hoje e amanhã até tu se curar totalmente.
— Já estou bem, portanto já posso voltar ao meu trabalho. - falei um pouco fria pra ele, eu não esqueci de ontem não.
— Coe novinha! A única coisa que tu vai fazer aqui, será tomar essa sopa. - disse colocando uma colher de sopa na minha boca, e eu até que ia recusar, mas a real é que a sopa estava mesmo uma delícia.
— Mó responsa hein! Sopão delícia essa! Da mais uma colher aí! - eu pedi e ele sorriu e colocou outra colher na minha boca.
— Foi feita com muito amor e carinho especialmente pra tu novinha. - esfriou e me deu outra colher.
— Qual foi a tia que fez? Porque eu vou sempre querer colar nela. - perguntei e percebi que as bochechas dele ficaram meio rosadas.
— Se te contasse quem fez tu nem acreditaria, porém, talvez quem saiba um dia eu revele pra você, a vida é cheia das fita diferentes né? - falou e continuou mandando sopa pra minha boca.
Por fim ele me deu um suco de laranja pra eu tomar, mó delicioso também, e disse que eu tinha que tomar tudo por que a "vitamina c" do suco ia ser uma boa pra fazer eu me recuperar mais rápido.
— Agora toma aqui esse remédio! - me entregou o comprimido e um copo de água, bebi tudo e devolvi pra ele. — Agora te deita que logo logo tu vai ficar boa.
— Tô doente por que tu me deixou na chuva! - fiz questão de jogar na cara dele, e em vez receber uma má resposta como ele sempre faz, recebi apenas uma expressão de tristeza no seu rosto.
— Eu sou um cuzão da porra mina! Já tô mais que ligado disso, porém, fica sussa por que não irei mais mexer com você. - percebi que ele cerrou o maxilar após finalizar essas palavras.
— Não vai mexer comigo e no entanto me deixa aqui no quarto sem me levantar. - continuei provocando e percebi que ele respirou fundo.
— A porta está aberta Hinata! Você pode fazer o que quiser, pode continuar trabalhando aqui, pois o emprego é seu, ou pode ir embora e não se preocupa que continuará debaixo das minha proteção, ninguém vai mexer contigo, porém, você só irá levantar dessa cama, quando estiver cem por cento curada.
— Vai mesmo me deixar ir embora?
— Sim! Você nunca esteve presa a mim, você nem me deve nada, estava aqui por que queria trabalhar, lembra?
— Não posso perder o emprego, preciso dele para sobreviver.
— Eu já te disse que eu te dou tud....
— Eu não sou suas putas Kurama!
— Definitivamente não! - falou com um tom rouco que me deixou arrepiada.
— Por que você tem que ser tão complicado?
— E por que você tinha que ser tão linda desse jeito? - perguntou com seu sorriso safado que me deixou toda mole.
— Se eu sou isso tudo aí, por que vai me deixar ir embora?
— Você é isso tudo e muito mais! Tu é maravilhosa mulher! - assim que ele disse isso meu coração começou a palpitar sem parar. — Você é linda, gostosa, inteligente, batalhadora na mó responsa mesmo, tu tem um futuro brilhante pela frente, é diferente de todas que já cruzaram no caminho desse bandido, aliás, eu nunca tinha visto ninguém tão especial e linda que nem tu, parece até essas dona de televisão, as atriz das novelas nem chega nos teus pés, e eu não tenho preparo emocional para lidar com essa tua lindeza aí não mina, tu é nipe de primeira, você é tudo o que eu e qualquer homem pediria de presente pra Deus, e eu, eu sou apenas um bandido com o psicológico todo fudido, e todo quebrado por dentro, e que não tem mais concerto, resumindo, você é muito areia pro meu caminhão, novinha. - ele diz e eu fico sem saber o que dizer.
— Kurama eu...
— Quanto mais você ficar longe de mim e das minhas merdas melhor, pode não parecer mais eu quero o teu bem, e mesmo te desejando pra caralho, e ser doido de tesão por você, eu te deixo ir embora. - me disse me olhando com seus intensos olhos azuis, e a única coisa que eu queria era colar minha boca na dele, mas me mantive firme e continuei escutando o que ele tinha pra dizer.
— Eu sou um traficante sem futuro, e que não tem nada pra te oferecer, eu sou todo dos erros, o maior bandido dessa quebrada, um demônio com a alma condenada ao inferno, que não tem salvação, e que prefere manter os quem gosta por longe, pois eu sou fogo novinha, e se tu colar em mim, tu só vai se queimar, eu simplesmente não sei como administrar essas merdas que eu tô sentindo, tu mexe comigo, me abala, me desestrutura, me deixa mais doido do que eu já sou, e o melhor que você tem que fazer é ficar bem longe de mim.
Ele se afasta e vai até a porta que realmente está aberta, mas antes que ele passe pela mesma eu o chamo.
— Kurama! - ele para e se vira pra mim. — Vamo se afastar só amanhã, por hoje tu deita aqui comigo e cuida de mim.
— Melhor não novinha, isso é muito arriscado. - ele diz relutante, como se estivesse lutando internamente.
— Por favor, Kurama! Eu tô com frio. - peço fazendo bico e percebo ele se amolecendo todo e caminhando automaticamente pra perto de mim.
Ele tira a camisa, revelando aquele abdômen e peitoral maravilhoso, e se deita me puxando pra colar nele, e realmente o corpo dele é quente, e logo sou invadida por todo esse fogo que ele emana, e que também transfere pelo olhar, pois esses olhos azuis, são o puro fogo e ele me queima todinha só de me olhar.
Ele beija a minha testa e faz carinho no meu cabelo, coloca pra tocar um pagodinho das antigas no seu celular, " Sampa crew, preciso de você," e nós ficamos nos olhando intensamente e observando a letra da música.
Música on
Prometi não chorar
Prometi não sofrer
Prometi que não ia mais querer te ver
Nada adiantou
Pois aqui estou
Pedindo outra chance para o nosso amor
Já fingi que amei
Um outro alguém
Mas pro seu lugar não tem mais pra ninguém
Vivo da ilusão
Da louca paixão
Que tomou minha mente e o meu coração
Vem me dar o seu amor
Meu bem, venha me aquecer
Eu preciso dormir e acordar com você
Vem me dar o seu amor
Meu bem, venha me aquecer
Ah, eu preciso de você
Tente pensar
Tente entender
Sou alguém que não sei mais viver sem você
Eu já me entreguei
Já me rendi
Nesse jogo do orgulho fui eu quem perdi
Mesmo assim eu insisto
Não creio no fim
Acredito, você vai voltar pra mim
Sigo pelo mundo
Andando sem rumo
Tinha o universo
E me vejo sem tudo
Vem me dar o seu amor
Meu bem, venha me aquecer
Eu preciso dormir e acordar com você
Vem me dar o seu amor
Meu bem, venha me aquecer
Ah, eu preciso de você
Pra me tirar desse labirinto
Alivia essa dor
Que agora eu sinto
Nós somos almas gêmeas
Nem o tempo separa
Um perfume sem igual
Da rosa mais rara
Vem me dar o seu amor
Meu bem, venha me aquecer
Eu preciso dormir e acordar com você
Vem me dar o seu amor
Meu bem, venha me aquecer
Ah, eu preciso de você
Baby, baby, de você
Só de você, eu preciso
Ah, eu preciso de você
Preciso de você
Música off
Ele continua fazendo carinho em mim, até que eu vou aos poucos sentindo meus olhos ficarem pesados e vou ficando meio sonolenta, mas antes disso ainda sussurro pra ele.
— Você também fode com o meu psicológico Kurama!
Então fecho meus olhos de uma vez e me entrego ao sono.
Mas antes de apagar completamente ainda consigo escutar ele sussurrando bem baixinho na minha orelha.
— Ouw novinha linda! Pra você eu não sou o Kurama não! Pra você eu sou o Naruto.
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Em dívida - Naruhina
FanfictionNaruto é o dono do morro mais perigoso do Rio de Janeiro