Uma semana depois Nacho já tinha mobilizado uma equipe de advogados para dar andamento no meu divórcio. Domenico estava fazendo o que podia para me ajudar na Sicília, mas Massimo tinha sumido.
Domenico me garantiu que a viagem dele não tinha nada a ver com os negócios da família, que ele sumiu mesmo porque precisava de um tempo.
Depois de uma semana sem notícias dele, sem ao menos um telefonema, eu cheguei à conclusão que seria melhor ele nunca mais voltar mesmo. Claro, voltar apenas para assinar o divórcio. Depois ele podia fazer o que quiser. Eu não me importava.
Nessa última semana que se passou Luca melhorou consideravelmente. Ele estava quase sem nenhuma sedação, mas ainda estava respirando com ajuda de aparelhos. Seus pulmões foram obrigados a funcionar quando não deveria e eles agora tem sido o nosso maior desafio. Dra. Isabel me garantiu que a diminuição da sedação ajudaria no processo dos seus pulmões "acordarem" e que, se isso acontecesse, poderiam tirar o tubo que respira por ele há quase três meses.
— Hey! — vejo os dedos da Amelia sendo estalados na minha frente e sacudo a minha cabeça, voltando a dar atenção a ela. — Onde você estava? — ela riu.
— Me desculpa. — pedi envergonhada. — O que você estava falando?
Estávamos na praia, tomando sol e gim-tônica, deitadas nas espreguiçadeiras que Nacho colocou na areia para nós duas.
— Eu nem me lembro mais! — ela gargalhou e foi impossível não a acompanhar.
— Tenho boas notícias. — Nacho cantarolou e eu e Amelia giramos nossos corpos para olhar para ele.
— O que é? — eu já estava de pé esperando a boa notícia. Achei que era algo relacionado ao meu filho, mas era melhor ainda.
— Massimo está de volta a Sicília e os seus advogados conseguiram marcar a audiência para a próxima semana.
— Audiência? — perguntei confusa. — Não é só assinarmos o papel e... acabou.
— Não é bem assim, Laura. — Nacho disse um pouco irritado, deu a volta pela espreguiçadeira e se sentou nela. — Vocês têm um filho juntos e isso agora envolve um juiz.
— Luca é meu filho. Meu! — falei entre os dentes e bati forte com a mão no meu peito. — Massimo o rejeitou, ninguém no mundo vai tirar meu filho de mim para dar a ele.
— Ninguém vai tirar o bebê de você, Laura. — Amelia se levantou rápido e me abraçou de lado, afagando o meu ombro com a sua mão pequena.
— Então por que ele quer uma audiência? — olhei para Nacho.
— Não é o Massimo que quer, Laura. Isso é exigência da justiça italiana. Não podemos fazer nada em relação a isso.
— Ele nunca quis o Luca. — murmurei para Amelia. — Não consigo acreditar nisso!
— Laura, ninguém vai tirar seu filho de você. — Nacho disse quando se levantou e se aproximou de mim. — Eu não vou deixar.
Me encostei no seu corpo e escondi meu rosto em seu peito. Imediatamente Nacho passou seus braços por mim e me abraçou, fazendo eu me sentir segura e protegida.
— Vou pegar um copo de água. — Amelia disse, mas não me preocupei em olhar na direção dela. Meu rosto ainda estava no peito quente do Nacho e mesmo ele vestindo uma camiseta bege e velha, eu conseguia sentir o calor da sua pele na minha.
— Laura... — me afastei do seu peito e ergui meu olhar até o dele. — Confia em mim? — eu assenti perdida no verde cristalino dos seus olhos. — Eu não vou deixá-lo tirar o Luca de você.
— Por favor... — implorei com os olhos embaçados pelas lágrimas.
Nacho tocou a lateral do meu rosto com a sua mão tatuada e deslizou o dorso dos seus dedos na minha pele. Eu fechei os olhos para sentir o carinho que ele estava me fazendo e senti sua respiração mentolada bem perto do meu rosto.
Eu não queria parar para pensar no que eu estava fazendo, muito menos pensar no mundo lá fora. Queria que as coisas fossem diferentes, para mim e para o Nacho. Para nós dois.
Talvez, se tivéssemos nos conhecido em outra situação o nosso futuro seria diferente agora.
Quando seus lábios tocaram o meu, senti o cheiro de mar que sua pele exalava e quando sua língua quente, com sabor de hortelã, invadiu minha boca eu perdi todos os sentidos.
Entrelacei meus dedos na sua nuca e puxei seu rosto mais para mim, fazendo Nacho aprofundar a sua língua na minha boca e me fazendo arfar.
O beijo era calmo e apaixonado. Além de continuar o carinho no meu rosto com os seus dedos, Nacho acarinhava minha língua com a dele.
Ele se afastou um pouco de mim e eu abri os meus olhos, reparando no sorriso largo que enfeitava o seu rosto.
— Isso significa que você é a minha garota agora? — me questionou em um tom divertido.
— Isso significa que você precisará ter paciência comigo. — respondi séria. — Minha vida está uma bagunça... minha cabeça está uma bagunça. Eu não tenho nada de bom para te oferecer agora, Nacho.
— Eu vou esperar por você pelo tempo que for, Laura.
— Tive uma ideia! — Amelia gritou da varanda e eu me afastei do Nacho para olharmos para ela. — Vamos assistir um filme!
Eu assenti animada para ela e fiz um sinal de positivo com o polegar direito. Amelia voltou para dentro da casa saltitando e eu sobressaltei quando ouvi a voz do Nacho no meu ouvido.
— Ela gosta de você.
— Eu também gosto dela. — confessei o óbvio. — De vocês dois, na verdade. Deve ter alguma magia nessa sua família, não é possível.
— A magia é você não resistir ao meu charme espanhol, Laura. — ele ergueu as duas sobrancelhas ao rir para mim.
— E a essa sua falta de cabelo! — completei, divertida.
— Isso faz parte do meu charme também.
Ri e meneei a cabeça quando ele alisou seus cabelos raspados e depois deu um beijo rápido nos meus lábios.
— Vamos ou Amelia ficará nos gritando como uma criança. — ele entrelaçou nossos dedos e me puxou pela areia, até subirmos os degraus que daria para a varanda.
Amelia já estava na sala. Com a televisão ligada e procurando algum canal com o controle remoto apontado para o aparelho. Na mesa de centro já tinha uma travessa grande de pipoca e três taças de vinho tinto.
Nos acomodamos no sofá grande da sala depois que Nacho o abriu e ele, praticamente, virou uma cama.
Me sentei no meio, quase me deitei na verdade. Amelia estava na minha direita e Nacho acomodado a minha esquerda.
Infelizmente Amelia escolheu um romance, daqueles bem dramático. Onde o casal sempre se separa por algum motivo, mas que no final sempre terminam juntos. O mais engraçado é que antes de completar a primeira hora de filme, Amelia já estava dormindo.
E é lógico que quando dei por mim estava chorando. O filme era lindo, algo sobre recomeçar de novo e o poder do amor.
Nacho segurou o meu queixo e me fez olhar para ele. Acho que para constatar que eu estava chorando, porque quando ele viu meu rosto molhado pelas lágrimas se ocupou em secá-lo com o dorso dos seus dedos.
Seus olhos estavam ocupados em procurar o caminho das lágrimas na minha pele e eu fitei seus lábios. Eles estavam entreabertos e mais vermelhos que o normal por causa do vinho.
Me inclinei o suficiente para ele e coloquei minha boca na sua.
Eu só queria esquecer tudo o que estava vivendo e Nacho, e até Amelia, me ajudavam nisso. Era como se eu pudesse ser eu mesma com eles. Sem amarram, sem cobrança, sem excesso de zelo.
Apenas eu.
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Uma vida inteira com você
ФанфикE se Laura escolhesse lutar por sua família? E se Massimo decidisse tentar outra vez? E se Luca sobrevivesse ao atentado? Nota da autora: Essa fanfic é a minha visão do terceiro livro da Trilogia 365 dias de Blanka Lipinska. O nome dos personagens p...