A vida

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A manhã em Minas Gerais era radiante, um verdadeiro convite à felicidade. Ao lado de Dália, minha amada, eu desfrutava de cada momento, cada sorriso, cada palavra. A cada dia que passava, me encantava mais com a vida que ela havia construído naquele lugar acolhedor.

A expectativa para a famosa galinhada da tia Teresa era enorme. Imaginava o aroma delicioso, o sabor inigualável, a reunião calorosa em torno da mesa. Dália, com seu entusiasmo contagiante, me contava histórias sobre a família, os costumes locais, as tradições que tanto prezava.

Em meio à alegria do dia, senti uma súbita falta da minha flor. Procurei-a no quintal, mas não a encontrei. Entrei na casa, vasculhei os cômodos, mas Dália não estava em nenhum lugar. A caminhonete dela também não estava na garagem.

Com um aperto no coração, saí para a rua. Imaginei que ela tivesse ido buscar algo, talvez aquele doce de leite que tanto me prometera. Fiquei no passeio, aguardando ansiosamente seu retorno.

Os vizinhos, com seus sorrisos acolhedores, me cumprimentavam como se me conhecessem há anos. Alguns até mesmo puxavam conversa, compartilhando histórias e risadas. Mas a cada minuto que passava, a angústia aumentava em meu peito.

O tempo parecia se arrastar, e Dália não dava sinal de vida. Decidi voltar para casa, buscando respostas. Ao entrar, tia Teresa me avisou que o almoço estava pronto. A galinhada fumegante exalava um aroma irresistível, mas eu não conseguia sentir fome.

- Dália foi buscar algo?, perguntei à tia Teresa, a voz carregada de preocupação. Ela me olhou surpresa.

- Dália não saiu, meu filho. Está aqui em casa.

Questionei os demais, mas ninguém sabia do paradeiro da minha amada. A cada minuto que passava, a incerteza se transformava em desespero.

Em um último impulso, peguei o celular e liguei para Dália. O toque ecoava sem resposta. Liguei para o pai dela, mas o mesmo silêncio me acompanhou.

Com o coração batendo descompassado, tentei novamente o número de Dália. Dessa vez, a ligação foi atendida, mas não pela voz doce que tanto ansiava.

- Alô, Dália meu amor, onde você está, almoço já está pronto. Marcelo, seu namorado diz.

-Alô, aqui é o tenente Mariano sou do corpo de bombeiros, a proprietária do celular, acaba de sofrer um acidente aqui no Morro da Serra e seu estado de saúde é gravíssimo, estamos levando ela de helicóptero para Hospital João XXIII, peço a gentileza de se encaminharem até o local.

- O quê? Você está brincando? Marcelo está incrédulo.

- Desculpa, senhor, mas infelizmente não é. Preciso que mantenham a calma e vão para o hospital que acabei de lhe informar, ela está em estado grave.

Meu corpo congelou. Uma onda de frio percorreu minha espinha enquanto a voz do tenente narrava o acidente, a gravidade do estado de Dália e a transferência para o Hospital João XXIII.

Algum tempo depois...

O mundo desmoronou ao meu redor. A alegria que me inundava momentos antes se transformou em um mar de lágrimas e desespero. A imaginar Dália, ferida e indefesa, me consumia por dentro.

Com passos trêmulos e a mente em turbilhão, corri para o hospital, buscando um raio de esperança em meio à escuridão que me cercava. A cada passo, a certeza de que precisaria ser forte para Dália tomava conta de mim.

O Hospital João XXIII era um gigante imponente, um farol de esperança em meio ao meu desespero. Ao entrar pelas portas imponentes, fui recebido por um clima frio e silencioso, contrastando com a tempestade de emoções que me consumia.

DáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora