Vocês deveriam me amar!
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Na tarde antes do dia do casamento minha família saiu do Copacabana Palace e se dirigiu para a mansão Villa Bande no Leblon. Era um enorme casarão inspirado nos palácios italianos cercados por quase três hectares de mata. O caminho era longo e tortuoso, e nos levou até duas casas de hóspedes com quatro garagens até terminar em frente da mansão com sua fachada branca e telhado de telhas vermelhas. Estátuas de mármore branco estavam na base da escadaria dupla que leva até a porta da frente. No interior o teto era trabalhado, tinha colunas brancas e piso de mármore e uma vista para a baía e pra piscina através das janelas panorâmicas de tirar o fôlego.
O pai e a madrasta de Fernanda nos levaram para o segundo andar da ala esquerda, onde os nossos quartos estavam situados. Vanessa e eu insistíamos em dividir o quarto. Eu não me importava de parecer imatura. Eu precisava dela ao meu lado.
Da janela, podíamos ver os trabalhadores começando a montar o enorme pavilhão que serviria como igreja amanhã. Além dali, o mar agitado. Fernanda não chegaria até o dia seguinte, assim não podíamos nos cruzar por acidente antes do casamento, o que significaria má sorte.
Honestamente não sabia como eu poderia ter mais azar do que eu já tinha.
— Hoje é o dia! — mamãe disse com falsa alegria.
Eu me arrastei para fora da cama. Nessa puxou as cobertas sobre a cabeça, resmungando algo sobre ser muito cedo.
Minha mãe suspirou. — Eu não posso acreditar que vocês compartilharam um quarto como crianças de cinco anos.
— Alguém tinha que ter certeza que Fernanda não ia dar uma escapada e entrar aqui — disse Vanessa de debaixo do cobertor.
— Rodrigo patrulhava o corredor.
— Como se ele fosse proteger Pitel de Fernanda, — Vanessa murmurou, finalmente sentando-se. Seu cabelo estava uma bagunça.
Mamãe franziu os lábios. — Sua irmã não precisa ser protegida de sua futura mulher — Vanessa bufou, mas mamãe a ignorou e me levou para o banheiro.
— Temos de prepará-la. A esteticista estará aqui a qualquer segundo. Tome um banho rápido.
À medida que a água quente caía sobre mim, a ficha caiu. Esse era o dia que eu estava temendo por tanto tempo. Hoje à noite eu seria Pitel Marinho Villa Andrade, esposa da futura Capo dei Capi, e ex-virgem. Me encostei no box do banheiro. Eu desejei ser como as outras noivas. Eu gostaria de poder desfrutar deste dia. Eu gostaria de não ter que olhar pra minha noite de núpcias com medo, mas aprendi há muito tempo atrás que desejar não muda nada.
Quando saí do banho, eu senti frio. Até o meu roupão macio não conseguia parar a tremedeira. Alguém bateu na porta e Vanessa entrou com um copo e uma taça na mão.
— Café e salada de frutas. Aparentemente você não tem permissão pra comer panquecas, pois poderiacausar inchaço. Que besteira.
Peguei o café, mas balancei a cabeça para a comida.
— Eu não estou com fome.
— Você não pode ficar todo o dia sem comer ou vai desmaiar enquanto caminha até o altar. — Ela fez uma pausa. — Ainda que, pensando bem, eu adoraria ver o rosto de Fernanda se isso acontecesse.
Tomei um gole do café e depois peguei a taça de Vanessa e comi alguns pedaços de banana. Eu realmente não queria desmaiar. Papai ficaria furioso, e Fernanda provavelmente não ficaria muito feliz com isso também.
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MÁFIA - PITANDA
FanfictionMáfia Substantivo Feminino 1. Qualquer associação ou organização que, à maneira da Máfia siciliana, usa métodos inescrupulosos para fazer prevalecer seus interesses ou para controlar uma atividade. Quem nasce na máfia, jamais sairá dela.