Dália

Novos rumos

Alguns dias depois...

Marcelo Balik

O dia do meu casamento com Dália foi o mais feliz da minha vida. Apesar das dificuldades que passamos, finalmente estávamos juntos, unidos em matrimônio. Mas a felicidade foi temperada com a notícia de sua gravidez. A alegria de ser pai se misturava à preocupação com a saúde dela, que ainda se recuperava do acidente que a deixará com dificuldades para andar.

Abrimos mão da lua de mel para que pudesse se concentrar na sua recuperação. Estamos morando com meus sogros, onde recebemos todo o apoio e carinho que precisávamos. Mas não podia deixar o sonho de minha esposa não poderia cair em esquecimento: construir nosso lar.

Um dia, enquanto vasculhava seus pertences, para aliviar a angústia da sua internação, encontrei um caderno com desenhos da casa que ela imaginava. A emoção me tomou conta. Naquele momento, decidi que faria tudo para concretizar esse sonho.

Conversei com suas amigas Carol e Natália, que logo se uniram à causa. Começamos a planejar da reforma da casa, tendo como base planta . Encontramos o local ideal no mesmo bairro que família dela reside, era perfeito para o nosso lar.

Embora Dália não soubesse da surpresa, eu participar ativamente da construção e acompanhava tudo de perto, dando sugestões e opinando sobre cada detalhe. A cada tijolo que era colocado, a cada pedacinho da casa que tomava forma, eu sentia a nossa felicidade crescendo.

Sabia que a casa seria mais do que um abrigo físico. Seria a morada para nosso amor, a prova da nossa força e da nossa perseverança. Seria o lugar onde construiremos nossa família, onde criaríamos memórias inesquecíveis com nossos filhos. Tudo agora era NOSSO!

A cada dia que passava, me aproximava cada vez mais do meu objetivo. E cada vez mais, me sentia grato por ter Dália ao meu lado, por ter a sua força e a sua inspiração me guiando. Sabia que, juntos, superaríamos qualquer obstáculo e construiremos o próprio jardim.

Paralelamente à edificação da minha residência, também estava ampliando a rede de hipermercado da família Balik para Minas Gerais, tudo isso estava consumindo muito a minha energia. Aluguei um escritório no centro comercial próximo do bairro, assim ficaria mais perto da minha esposa grávida. Estava tendo muita dificuldade para formar uma equipe, mas Dália me ajudou me conectando com alguns conhecidos do ramo de supermercado. Uma grande rede espalhada por Belo Horizonte e região metropolitana está fechando, aproveitei oportunidade para assumir os locais que já tinham uma infraestrutura, para lançar a minha. Toda essa carga sobre meus ombros, me desgastava fisicamente e mentalmente.

Depois de mais um dia visitando os pontos comerciais, ligações para São Paulo e resolvendo a contratação dos colaboradores da parte administrativa, estaciono o carro na garagem. Com a mochila nas costas e exaustão sobre ombros, caminho em direção a entrada, meus sogros estão cuidando da transferência dos avós de Dália para Minas Gerais. Ao entrar escuto minha flor conversando com nosso bebê. Ela está preparando o jantar, sua locação ainda é com andador, mas a teimosa insiste em cozinhar.

- Olha meu bebê, hoje vamos fazer moranga com quiabo, angu e carne moída, acho que seu pai vai gostar. Então respondo.

- Eu amo tudo que sua mãe faz, meu bebê! Abraço ela por trás.

- Você chegou, meu amor! Vai tomar um banho e vem comer. Deve estar exausto. Queria estar em condições melhores para te ajudar.

- Estou mesmo. Mão de obra especializada em varejo. Já me ajudou, me indicando conhecidos de confiança. Ela agarrou meu pescoço e a seguro pela cintura.

- Estou tão feliz, nem no meus melhores sonhos, poderia imaginar ter essa felicidade, meu cravo! Eu abro um sorriso.

- Nem eu, minha flor! Nós nos beijamos intensamente.

Estar com Dália, a única mulher que amei é um bálsamo para meu cansaço. Sentar na mesa para desfrutar uma refeição com menina de vestido amarelo que caiu da cadeira direto para meu coração, foi ali que minha vida mudou e conheci a pessoa mais importante para mim: Dália Uçar.