Capítulo 33

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Virei para direita no corredor quando saí do quarto de hóspedes, minha intenção era ir para a biblioteca onde fica o escritório do Massimo, mas antes que eu pudesse me afastar mais ele me segurou pelo braço.

— Podemos conversar no nosso quarto? — acho que meus olhos denunciaram a minha confusão, porque Massimo logo se apressou em se explicar: — Está tendo uma reunião de negócios no escritório. Mario e Tomasso estão com uns investidores.

Sei que não deveria aceitar, afinal, poderíamos conversar em qualquer lugar dessa casa enorme, mas eu estava tão cansada que optei por não discutir com ele nesse momento. Não por isso.

Puxei meu braço do seu aperto suavemente e passei por ele, caminhando na direção da área principal da casa, uma espécie de hall antes da sala de estar.

Subi os degraus da escada sem me importar se Massimo estava me seguindo.

Abri a porta do quarto que um dia foi nosso e atravessei o cômodo enquanto inúmeras lembranças de nós dois machucavam o meu peito de uma forma inimaginável. Parei bem perto da porta do banheiro, do lado do sofá de couro preto de 3 lugares, e me virei a tempo de ver Massimo fechando a porta atrás dele.

— Como você está? — foi a primeira coisa que ele disse ao me encarar. Eu bufei, irritada, e o encarei de volta.

— Tenho certeza que não foi para falar de mim que você quis me trazer aqui, Massimo.

— Laura... — ele sussurrou, cansado. — Eu estou tentando... — sua voz soou tão triste. Eu nunca tinha visto ele assim. — Mas você precisa me ajudar.

Eu queria me aproximar dele. Meu Deus! Como eu queria, mas a última vez que Massimo me fez acreditar que as coisas tinham mudado, que seriam diferente, ele me enganou completamente e isso foi no dia da audiência do nosso divórcio. Eu nunca vou me esquecer da forma que ele me tratou... aquele dia inteiro foi um desastre.

— Está tentando o que, Massimo? — o provoquei. — Me enganar de novo?

Massimo enfiou as duas mãos nos bolsos da sua calça social e caminhou pelo quarto por alguns segundos, até parar perto da janela. O quarto era enorme, então dava para manter uma distância segura dele.

— Eu soube o que Marcelo Matos fez. — ele falou com um tom de voz frio, calculado. De costas para mim, encarando a vista através da janela fechada. Eu o conhecia, ele estava tentando disfarçar a sua raiva.

— É agora que devo dizer que você estava certo? — indaguei com ironia. Massimo girou seu corpo, lentamente, sem sair do lugar e voltou a me encarar.

— Eu nunca vou me perdoar pelo que fiz você passar, Laura. — ele disse em um tom mais suave. — Você tinha razão. Se eu tivesse ficado do seu lado o tempo todo isso não teria acontecido.

Recuei um pouco o meu corpo, surpresa com as palavras dele e estreitei meus olhos na sua direção.

— Você está me dando razão? É isso? — perguntei, completamente, confusa. Incrédula.

— Total e completamente. — ele deu um meio sorriso, estava nervoso. Talvez sem jeito. — Eu te deixei sozinha no momento que você mais precisou e com Luca... eu... — meus olhos se arregalaram com o nome do nosso filho saindo dos seus lábios. Massimo nunca tinha pronunciado o nome dele, nunca se referiu a ele como uma pessoa de verdade, e isso fez os meus olhos marejarem. — Eu jamais vou me perdoar, Laura... e por isso eu vou entender se não puder me perdoar.

— É terrível... — olhei bem nos olhos dele. — Você me deixar sozinha no momento mais difícil para mim não foi nada perto do que você fez com o nosso filho. — Massimo abaixou seus olhos e encarou o carpete no chão do quarto. — Isso eu não sei se consigo perdoar.

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