Temos visita!

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As horas se passaram como num sonho, e quando o sol começou a despontar no horizonte, olho com um sorriso para a mulher  que dorme nos meus braços. Eu sabia que era apenas o início de uma nova fase em nossas vidas, uma fase repleta de amor, paixão e união.

A noite do reencontro havia sido mágica, um momento que jamais esqueceria. A partir daquele dia, Dália e eu estaríamos sempre juntos, prontos para enfrentar qualquer obstáculo que viesse pela frente, com a certeza de que o amor que nos unia era mais forte do que qualquer coisa. Deixo ela na cama, enquanto tomo banho, me visto e vou para cozinha.

O aroma de café fresco se espalhava pela cozinha enquanto eu finalizava os toques no café da manhã. Panquecas com mel, salada de frutas e um toque de iogurte de coco, tudo do jeito que Dália gostava. A noite anterior havia sido mágica, repleta de carinho e paixão, e eu queria que a manhã fosse igualmente especial.

Com cuidado, coloquei a bandeja na mesa e me dirigi ao quarto. Dália ainda dormia serenamente, seus cabelos pretos espalhados pelo travesseiro. Me inclinei e beijei sua testa suavemente, apreciando a paz daquele momento.

De repente, o som da campainha ecoou pelo apartamento. Fui até a porta, imaginando ser o entregador delivery da padaria onde tinha feito pedido de pães, pão de queijo e bolo. Mas ao abrir, a surpresa foi grande. Julia, minha ex-namorada, estava ali, com um sorriso tímido no rosto.

- Marcelo, quanto tempo!, ela disse, com um tom de voz hesitante. Posso entrar? 

Hesitei por um instante, sem saber como reagir. A última vez que nos falamos, fui bastante enfático sobre o término, que não foi dos mais amigáveis. Mas algo no olhar de Julia me fez recuar, tive medo sobre ela a tentar contra com sua vida.

- Claro, entre, disse, abrindo a porta mais amplamente.

Julia entrou e se sentou no sofá, enquanto eu me servia de um café. A conversa começou hesitante, com ambos relembrando momentos antigos, no qual sempre deixei claro sobre nosso relacionamento. Mas aos poucos, ela deixava ter além disso, o que não conseguia corresponder às expectativas que ela criou.

Foi então que Julia mencionou o motivo de sua visita. Ela disse que ainda me amava e que gostaria de ter uma segunda chance.

Fiquei perplexo. A proposta de Julia me pegou completamente desprevenido pensei que tinha sido claro com ela. Meus pensamentos se voltaram para Dália, que ainda dormia no quarto. Como poderia explicar essa situação a ela?

Nesse momento, Dália saiu do quarto, ainda com os olhos sonolentos e vestida com minha blusa. Ao ver Julia sentada no sofá, seus olhos se arregalaram de surpresa.

- O que você está fazendo aqui?, ela perguntou, com a voz carregada de raiva.

A atmosfera no apartamento se tornou tensa. Tentei explicar a situação, mas minhas palavras pareciam saias desconexas. Dália observava a postura de Julia, por sua vez, que estava em posição arrogante.

- Você tirou ele de mim, por favor devolve-me?

- Você é Adriana Calcanhoto? Ou Julia Trajano? Eu não tenho que devolver nada, ele é uma pessoa, e não objeto.

A discussão se intensificou, com ambas as mulheres defendendo seus pontos de vista. Eu me sentia impotente, dividido entre duas pessoas.

Finalmente, Dália não aguentou, foi até o quarto, trocou  de roupa, pegou suas coisas, inclusive o terrário, tento segurá-la, mas ela disse.

- Depois conversamos, meu querido. Resolva sua situação com ela. Ela saiu do apartamento esbarrando no entregador da padaria.

- Eu preciso ir, disse Julia, com a voz embargada.

- Pode continuar sentada aí, digo firme. Julia ACABOU! Você sempre soube dos meus sentimentos, eu errei não terminar, mas agora e definitivo. Respeito você, mas não vou tolerar você agir assim com Dália, ela é meu único amor, então chega.

- Marcelo, …. Interrompo sua resposta.

- Por favor, pode sair e não volte mais.

Ela se levantou e saiu do apartamento, deixando-me sozinho com meus pensamentos.

Sentei-me no sofá, com a cabeça entre as mãos. O café da manhã especial que eu havia preparado agora estava esquecido, frio e sem sabor. A única coisa que restava era a amarga sensação de culpa e arrependimento.

O que eu faria agora? Como consertar o estrago que eu havia feito? As perguntas se amontoavam em minha mente, sem respostas fáceis.

Naquele momento, eu só queria que o tempo voltasse, que eu pudesse apagar os últimos minutos e evitar que tudo isso tivesse acontecido. Mas a realidade era outra, e eu precisaria enfrentar as consequências das minhas ações.

DáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora