Quem é você?

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Mary Jackson:

Acordei bruscamente, o ar faltava aos meus pulmões, minha cabeça rodopiava, sentia-me tonta e totalmente desesperada. Despertei de um sonho que a princípio parecia me envolver num abraço aconchegante.

O sonho, que mais parecia ser pesadelo. 

Ele continha risadas e vozes que há muito não ecoavam em minha realidade, lembranças ótimas, mas que no momento são dolorosas.  As vozes de meus pais, as brincadeiras, esse sonho me fez ter uma sensação calorosa. Porém, a mesma sensação rapidamente se transformou em angústia, quando a linha fina entre o sonho e a realidade se rompeu, me fez recordar do vasto oceano de tempo e espaço que agora separa minha família.

Estava tão atordoada e desesperada, que nem percebi que fiquei sentada na cama, enquanto o Erik me sacudia e me chamava. Olhando para seu rosto percebi que estava totalmente desesperado e aos poucos comecei a ouvir a sua voz dizendo o meu nome, sua voz estava tão distante, que mal chegava aos meus ouvidos.

- Mary - chamou - Mary, minha bela adormecida por favor fale comigo - implora.

E aos poucos sem perceber... Desabei em lágrimas, lágrimas tão sinceras e profundas como minha alma.

Jesus amado, isso não ajuda nada nessa falta de ar.

- Minha Bela adormecida por favor, diga alguma coisa - ouvir sua voz cada vez mais próxima - Está tudo bem? Foi um pesadelo? Está chorando por hormônios da gravidez? Por favor diga algo, lhe imploro.

Sentir seus braços passarem pelos meus ombros me puxando de encontro ao seu peito nu. Minha Costas nua, de encontro ao seu corpo estremece.

- Mary fo.... - o interrompi.

- Foi um sonho - digo em meio as lágrimas - um sonho muito bom por sinal.

- Então por que choras? -  pergunta angustiado.

- Sonhei com meus pais - digo em meio às lágrimas - a gente brincava na fazenda, estávamos rindo. . . Mas eu estou chorando, porque neste  sonho os rostos deles não apareciam, tipo eu não consegui ver os rostos dos meus pais. - estou chorando tanto que chego a soluçar.

Me viro de frente para ele enterrando minha cabeça em seu peito, e ali desabo mais ainda em lágrimas.

- Eu mal me lembro de alguma característica dos meus pais, e parando para pensar, não me lembro quais cores são seus olhos.

- Eiii, calma. Tá tudo bem. - diz calma aí suave em meu ouvido.

- Não, não está nada bem. Eu adorava admirar os olhos de minha mãe, era neles que encontrava aconchego, paz, amor, refúgio e sinceridade. Agora eu não me lembro. Nestes sonhos e os rostos pareciam apagados. . . Borrados. . .

Ele não respondeu, só permaneceu alí, calado me ouvindo soluçar, me deixando molhar seu ombro de lágrimas.

Um tempo se passou, e o choro passou, mas os soluços continuaram.

- Vou perdi para que Angela. . - o interrompi novamente.

- Não, eu não quero. - digo -  Eu não quero vê-la aqui. . .ostumei com a sua presença pela casa.

- Minha Bela adormecida, ela está aqui para cuidar de você, tens que se acostumar. . . Inclusive você tem que pedir desculpas pelo que fez com ela hoje mais cedo.

Agora todo medo e saudades dos meus pais se transformaram em raiva, eu não quero falar daquela mulher, eu ainda não gosto dela. E jamais vou pedir perdão do que aconteceu hoje mais cedo.

Flashback on:

Sem pensar duas vezes, a puxo pelo braço, puxo seu cabelo e a prendo contra a parede.

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⏰ Última atualização: Jul 08 ⏰

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