Dália Uçar
A água quente acariciava meu corpo enquanto eu me entregava à felicidade do momento. Marcelo ter vindo atrás de mim em Belo Horizonte era a prova do amor que ele sentia, e meu coração transbordava de alegria.
Após três dias trancados em casa, conversando e organizando minha volta ao trabalho em 18 dias, a noite prometia ser memorável. Marcelo e eu planejamos desbravar a noite belorizontina, degustando a culinária local em um buteco aconchegante, regada a boa música e conversas descontraídas.
Enquanto me arrumava, cantarolava baixinho, imaginando a noite que nos aguardava. Marcelo, com seu sorriso contagiante, também se preparava para a aventura.
De mãos dadas, saímos de casa abraçados, prontos para enfrentar a noite. Ao abrirmos a porta da garagem, a surpresa foi total: meus pais, meu irmão e Eda, estavam ali! Eles também haviam decidido passar alguns dias em Minas Gerais e, por coincidência, chegaram naquela mesma noite.
A emoção do reencontro foi instantânea. Abraços apertados, gargalhadas e lágrimas de alegria tomaram conta da sala. A noite que seria a dois se transformou em uma grande festa familiar.
- Muito bom, está de volta aqui em Minas! Minha mãe disse, emocionada.
- Então, vem com a gente, matar a saudade, mamãe. Eu abraço seu corpo.
Unidos, decidimos seguir para um bar badalado da cidade, conhecido por sua comida deliciosa, ambiente animado e música ao vivo. A noite fluiu com leveza e alegria. Conversas animadas, risadas contagiantes e a cumplicidade entre todos nós criaram uma atmosfera mágica.
Dancei com Marcelo ao som da banda, enquanto meus pais, meu irmão e Eda se divertiam à mesa, apreciando a culinária local. A cada música, a cada brinde, a cada olhar cúmplice, sentia a sorte de ter ao meu lado o homem que amava e a companhia da minha querida família.
Foi uma noite inesquecível, marcada pela união, pela alegria e pelo amor que transbordava em cada canto. Uma noite que provou que, às vezes, os melhores planos são aqueles que surgem de forma inesperada.
Marcelo e eu dormimos juntos no meu quarto, não fizemos amor, apenas curtimos a companhia um do outro. Contei os lugares que desejo levá-lo para conhecer. Asla e Eda estão no quarto que projetei para meu irmão, pois tinha certeza que um dia, voltaríamos ficar juntos como família.
Acordei com um aperto no peito. A lembrança da noite anterior, com a minha família e Marcelo, ainda era vívida, mas logo foi substituída por uma preocupação que me acompanhava há meses: o projeto do Centro Cultural.
Desde que idealizei esse espaço para crianças, jovens e idosos em uma comunidade carente no centro de BH, meu coração se dedicou por completo a ele. A construção, financiada pelo parte financiamento privado, no caso pelos Escritório Azevedo e outra pública,onde a prefeitura cedeu o lote para construção, estava em fase final, mas uma notícia me deixou atordoada: os engenheiros da prefeitura haviam feito alterações no projeto original.
A principal mudança era a liberação de uma rua íngreme em frente ao Centro, que, com o histórico de acidentes, deveria ser fechada para o trânsito de veículos. A prefeitura, no entanto, ignorou meus alertas e as necessidades da comunidade, colocando em risco a segurança de todos.
Não podia me calar. Naquela manhã, participei de uma reunião por vídeo chamada com Carol e Nathalia, minhas colegas do escritório. Expressei minha indignação com as alterações e a insegurança que elas representavam.
,- Não vou me responsabilizar por qualquer acidente que possa acontecer, afirmei com convicção. O Escritório Azevedo precisa intervir judicialmente e barrar essa irresponsabilidade da prefeitura.
- Eu sei, Dália, mas sabe como são difíceis as coisas quando envolve o sistema público. Carol afirma, enquanto minha família observa a conversa em silêncio, tomando café.
- Carol, neste final de semana será evento de inauguração, o líder comunitário também está ignorando meus alertas, inclusive me convidaram para evento. Estou com mal pressentimento acerca desse final de semana.
- Eu não estou sabendo, ninguém me falou nada. Ela está supresa.
Estou sabendo, porque a professora que irá atuar no centro cultural me procurou, pois semana passada um carro perdeu os freios justamente nesta rua, graças a Deus, não foi grave. Digo alto.
- Dália, refez toda análise das projeções, realmente eles alteram não somente isso, como a questão de estacionamento privado que no projeto inicial dava direito aos moradores da rua sete. Natalia disse. Enviei tudo para seu email.
- Oh, inferno! Estou falando. Eu confiei demais no departamento de obras e no seu secretário, mas eles não vão sujar minha carreira. Estou nervosa.
- Calma, vou acionar os advogados da empresa. Vamos dar um jeito. Com relação ao evento, vou pessoalmente à prefeitura interferir na situação.
Carol e Natalia concordaram comigo sobre o possível fraude de superfaturamento neste projeto. Elas se comprometeram a analisar o caso com os advogados do escritório e tomar as medidas cabíveis. A sensação de impotência me dominava, mas a esperança de que a justiça fosse feita me dava forças para seguir em frente.
O Centro Cultural era mais do que um projeto para mim. Era um sonho, um símbolo de esperança para a comunidade. Não permitiria que a negligência da prefeitura destruísse tudo o que construímos com tanto esforço e amor.
Enquanto aguardava a resposta do escritório, busquei conforto no apoio de Marcelo. Ele me tranquilizou com suas palavras e me lembrou da minha força e determinação. Sabia que, juntos, superamos qualquer obstáculo.
A luta pelo Centro Cultural havia apenas começado, mas eu estava disposta a tudo para defender o sonho que representava o futuro de tantas pessoas.
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Dália
RomanceDália, uma flor diferenciada entre tantas flores, mas que carrega em seu coração um amor por seu vizinho e amigo Marcelo, entre desencontros, reencontros, desilusão, perdas e amizades, podemos ter certeza que AMOR irá vencer.💌💌💌💌💗💗💗