Capítulo Três

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Micael cavalgou calmo até o vilarejo escondido na cidade. Um pouco afastado da população, trazendo uma vista suja. Afinal, bordeis no centro da cidade precisam ficar escondidos mesmo.

Ele desceu do cavalo, alisou o bichano antes de apalpar o bolso da calça caqui que estava usando. Tinha um sorriso travesso quando entrou no casarão antigo.

Ficou de frente com a velha, bastante baixa. Um nariz enorme e as unhas maiores ainda. Ela conhecia Micael, ele frequentava bastante ali.

— Meu príncipe. — A velha se apoiou no balcão de madeira em sua frente. — Que honra recebê-lo aqui!

— Preciso de uma garota sua. Qual está disponível?

Deixou o saco pesado de moedas na frente da velha, que ficou surpresa com tamanha audácia.

IASMIN. — Gritou, virando o rosto para sua voz ecoar no corredor extenso.

Micael esperou como um bom entendedor. Sentiu-se satisfeito ao ver a garota morena, de cabelos lisos e castanhos. Os olhos da mesma cor. Magra, seios firmes e médios.
Iasmin era perfeita para aquela ocasião.

— Meu príncipe. — Os dois sorriram.

— Você tem banheira por aqui? Preciso de um banho. — Micael perguntou antes de sair primeiro, corredor à dentro. Iasmin levantou os ombros após dar uma risada baixa, sem entender nada.

Seguiu o mesmo até o lavabo mais próximo.

— Meu príncipe? — Iasmin ficou com receio de Micael. O assistiu retirar sua vestimenta, ficando nu.

— Não vou te comer. Te paguei para conversar com você. Minha vida está um caos! —  Abriu as torneiras da banheira. — Rápido. Nua, agora! — Ordenou.

Em Brahão, Sarah estava trabalhando duro no vestido que Sophia usaria, no baile anual. Comprou tecidos e tirou as medidas da irmã, esperando que ela gostasse do que estava fazendo.

Chamou Sophia pela quarta vez naquele dia.

— Uau! — Rondou a irmã, que estava em frente ao enorme espelho. — Você está incrível! Deslumbrante! — Mexeu em seus cabelos loiros.

— É... Até que eu fiquei bonita mesmo. — Sophia sorriu. Não estava acreditando que Sarah havia feito aquele belo vestido. — Como fez tão rápido?

— Meus truques, não vou dizer. — Lançou uma piscadela. — Acho que podemos ajustar o seu busto, que tal?

— NÃO. — Sophia arregalou os olhos. — Você irá me deixar nua se ajustar qualquer coisa no decote. Lembre-se que é um baile para nos ajudarmos!

— Acontece que eu sou humana. — Sarah se defendeu. — Vão ter vários rapazes atrás de uma donzela. Eu posso ser uma delas!

— Não seja tola, Sarah. — Sophia negou com a cabeça. — Minha carta já foi entregue ao reino de Borgerith. — Juntou as mãos, esperançosa. — O rei Jorge está sendo muito honesto e bom com a gente.

— Sim. — Sarah abaixou a cabeça. — A mamãe já te contou como o papai morreu na frente dele?

— Cruzes, não. Eu também não quero saber! O papai morreu de uma forma trágica e o rei Jorge estava lá, para ajudá-lo. — Sophia entristeceu de lembrar. — Sinto falta dele.

— Eu também.

As duas ficaram tristes em minutos. Sophia retirou a prova do vestido, deixando na mão de Sarah, que daria os últimos retoques, sem mexer no decote, é claro.

A mesma saiu do quarto onde estava, tropeçando em Louise, que vinha correndo na direção da irmã.

— CRUZES! O que há? — Sophia fez uma careta.

— Você não vai acreditar! — Louise sorria de orelha à orelha. — Os serviçais de Borgerith estão aí. Trouxeram lençóis para a mamãe escolher!

— Lençóis? — Sophia franziu o cenho. — Deixe-me ver isso. — Andou na frente, acompanhada de Louise.

Escutou a voz de sua mãe, conversando com alguém. Assistiu a mesma passar a mão em três tecidos diferentes, animada com as cores e texturas do que haviam trago.

— Gosto desse. O toque é indescritível. — Branca agradeceu com um sorriso.

— Mamãe, o que está fazendo? — Sophia ficou ao lado. — Boas tardes, senhores. — Conversou com os serviçais.

— Princesa, que honra estar aqui hoje, lhe servindo. — Sophia não entendeu. — Trouxe estes panos em mandado do rei Jorge, para colocarmos no tapete do baile.

Louise ficou boquiaberta, assim como Sophia. O rei Jorge estava fazendo tudo. Por que?

— Estamos muito agradecidas por esse lindo gesto. — Branca soltou. — O rei Jorge é um homem muito especial!

— Coloca especial nisso. — Louise completou, recebendo um tapa fraco em sua nuca, de Sophia.

— Você conhece a família horrível do reino de Brahão?

Micael levantou o olhar para Iasmin, que massageava seus cabelos. Ambos estavam dentro da banheira, porém, Iasmin seguia com seus trabalhos agradando Micael.

De uma forma diferente do que estava acostumada.

— Não, meu príncipe.

— Converse comigo! Eu sei que você conhece esse povo. — Se irritou, fazendo uma careta.

— Tudo bem. — Iasmin soltou um suspiro. — Eu conheço sim.

— E por que são horríveis?

— Não são horríveis, meu príncipe! A rainha Branca é uma mulher muito sofrida. — Alisou os ombros fortes de Micael. — As três filhas perderam tudo quando o rei Renato viera à morrer. Soube que até passaram fome.

— Eu não ligo. Ele quase matou o meu pai!

— Não seja rude. Elas não tem culpa dele ser assim. — Iasmin voltou a massagear os cabelos de Micael. — Meu príncipe já as viu?

— Não e também não quero ver tão cedo. — Fez uma pausa. — Quem é a mais velha?

— Sophia. — Iasmin sorriu. — Ela é... Encantadora! Linda, dos olhos azuis e loira. Um espetáculo! Quando eu a vi, parecia que estava vendo um quadro delicado, pintado à tinta óleo.

Micael franziu as sobrancelhas rapidamente, virou o corpo para Iasmin, que parou o que estava fazendo.

— Garota! Eu te paguei para me fazer feliz e não elogiar a pobretona do reino de Brahão. — Micael ficou bravo.

— Desculpe. — Iasmin encolheu o ombro. — Ainda posso lhe massagear?

— Sim. — Respondeu, bravo. — Mas me conte. Ela é bonita mesmo? — Voltou a olhar Iasmin.

— Perfeitamente linda.

— Deve ser feia. — Micael suspirou, cansado de estar ali. — Ok. Obrigado por sua hora! Podemos acabar por aqui.

— Mas já, meu príncipe?

— A água está ficando fria e suas respostas terríveis. — Levantou-se da banheira. — Se bem que...

Micael encarou o membro endurecer por conta do clima. Iasmin sorriu sarcástica, ficando perto de seu corpo.

— É assim que eu queria lhe agradar, meu príncipe. — Segurou no membro ereto de Micael, abocanhando em questão de segundos.

Ele gostava daquela vida. Para um príncipe, estava péssimo com suas escolhas. Pobre Jorge.

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