Desculpa!

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- Terra chamando, Marcelo. Saio dos meus pensamentos.

- Fala, Julia.

- Então, vamos para sua casa. Quero dormir com você hoje, docinho.

- Não vai dar, vou ficar com minha avó. Lara e Mariano vão te dar uma carona ser quiser.

- Nem pensar, detesto criança, você sabe disso. Mariano a fuzila com olhos.

- Faça como quiser.

- Meu motorista irá me buscar, já liguei.

Enquanto terminamos de cumprimentar a todos , ainda sinto o cheiro dela. Ela está linda, mas com a mesma intrepidez de sempre. Julia vai com seu motorista, enquanto ajudo minha avó entrar no meu carro. Dou partida até chegar na casa dela, minha avó fica em silêncio. Quando chegamos, ela me chama na sala.

- Senta aqui meu neto.

- O que a senhora deseja, minha vovó querida!

- Que você pare, de se machucar e machucar a mulher que ama.

- O que ela fez para senhora chora, com certeza algo bom não foi.

- Realmente, não foi bom, foi maravilhoso! Fico surpreso.

- Como assim?

- Ela esteve aqui hoje para visitar o jardim, e viu como ele está agora. Eu e ela conversamos bastante sobre o seu avô, ela me fez perceber que devo sobreviver por ele, então no restaurante ela me apresentando um projeto de revitalização para jardim.

- Sério isso, vovó?

- Ela não vai cobrar nada, me deu como presente, meu filho.

- Eu julguei errado. Minha consciência pesa.

- Percebe no momento que ela retornou a mesa, depois dos dois irem no banheiro. Ela é um ser humano maravilhoso, autêntico e genuíno.

- Não sei mais o que fazer. Preciso me desculpar.

- Vamos nos deitar, amanhã é outro dia.

Entro no meu quarto, ele está da mesma forma quando era adolescente. Tomo um banho e me troco. Eu fiz burrice, ela ajudando minha avó, eu pensando o pior dela. Durmo pensando em uma forma de me desculpar.

Acordo com a batida da campainhia. Levanto e faço a higiene matinal, calço meu chinelo e desço as escadas. Escuto aquela voz vindo da sala. Me aproximo e digo.

-Bom dia.

- Bom dia,meu neto.

- Bom dia, Marcelo.

- Já que se levantou, vou preparar um café para nós.

- Eu agradeço, D.Esra, mas eu vou para escritório organizar tudo, então vou indo.

- Dália, posso conversar com você.

- Acho que não temos nada para conversar.

- Vocês precisam, minha filha. Minha avó intervir.

- Por favor, Dália. Senta. Me sento do lado oposto que ela está.

- Pode falar, estou ouvindo.

- Eu vou deixá-los a sós. D.Esra se retira da sala.

- Primeiramente quero me desculpar por ontem.

- Desculpado, somente isso?

- Não! Durante nove anos, me pego pensando com você abriu mão do nosso amor no primeiro obstáculos que enfrentamos.

- Não abre, simplesmente foram uma sucessão de erros, os quais me distanciaram mais de você e desse lugar.

- Eu escrevi cartas para você em BH e procurei quando retornei, mas informação que tive da sua vizinha no endereço que Asla me passou, que você se casou e se mudou com seu pai para o interior.

- Realmente me mudei para um bairro próximo ao hospital onde meu pai fazia tratamento de câncer. Marcelo, você não tem noção de tudo que aconteceu comigo nesses anos. Eu tinha apenas 18 anos, eu não sabia como reagir diante da nossa situação, hoje eu não agiria daquela forma. A separação dos meus pais está ligada ao tumor cerebral que ele tinha, quando do nada decidiu se separar da minha mãe.

- Essa vizinha não informou nada disso.

- Ninguém sabia. Assim que chegamos em BH, meu pai começou até crises convulsivas, mudança de personalidade, incapacidade de andar e outros sintomas. Eu não tinha noção de como ajudá-lo, minha tia Teresa foi meu suporte, pois ele se sentia culpado por ter abandonado minha mãe e meu irmão, ele não permitiu falar com ninguém. Tive que cuidar dele, trabalhar e estudar, então meu ele vendeu a casa e comprou no bairro próximo ao hospital, para facilitar minha vida. Eu fui até Boston com dinheiro que sobrou da venda, atrás de você, mas eu vi você estava tão feliz com sua vida, eu não deveria estragar tudo por minhas angústias e problemas, então voltei me concentrei no tratamento dele e na minha vida.

- Por que, você fez isso, hein? Eu não está bem.

- Isso não importa mais, você seguiu em frente, então e hora de eu seguir também.

- Precisamos resolver tudo de uma vez, Dália.

- Ontem ficou claro o quanto vocês me odeiam, não me querem por perto, acho melhor eu ir, agradeço a desculpas, mas eu já vou. Ela se levanta e se despede da minha avó.

- Por favor, Dália vamos conversar mais, eu ainda... ela me interrompe.

- Marcelo, você é noivo. É melhor assim, não deu certo no passado, não vai dar agora. Não consigo segurar. Sinto a mão da minha avó.

- Deixa ela se acalmar, meu filho.

- Ela sofreu sozinha e a julgando.

- E meu filho, a vida nunca foi fácil para ela. É melhor você aproveitar que a vida trouxe ela de novo para seus braços, resolva sua vida com Julia primeiro.

- Eu sei vovó.

Eu preciso entender essa história e resolver, não vou perdê-la novamente. Depois de muito pensar ligo para Asla, e marco de encontrá-lo. Saio da casa da minha avó direito para casa dele, são três quadras perto do restaurante Uçar. Bato campainha, quem atende minha imã.

- Bom dia, maninho.

- Bom dia, Eda. Onde está Asla.

- Está no banheiro, o que aconteceu, parece nervoso?

- Estou bem alterado. Dália estava lá em casa.

- Só poderia ser algo envolvendo a lindíssima da minha irmã, o que ela aprontou? Deve ser o que ela fez para sua avó chorar ontem? Aquela pirralha.

- Não fala assim da sua irmã, Asla.

- Melhor você sentar. Eles se sentam. Conto tudo que Dália me falou. Asla fica confuso.

- Ela nunca falou nada comigo. Asla fala.

- Acho melhor a gente ir a casa da sua mãe e resolvermos a situação. Eda diz.

Todos saímos direto para casa da D. Kiraz.

Continua....

DáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora