14 dias ou duas semanas, tanto faz. Foi o tempo que Massimo ficou espreitando e rondando o hospital. Esperando que eu aparecesse por lá para me carregar de volta para Sicília. A força, claro.
Com isso, tinha duas semanas que eu não via o meu filho.
Nacho e a Dra. Isabel estavam empenhados em me manter informados durante todos esses dias. Eram inúmeras ligações e chamadas de vídeo, mas nada disso supria minha necessidade de vê-lo, de tocar nele.
Graças a Deus ele não teve nenhuma intercorrência durante esses dias e a notícia boa é que, depois de dois meses e meio internado, finalmente conseguiram diminuir a sedação dele e alguns remédios que ajudavam o seu coração a funcionar. Agora, segundo a Dra. Isabel, só precisamos esperar seus pulmões ficarem mais "maduros" e ele passar de 2 quilos para transferirmos ele para a Itália.
Apesar de estar indo e voltando do hospital durante todos esses dias, Massimo nunca visitou o nosso filho e isso só confirma que eu estou mais do que certa em fazer o que eu tenho feito... me afastar dele. Afastar Luca dele.
Ele não merece ser pai, não de uma criança como Luca. Que desde o primeiro suspiro luta pela vida. Luca não merece ter um pai que não lutou por ele quando ele mais precisou.
Suspirei pesadamente quando ouvi o piso de madeira da varanda ranger e não me importei em virar para ver Nacho se juntar a mim na varanda.
Eu estava na rede, sentada de frente para o mar, assistindo o pôr do sol começar enquanto me balançava suavemente. Ele deu a volta pela rede e parou na minha frente, recostando no parapeito de madeira da varanda.
— O que vai querer comer? — olhei para ele e sorri. Nacho me retribuiu com um sorriso bonito, onde eu consegui ver todos os seus dentes clinicamente brancos.
— Eu estou sem fome.
— Você precisa se alimentar, Laura. — seu semblante mudou e eu desviei meu olhar do dele, voltando meus olhos para o mar.
A verdade é que uma tristeza profunda me atingiu nos últimos dias. Tudo que eu consigo fazer é ficar prostrada e engolir o choro. Você tem que ser forte, Laura! É o que eu repito para mim mesma a cada minuto. Tento me lembrar da mulher que eu era há meses, ainda lá em Varsóvia, onde eu era capaz de enfrentar qualquer hóspede abusado ou os piores donos da rede hoteleira sem abaixar a minha cabeça... mas é difícil ser forte quando sua vida está escorrendo entre os seus dedos.
É como se eu tivesse construído meus sonhos num castelo de areia, só que bem perto da arrebentação das ondas. Em um momento eu tinha tudo, no outro eu não tenho mais nada.
— Laura? — voltei a encarar Nacho ao ouvir seu chamado e ele me olhava preocupado. — O que eu posso fazer para que você se sinta melhor?
Nacho desencostou do parapeito da varanda e caminhou poucos passos até a rede. Eu cheguei um pouco para o lado quando ele se inclinou sobre mim e ele se sentou do meu lado.
Deitei minha cabeça no seu ombro direito e ficamos por alguns segundos nos balançando na rede, até o sol se pôr completamente.
— Sinto falta dele. — sussurrei esperando que ele não ouvisse.
Dizer isso me doía tanto, mas a falta que Massimo me faz parecia que ia arrancar meu coração do peito. Eu sempre fui acostumada com a sua ausência, Massimo quase não parava em casa, mas ainda assim ele era meu e eu era dele.
Talvez hoje a única coisa que ele sinta por mim seja desejo de vingança.
— Infelizmente eu sei disso. — Nacho retrucou e eu percebi seu tom irritado. Foi impossível não reparar.
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Uma vida inteira com você
FanficE se Laura escolhesse lutar por sua família? E se Massimo decidisse tentar outra vez? E se Luca sobrevivesse ao atentado? Nota da autora: Essa fanfic é a minha visão do terceiro livro da Trilogia 365 dias de Blanka Lipinska. O nome dos personagens p...