Capítulo 16

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Acordei meio atordoada, com a cabeça pesada e a boca seca, mas sabia que estava na casa do Nacho. Eu não entendia muito de medicina, mas sabia que uma anestesia local na mão não me faria ficar com essa ressaca medicamentosa, como se eu tivesse sido dopada.

Terminei de despertar quando ouvi o barulho da porta abrindo e me virei na cama no momento exato que Nacho entrava em seu quarto.

— Como está sua mão? — ele encostou o ombro esquerdo no batente de madeira da porta e cruzou os braços na frente do seu peito nu. Ele estava vestindo apenas uma calça fina na cor cinza claro e seu cheiro de banho fresco vinha aonde eu estava. — Está com dor?

— Não. Acho que estou bem. — olhei para o curativo impecável que ele fez na minha mão esquerda e abri e fechei meus dedos da forma que deu. — Mas me sinto dopada, meio grogue.

— Eu coloquei um sedativo no seu suco. — Nacho confessou como se estivesse lendo uma receita de pierogi. — Eu sabia que se eu te desse você não tomaria e você precisava descansar.

— Podia ter me perguntado antes se eu queria me dopar. — retruquei aborrecida. — Que horas são? — perguntei pensando na cirurgia do Luca. Meu Deus! Por quanto tempo eu dormi.

Olhei para as duas mesas de cabeceira da cama, uma de cada lado, e não vi meu celular, mas minha bolsa estava em cima do aparador perto da janela.

— Quase duas da tarde.

Empurrei o lençol das minhas pernas e pulei da cama quando ele disse a hora e caminhei até a minha bolsa para procurar meu celular.

— Seu filho está bem, Laura. — me virei para encará-lo. — Ontem mesmo a Dra. Isabel me informou assim que a cirurgia acabou. Ele está bem.

Um suspiro de alívio percorreu meu peito até sair pela minha garganta e senti meu corpo amolecer de novo. Nacho atravessou o quarto e me segurou pelos ombros, me fazendo olhar para ele.

— Ele está bem. — eu sorri ao ouvir ele repetir aquelas palavras e ele me abraçou. Como ele sempre fazia, me apertou contra o seu peito e colocou uma das suas mãos na minha cabeça. Escovando os fios do meu cabelo. — Você precisa se alimentar. Amélia está lá embaixo, ela está ansiosa para te ver outra vez.

Eu assenti e me afastei um pouco dele. Nacho deu um beijo demorado na minha testa e saiu do quarto, fechando a porta assim que passou por ela.

Tomei um banho rápido e bochechei um pouco de pasta de dente na boca. Vesti a camisa do Nacho que eu estava, alguma das T-shirts dele com tema de surf, e coloquei um short jeans que estava no armário que eu acreditava ser da Amélia.

Não precisei terminar de descer os degraus da escada para ouvir a conversa animada entre Nacho e sua irmã. Amélia era uma garota legal, alto-astral. Era bom estar com ela, assim como Nacho, que do jeito dele também me conquistou.

— Laura! — Amélia deu um pulo da cadeira ao me ver chegar à sala e caminhou na minha direção. Ela e o irmão estavam na mesa de jantar que tem na varanda e enquanto Amélia vinha na minha direção, Nacho girou o corpo ainda sentado em seu banco para me ver. — Como você está?

Recebi o abraço que ela me ofereceu e a abracei apertado. Amélia me soltou e me encarou enquanto me segurava pelos ombros.

— Estou bem. — sorri para ela. — E você, como está?

Amélia soltou os meus ombros e seus olhos caíram para os seus pés.

— Indo... eu acho. — ela forçou um sorriso e voltou a me encarar. — Não posso dizer que tem sido fácil, mas tenho tentado.

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