Onde está você?

23 5 0
                                    

Dália Uçar Mbappé

15 dias depois...

O ar fresco da manhã invadiu meus pulmões enquanto eu saía do hospital, finalmente livre das paredes brancas e do cheiro de antisséptico. A luz do sol me cegou por um instante, mas logo meus olhos se acostumaram e pude apreciar a beleza do dia.

Estava viva. Havia sobrevivido ao acidente. E o melhor de tudo: estava grávida de Marcelo. A cada batida do meu coração, podia sentir a vida crescendo dentro de mim, uma prova do amor que nos unia.

Durante a minha internação, Marcelo foi meu anjo da guarda. Esteve ao meu lado a cada minuto, me dando força e me acalmando nos momentos de medo e insegurança. Mas nos últimos dias, se distanciou. Não atendia minhas ligações e nem me visitava.

Uma dúvida cruel me atormentava: será que não me queria mais? A ideia de perdê-lo era insuportável. Ele era tudo para mim, o amor da minha vida, o pai do meu filho.

Meus pais chegaram ao hospital para me buscar. No carro, a cada quilômetro que nos distanciava, a angústia crescia em meu peito. Tentava conter as lágrimas, mas a cada olhar para o banco do passageiro estava vazio ao meu lado, meu coração apertava mais.

- Onde está o Marcelo?, perguntei, a voz fraca e embargada. Meus pais se olharam, um desconforto tomando conta do carro.

- Ele está viajando a trabalho, meu pai respondeu, desviando o olhar. Volta amanhã.

- Não estou acreditando nessa história. E por que ele não me avisou antes?

Durante o resto do trajeto, me mantive em silêncio, lutando contra a certeza que se instalava em meu coração: Marcelo me abandonara.

Ao chegar em casa, a surpresa me atingiu em cheio. A sala estava decorada com balões e fitas coloridas e a mesa a farta com comida caseira. Marcelo, com um sorriso radiante no rosto, me recebeu com um beijo caloroso.

- Seja bem vinda, meu amor!, disse, me abraçando forte. Eu te amo mais do que palavras podem expressar. Meus avós, Asla, grupão e o restante da família Balik estavam presentes.

Lágrimas de felicidade escorreram pelo meu rosto. Marcelo não tinha me abandonado, estava apenas preparando uma surpresa para celebrar nossa nova vida juntos. A vida que agora se iniciava, repleta de amor, esperança e a promessa de um futuro brilhante ao lado do homem que eu mais amava no mundo. Eu estava viva, com uma vida dentro de mim. Abraço com força.

- Achei que tinha ido embora, beijo sua bochecha.

- Não pretendo ir, logo agora que sou residente em Minas e vou abrir um hipermercado na capital. Estou confusa.

- Como assim, Marcelo? Ele se ajoelha e tira a caixinha branca do bolso. Todos estão sorrindo sem surpresa.

- Quer casar comigo, Dália Uçar Mbappé? Ele aguarda a resposta.

- Lógico que sim! Ele coloca o anel no meu dedo.

- Então, amanhã vamos nos casar. Ele se levanta e nos abraçamos. Me afasto e olho nos seus olhos.

- Eu não estou acreditando nisso, como assim?

- Tudo pronto e organizado, pelo seu amor de infância, minha filha. Minha mãe me beija na testa.

- Até que fim, senhor! Sun se ajoelha e levanta a mão para alto.

- Pior foi aguentar o Marcelinho, chorando pela florzinha dele todos esses anos. Mariano dá gargalhada.

Deixa eles em paz, crianças. D. Esra se aproxima coloca a mão na barriga. Sempre foi a mulher certa para meu neto. Eu a abraço.

Ele também sempre foi o homem certo para mim! Meu avô grita.

Vamos comemorar a vida! Levanta uma xícara de chá. Volto para braços do pai do meu bebê.

- Eu amo tanto você, Marcelo. Lhe beijo. Todos aplaudem. A festa acontece tranquilamente. Depois resolvi descansar no meu quarto. Tomei um belo banho e coloquei o pijama. Acabo dormindo. Depois de alguns horas, sinto braços fortes de Marcelo envolvendo meu corpo. Me levanto para fazer xixi. Quando retorno para cama, aqueles olhos verdes mais lindo está me encarando.

- Tudo bem, minha flor? Me deito e me aconselho no seu peitoral.

- Sim, onde o pessoal está dormindo? Pergunto sentindo suas carícias no meu cabelo.

- Alguns aqui, outros na sua tia, outros na casa da sua patroa e outros na casa do seu primo Antônio. Todos ajeitados, minha futura esposa.

- Amanhã, realmente vou me casar contigo? Olho para seu rosto.

- Sim. Porque pensa em casar com outro homem? Ele sorri com olhos fechados.

- Nunca. Depois que descobri o que é gostar do sexo oposto, todos os meus sonhos sobre casamento são com o homem ao meu lado. Ele beija minha testa.

- E os meus foram com você. Eu amo você, minha Dália. E agora nosso bebê. Vamos ser muito felizes. Agora dorme, minha querida.

Dormimos abraçados no meu quarto. Fico pensando quando a minha vida mudou depois que resolve meus dilemas do passado. Me reconciliar com minha mãe e meu irmão. Ir até São Paulo para buscar uma aproximação e a coragem de perdoar e ser perdoada. É muito bom estar ao lado do único homem que amei: Marcelo Balik.

DáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora