Capítulo 48

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— Massimo... — sussurrei apavorada com a presença dele e, principalmente, do Nacho. Dentro da nossa casa, dentro do nosso quarto.

Eu temia que um dos dois não fosse sair vivo daqui de dentro.

— Desça, Laura. — ele ordenou com seus olhos fixos em Nacho. Nacho também encarava Massimo com fogo nos olhos. Se eu olhasse com bastante atenção conseguiria ver a faísca saindo entre nós dois.

Finalmente consegui me mover e fui na direção do meu marido. Massimo ainda tinha os seus olhos grudados em Nacho e a mão que tinha a arma abaixada. Eu esperava que isso fosse um bom sinal.

— Não me peça isso, por favor. — implorei em um sussurro quando fiquei bem perto do meu marido, quase de frente pra ele, mas ele não me olhou. — Não posso deixar você fazer isso. Não por ele, mas por nós dois.

— Não vou mandar de novo, Laura. — seu tom era cortante e fez o meu corpo inteiro se arrepiar de medo.

Espalmei minha mão direita em seu peito tentando fazer a atenção dele se voltar para mim, mas não consegui.

— Massimo... — o chamei baixinho e ele, finalmente, me olhou. — Por favor.

Sei que ele seria capaz de matar Nacho, sendo na minha frente ou não, ele deseja isso há muito tempo e por mais que eu odeie o Nacho, não posso deixar o Massimo sujar as suas mãos e a famiglia dessa forma.

Matar Nacho significava uma guerra contra a máfia espanhola e, consequentemente, a atenção do Massimo seria voltada para isso e, é claro, estaríamos em perigo mais uma vez. Se Fernando Matos conseguiu me sequestrar sob a proteção da família do Massimo, pensar no que ele podia fazer com os meus filhos me fazia entrar em pânico.

— Não vale a pena. — Massimo desviou os olhos dos meus e encarou Nacho outra vez.

— Admiro a sua coragem, Nacho. — ele disse com escárnio. — Mas sua atitude foi, completamente, suicida. Jogue a sua arma no chão.

Girei meu corpo para encarar um Nacho rendido, com as mãos para o alto. Eu estava discretamente na frente do Massimo, na intenção de protegê-lo. Eu sabia que Nacho não faria nada com o meu marido enquanto eu estivesse na frente dele.

Nacho se moveu lentamente. Colocou uma das mãos atrás do corpo e quando a retornou, jogou a pistola que estava nela no chão perto da cama.

— Laura, desça e chame Domenico e Tomasso. — Massimo me deu outra ordem, mas finquei meus pés a sua frente. Eu sabia que se eu saísse do quarto um dos dois terminaria morto.

— Eu não vou sair daqui. — falei com firmeza e Massimo rosnou, contrariado.

— Não se garante sozinho, Don Massimo? — Nacho desdenhou com ironia.

— Nacho! — o repreendi. — Vá embora, agora! Deixe-o ir. — pedi a Massimo.

— Ele só sai daqui se for para um cemitério.

Massimo deu dois passos para frente e eu tentei parar o seu avanço, mas não consegui. Ele caminhou rápido até o Nacho e o acertou na cabeça com o cabo da arma.

Nacho virou o seu rosto com o impacto e o ergueu rapidamente. O sangue escorria pela lateral do seu rosto, Massimo fez um corte bem em cima da sua sobrancelha antes de colocar a arma no cós da calça.

— Isso foi pela audácia de ter entrado na minha casa. — Massimo gritou enraivecido. — E isso... — ele acertou Nacho do outro lado, dessa vez com um soco. — É por ter colocado os seus dedos imundos na minha mulher.

Nacho ergueu seu rosto rapidamente novamente e dessa vez tinha sangue no canto direito dos seus lábios.

— Massimo, para. — pedi quando o alcancei e tentei segurá-lo, mas ele se esquivou do meu toque.

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