O milagre

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Marcelo Balik

14 dias depois do acidente

A cada dia que passava, a esperança se esvaía como areia entre meus dedos. As palavras do médico ecoavam em minha mente como um mantra macabro: "Ela não vai sobreviver à noite. O quadro não evoluiu, e o bebê está em risco."

A cada amanhecer, meu coração apertava com a iminência da despedida. Seguia para o hospital com a alma em frangalhos, mas com uma chama de fé que se recusava a apagar. Ao entrar na UTI, o ritual se repetia: acariciava a sua barriga, beijava sua testa serena e sussurrava orações em meio às lágrimas.

- Meu amor, minha flor... Lute por nós, por nosso filho. Eu te amo, Dália.

Naquele dia, algo diferente aconteceu. Enquanto segurava sua mão macia e fria, senti um leve tremor, um movimento quase imperceptível. "Dália!" chamei em um sussurro, meu coração batendo descompassadamente. Ela tentou abrir os olhos, as pálpebras tremendo como borboletas em fuga.

Enfermeira! gritei, a voz embargada pela emoção. Uma figura branca surgiu ao meu lado, examinando Dália com olhos atentos. "Dália, meu amor, abre os olhos! Olhe para mim!"

E então, um milagre aconteceu. Dália abriu os olhos, as íris cor de mel piscando lentamente contra a luz artificial. Um sorriso fraco se formou em seus lábios, tão pálidos quanto a neve.

- Marcelo... murmurou ela, a voz rouca e fraca.

As lágrimas jorravam dos meus olhos como um rio incontrolável.

- Eu estou aqui, meu amor. Você está de volta para mim.

Os médicos me pediram para sair enquanto examinavam Dália. Do lado de fora da UTI, a notícia se espalhou como um raio de sol em um dia nublado. Familiares e amigos se reuniram em volta de mim, seus rostos iluminados por uma esperança renovada.

Dália estava viva. E contra todas as probabilidades, nosso filho também estava a salvo. Naquele dia, a fé se transformou em realidade, e o amor venceu a morte. Era o início de um novo capítulo em nossa história, um capítulo escrito com tinta dourada, a tinta dos milagres.

Depois de algumas horas...

Ela parece bem, precisamos reavaliar o caso, mas ela é um milagre. Ela está passando por exames, mas infelizmente por hoje não pode mais receber visitas.

- Doutor, por favor deixa eu ver minha filha. Minha sogra implora.

- Infelizmente, Dália estava muito agitada, por causa do bebê precisamos mantê-la tranquila os dois ainda correm risco. Amanhã a senhora pode vê-la.

Minha irmã explica a todos as condições de Dália e do meu filho, realmente não podemos arriscar, já que o milagre aconteceu. Estou vno seu quarto depois que deixamos o hospital, todos estão em Minas Gerais inclusive minha mãe e meu pai. Eu estou ficando no quarto dela, então tomo banho e me deito sentindo seu cheiro, um pouco mais aliviado durmo tranquilamente, pois seu que logo fomos construir nossa vida aqui em Belo Horizonte, estou decidido a ficar ao lado dela no lugar que tanto ama.

DáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora