Capítulo 38

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— Laura? — ao ouvir Massimo sussurrar no meu ouvido eu despertei.

Eu nem me lembro quando dormir, exatamente, mas acabei não vendo a viagem inteira.

Me ajeitei assim que me afastei do seu peito e assenti quando Massimo me indicou que deveríamos descer do carro. Estávamos na frente do hospital em Roma, onde nosso filho estava internado.

Nos identificamos e subimos direto para a UTI pediátrica e para nossa surpresa Luca estava acordado e respirava sozinho, sem a ajuda de nenhum aparelho para isso.

Eu fui a primeira a pegá-lo no colo e enquanto eu o embalava em meus braços, Massimo nos abraçou por trás do meu corpo, olhando para Luca por cima do meu ombro.

Se eu pudesse congelaria esse momento para sempre e viveria dentro dele enquanto eu pudesse. Luca fora de perigo e Massimo do nosso lado. Era tudo o que eu pedia nas minhas preces mais profundas.

— Que bom que vocês estão aqui. — nos viramos ao mesmo tempo quando ouvimos a voz masculina vinda da porta do quarto de hospital do nosso filho.

— Dr. Baellis... — supirei, aliviada. Ele era a nossa referência de especialista e tê-lo por perto era um alento para o meu coração.

— Viu só o que ele aprontou enquanto você esteve fora? — ele brincou e entrou mais para dentro do quarto.

Devo ter ficado fora cerca de seis horas, foi o tempo exato de ir e voltar de Nápoles. Mal demorei lá, mas já havia anoitecido quando voltei para Roma.

— Ele é muito valente. — falei, orgulhosa, e ofereci Luca ao Massimo. Meu marido o pegou no colo e eu me aproximei mais do médico. — Preciso que me conte mais sobre o transplante.

— Transplante? — Massimo questionou confuso.

— Ainda não tive tempo de explicar a ele. — confessei ao médico.

— Isso não é problema. — Dr. Baellis apontou para mim o sofá azul-claro de couro e pegou a cadeira de madeira que estava em uma mesinha para se sentar. — Sente-se, Sr. Torricelli.

Massimo deu a volta pelo quarto e se sentou do meu lado, com Luca ainda em seu colo.

— Dr. Baellis estava me explicando pela manhã que pode existir uma cura para a doença do Luca. — eu falei para o Massimo e sua feição confusa se dissipou. — Explique a ele sobre o transplante, doutor. Por favor.

— Como Laura disse... — o médico começou. — Existem estudos sobre transplante de células troco, para amenizar ou até curar a doença do pequeno Luca. É como se, as células novas indicassem as que ele já tem como elas devem se comportar.

— Eu posso doar? — Massimo o questionou, olhando do médico para mim.

— Eu também tive essa ideia, querido, mas infelizmente não. — ele voltou a encarar o médico, agora com o semblante entristecido.

— A fonte dessas células é o cordão umbilical de um recém-nascido, geralmente. Em alguns casos, tiramos da medula de um adulto, mas nem sempre é certeza de sucesso nesse tratamento.

— Recém-nascido? — Massimo o questionou confuso.

— Do mesmo pai e da mesma mãe. Precisa ser um irmão de sangue...

— Isso quer dizer que... — Massimo me encarou.

— Vamos ter outro bebê. — completei seu raciocínio.

Massimo deu um riso nervoso e negou com a cabeça, mas não foi de uma forma ruim. Ele olhou para Luca, acordado e quietinho no seu colo, e depois me fitou.

— Outro filho? — sussurrou para si mesmo.

— Ele será a cura para o Luca, Massimo. — ele assentiu e tocou o meu rosto com a sua mão livre.

— Eu não sei se mereço tanto, little.

— Eu te amo. — falei olhando nos olhos dele e Massimo sorriu.

— Como vamos fazer isso? — ele indagou o médico, voltando sua atenção a ele. — Quer dizer... Nós sabemos bem como fazer um bebê, mas tem alguma orientação específica?

— Massimo! — o repreendi e ele deu um sorriso cheio de malícia.

— Esse embrião precisará ser manipulado em laboratório e introduzido no útero da Laura de forma mecânica, através de uma inseminação artificial.

— Então vamos começar isso agora. — Massimo disse animado. — Já! Se isso vai salvar o nosso filho, precisamos fazer o quanto antes.

Massimo se levantou com Luca no colo e o médico fez o mesmo, se levantando da sua cadeira.

— Amanhã pela manhã faremos alguns exames de sangue em vocês dois e um ultrassom em você para sabermos como anda o seu útero depois do parto do pequeno Luca. — o médico disse me olhando.

— Eu estou ótima. — o garanti. É claro que eu não estava pronta para ter outro filho. Luca ainda era um bebê de quatro meses, quando na verdade eu ainda deveria estar grávida dele, mas para salvá-lo eu faria qualquer coisa.

Dr. Baelis se despediu de mim e do Massimo e meu marido colocou Luca, agora adormecido, no berço do hospital.

— O que houve? — Massimo me questionou quando voltou seus olhos aos meus.

— Eu estou com medo. — confessei, apreensiva.

— De que, little? Você ouviu o médico, é a única forma de salvarmos o Luca.

— Não estou com medo de ter outro filho, Massimo. — constatei me sentando no sofá. — Estou com medo de não conseguirmos salvar o Luca nem com o bebê.

Massimo atravessou o quarto e se sentou do meu lado. Ele segurou meu rosto entre as suas mãos grandes e firmes e me fez olhar nos olhos dele.

— Temos que acreditar que vai dar tudo certo, Laura. — ele assentiu e eu fiz o mesmo. — Vai dar!

Eu o abracei com força e Massimo me embalou em seus braços, balançando o meu corpo junto com o dele.

— Poderia ser uma menina dessa vez. — brinquei ainda em seu abraço.

— Teremos outro garoto, ele fará companhia ao Luca. — Massimo disse com altivez. — Eles serão praticamente gêmeos.

Nós rimos.

— Você tem razão.

Massimo ficou sério de repente e me olhou profundamente.

— Estaremos juntos dessa vez. Eu prometo que não vou sair do seu lado enquanto isso tudo não passar.

— E a família? — o questionei com cautela.

— Domenico assumirá até que Luca esteja curado. Ele e Olga estão voltando para a Sicília.

— Ela vai querer me matar. — eu ri e encostei minha testa em seu peito.

— Olga vai superar isso. — me afastei do seu peito e encarei seus olhos. — Eu faria qualquer coisa por vocês, Laura. Qualquer coisa.

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