Capítulo 43

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Acordei no dia seguinte com o som da campainha tocando e, mesmo que meu quarto ficasse longe o suficiente no corredor, o barulho me fez acordar.

Me estiquei na cama, me levantei e vesti meu robe que estava no encosto da poltrona no quarto. Luca dormia em um berço portátil ao lado da minha cama e eu fiz um carinho suave em seu rostinho antes de deixar o quarto.

Cheguei a sala no minuto em que a empregada contratada por Domenico abria a porta. Minha casa estava rodeada de seguranças, então eu sabia que se alguém chegou até a porta era porque ele haviam deixado ela passar.

— Massimo. — me surpreendi ao ver quem tocava a minha campainha.

— Bom dia, little. — ele acenou para a empregada com a cabeça e entrou na sala.

— O que está fazendo aqui? — o questionei fechando mais o robe ao redor do meu corpo. Eu não queria ser grosseira com ele, mas achei que as coisas tivesse ficado bem claras ontem.

— Eu precisava ver vocês. — ele praticamente sussurrou. Parecia envergonhado, talvez até triste.

— Achei que tivesse voltado para a Sicília.

— Eu prometi não sair do seu lado, Laura. — ele enfiou as duas mãos dentro dos bolsos dianteiros da calça. — Só volto para a Sicília quando vocês puderem ir.

— E a famiglia?

— Domenico está a frente dos negócios até que Luca se recupere totalmente. Não há com o que se preocupar.

Mal consegui conter o sorriso que tentou brotar nos meus lábios. Por mais que Massimo tenha os piores defeitos do mundo, é nítido que ele tem se esforçado pelo Luca. Por mim.

— Luca está no meu quarto. — falei tentando mudar de assunto, porque, provavelmente, ele deve ter vindo ver o filho. — Você sabe o caminho.

Massimo assentiu e sorriu antes de se aproximar de mim e gesticular na direção do corredor. Então eu o acompanhei até o meu quarto, eu já estava cansada de brigar com ele.

Me sentei na beirada da cama, perto do berço, e Massimo se inclinou sobre o nosso filho, que ainda dormia. Ele sussurrou para Luca algumas palavras em italiano e sorriu sozinho.

— O que disse a ele? — Massimo ergueu os seus olhos e me encarou, emocionado.

— Para ele te convencer de que eu te amo e que não sei viver sem vocês.

Desviei os meus olhos dos dele e me levantei. Não ia discutir isso de novo com ele.

— Vou tomar um banho.

Eu tinha consulta hoje, a primeira do pré-natal do bebê que eu estava esperando e como eu já estou com 3 meses, Dr. Baellis me explicou que eu deveria começar o acompanhamento médico o quanto antes. Eu preciso que dê tudo certo até sabermos se ela será compatível com o irmão.

Tomei um banho rápido e me enrolei em um roupão. Quando terminei fui direto para o closet me vestir. Coloquei um vestido preto justo no corpo, sapatos de salto e fiz um rabo de cavalo no cabelo.

— Você está linda. — Massimo disse quando voltei para o quarto, me movimentando enquanto jogava umas coisas dentro da minha bolsa.

— Obrigada. Eu tenho que ir ao médico, mas você pode ficar aqui se quiser. — falei sem emoção.

— Eu vim para isso. — ele falou se aproximando de mim. — Quero te acompanhar ao médico, ver como está o bebê.

— Você não precisa fazer isso. — estranhei e retruquei mal-humorada. Eu não queria brigar com ele por causa disso, mas até dois dias atrás ele achava que o bebê era do Marcelo. Hoje ele quer participar da consulta? Sem contar que Massimo nunca teve tempo de me acompanhar nas consultas de quando eu estava grávida do Luca. Ele foi em apenas uma, se não me falha a memória.

— Mas eu quero, Laura. — o encarei. — Se você permitir, claro.

— Por mim não tem problema. — concordei tentando encerrar o assunto. — Luca ficará em casa com a Loretta. Pretendo voltar o mais rápido possível.

— Eu quero te levar em um lugar depois.

— Massimo... — dei um passo para trás e o adverti quando ele se aproximou demais de mim. Me esquivei dele e fui até o berço. Me inclinei sobre o meu filho, dei um beijo suave na sua testa e sussurrei que o amava. — Eu preciso ir. — anunciei para o Massimo quando caminhei na direção da porta.

Loretta estava na sala quando cheguei e a instruí a me ligar se qualquer coisa acontecesse, além de avisá-la que eu não demoraria. Optei por não levar o Luca, pois não queria que ele tivesse contato com nada que lembrasse um ambiente hospitalar no momento. Pelo amor de Deus, ele tinha acabado de receber alta, de novo, mal chegou em casa.

O carro do Massimo estava no quintal da casa e assim que pisei na varanda seus homens já estavam a postos e com a porta do carro aberta para que eu entrasse. O caminho até o hospital de Roma foi silencioso e rápido, graças a Deus, pois ficar tão próxima ao Massimo e não poder tocá-lo é torturante.

Dei meu nome na recepção assim que chegamos e a recepcionista me disse que em breve a médica me chamaria. Poderes que o nome Torricelli nos dá na Itália.

— Laura Torricelli? — uma voz feminina e aveludada me chamou e encontrei a médica na entrada do corredor. Ela era jovem demais para ser médica e extremamente bonita. — Você deve ser o Sr. Torricelli? — ela disse estendendo a mão para o Massimo, depois que me cumprimentou, e ele apertou a mão dela cordialmente. — Vamos até o meu escritório.

Nos sentamos no lugar que ela indicou e quando ela fez o mesmo, do outro lado da mesa, a pergunta que estava me sufocando escapou dos meus lábios.

— Quando vamos poder saber se esse bebê salvará o meu filho?

— Sei que está ansiosa, Sra. Torricelli. — ela começou. — Dr. Baellis me passou todo o seu caso e iremos acompanhar a sua gestação de perto... eu e a equipe dele.

— Isso é muito importante para nós. — Massimo disse me surpreendendo. — Para o Luca.

— Eu compreendo. — ela sorriu para ele e olhou para mim. — Vou te examinar e vamos ver como o bebê está, depois conversamos. Tudo bem?

Eu assenti antes de entrar no banheiro e trocar o meu vestido por aquela camisola insossa de hospital. A médica examinou todo o meu corpo e chamou a minha atenção para uma pequena protuberância que eu não tinha na minha barriga. Eu nem tinha reparado.

Fizemos um ultrassom e ela confirmou que era uma menina, assim como a idade gestacional... eu estava mesmo com 3 meses e alguns dias, quase entrando no quarto mês. Como pude ser tão desligada?

— Daqui a 4 semanas poderemos fazer um exame para saber se o feto tem os genes da mesma doença do Luca. — a médica explica. — Mas é um exame que vocês precisam saber dos riscos...

Massimo segurou firme a minha mão enquanto a médica a nossa frente dizia coisas terríveis, como: parto prematuro, descolamento de placenta e até óbito fetal.

O exame se resumia a uma agulha imensa sendo introduzida dentro da minha barriga, guiada por um ultrassom para não perfurar o bebê. Essa agulha colherá uma amostra do líquido amniótico e é essa pequena amostra que nos dirá se o bebê tem o gene da doença do Luca. Se ela não tiver, as chances dela conseguir salvar o Luca são enormes.

Como mãe, eu estava apavorada e, mais uma vez, me sentindo culpada. Se acontecesse alguma coisa a qualquer um dos dois eu morreria de culpa e de remorso. Eu estava completamente sem saída.

Massimo estava do meu lado, ele deixou isso bem claro. Então eu consenti que o exame fosse realizado na próxima consulta de pré-natal. Eu me internaria apenas por algumas horas para a realização do exame e logo após poderia ir para casa.

Quando saímos do hospital minha cabeça estava a mil e se eu pudesse beber uma garrafa inteira de vinho com a Olga, esse seria o melhor momento.

Meus ouvidos zuniam e eu conseguia sentir os meus batimentos cardíacos na garganta. Eu estava tão longe que não reparei que o carro havia parado, mas quando olhei para fora não era na minha casa que nós estávamos.

— Onde estamos? — olhei para a propriedade fora da janela e encarei o Massimo.

— Na nossa nova casa.

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