Capítulo 8

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Eu só percebi que havíamos chegado ao hospital onde Luca está internado quando o carro parou e eu senti o peso da mão do Nacho na minha coxa esquerda.

— Laura? — desviei meus olhos da sua mão grande e tatuada e olhei em seus olhos. — Sabe que não vai me ver a partir do momento que você sair desse carro, não sabe?

Eu assenti com uma profunda tristeza no meu coração, porque eu sei que Marcelo se tornou mais do que apenas um amigo para mim.

Mas entre Luca e qualquer outra pessoa no mundo, eu escolheria o meu filho.

Escolheria Luca até se fosse contra a minha própria vida.

Coloquei minha mão esquerda na bochecha dele, sentindo a linha masculina da sua mandíbula e os pelos curtos da sua barba por fazer, e Nacho se inclinou para o meu toque.

— Eu tenho que ir. — foi a última coisa que disse a Nacho antes de abrir a portar e saltar do seu corvette.

Eu ainda conseguia ouvir a voz urgente do Nacho gritando meu nome de dentro do carro quando passei pelas grandes portas automáticas do hospital. Assim que os meus dois pés pisaram no hall da recepção, um segurança do Massimo tentou segurar o meu braço, mas eu me esquivei do seu toque, puxando o meu braço com força.

— Não ouse! — rosnei para ele em tom de advertência.

Ele, imediatamente, desistiu de me segurar e apenas caminhou no meu encalço.

Me identifiquei na recepção e fui liberada para subir até a UTI neonatal, onde Luca está há dois meses, internado desde que nasceu com apenas 860 gramas e 5 meses de gestação.

O elevador mal abriu no sexto andar e eu já podia ver Massimo sentado na sala de espera em frente a UTI com, pelo menos, meia dúzia de homens todos vestidos de preto ao seu redor.

Quando o olhar do meu marido cruzou com o meu, ele parecia um touro que viu vermelho. Se levantou com ímpeto da cadeira que estava sentado e veio caminhando na minha direção a passos largos e pesados.

Seus lábios eram uma linha fina, espremidos um no outro pela raiva que ele devia estar sentindo de mim, mas eu não ia deixá-lo me intimidar. Ergui meu queixo e continuei caminhando com confiança e firmeza, até ser obrigada a parar quando ele pôs seu corpo grande na frente do meu.

— Vamos embora agora. — ele sussurrou de forma colérica, estava furioso. Dava para sentir no aperto que sua mão deu na minha carne ao segurar meu braço bem perto do meu cotovelo, praticamente erguendo o meu corpo do chão.

— Eu não vou embora até ver meu filho. — falei confiante e com tanta raiva dele quanto ele parecia estar sentindo por mim.

— Laura... — ele pausou e respirou profundamente. Suas narinas inflaram tanto que a sua pele chegou a perder a cor. — Não me provoque.

— Foda-se! Eu vou ver o meu filho. — tentei me desvencilhar do seu corpo e do seu aperto forte no meu braço, mas não consegui. Massimo tinha quase o dobro do meu tamanho, em altura e largura. — Me solta, você está me machucando.

— Eu não me importo. Você estava fodendo com ele? — ele despejou as palavras e seus lábios se torceram em sinal de escárnio.

— Me solta, Massimo. — ordenei olhando em seus olhos cor de âmbar. — Ou vou fazer um escândalo tão grande que a família Matos te expulsará das Canárias. — Massimo odiava chamar atenção, um escândalo no hospital seria humilhação demais para ele. Sem contar que a menção do nome da família do Marcelo fez ele recuar a cabeça alguns centímetros, como se tivesse levado um susto. — Me solta, agora. — pedi calmamente e senti seus dedos livrarem minha carne do seu aperto. — Se você quiser me esperar, depois que eu ver nosso filho, irei com você.

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