Sophia abriu os olhos naquela linda manhã ensolarada. Micael não estava na cama, o que lhe estranhou. Suas vestes? Ainda em seu corpo. Disse que iria se entregar, mas Micael não quis. Sabia que era conversa de Sophia. Ela ainda não estava pronta.Saiu da cama, fez sua higiene e trocou-se. Desceu a escadaria em busca de Micael.
— Bons dias? — Parou no último degrau, observando o lugar em silêncio. — Micael, onde está?
— Perto da lareira. — Sua voz ecoou.
Sophia caminhou até onde ele estava. Tinha uma carta em mãos, o cenho franzido sem entender nada.
— O que há? — Sophia se preocupou.
— Recebemos uma carta. — Entregou à ela. — O charreteiro virá nos buscar hoje à tarde. Precisamos voltar!
— Mas o que... O que aconteceu? — Sophia leu o anúncio rápido, se assustando. — Alguém está ferido? Ou então... — Arregalou os olhos. — MICAEL!
— Acalme-se. — Mostrou sua mão, lhe parando. — Se fosse alguma morte, já teríamos os guardas nos esperando com bandeiras e marcha fúnebre. — Ele deu meia volta. — Alguma coisa aconteceu em Borgerith.
— Estou pensando em várias coisas. — Sophia também começou a andar, preocupada. — Penso em mortes, acidentes, doenças. — Sua cabeça iria explodir. — Por que então precisamos voltar?
— Eu não faço a mínima ideia. — Micael colocou as mãos na cintura. — Eu descarto todas as possibilidades de doenças ou acidentes. Até que, não, acidente eu não descarto. — Sua garganta deu um nó. — Também estou preocupado!
— Eu vou ajeitar tudo lá em cima. — Sophia não pensou duas vezes. Subiu as escadas novamente, deixando Micael com a carta, atordoado.
Algumas horas e o charreteiro apareceu, com outra carruagem. Ajudou Micael com as malas, partindo dali.
Cinco horas depois.
— Graças! — Micael desceu da carruagem. Alongou-se. — Venha comigo. — Ajudou Sophia, dando sua mão para que ela saísse.
A mesma agradeceu baixinho, ficando feliz por estar de volta ao reino. Micael adentrou primeiro, procurando por seu pai.
— Boas tardes. — Soltou aos serviçais. — Onde está meu pai?
— O rei está em seu aposento. — Um serviçal lhe respondeu, um pouco estranho.
Micael sentiu o coração bater mais forte. Ele não podia perder o seu pai, uma doença não iria lhe matar tão fácil. Saiu às pressas enquanto subias as escadas, correndo, como se fosse perder algo inédito.
Abriu a porta do aposento de Jorge, o vendo em uma poltrona, lendo.
— Meu pai. Onde é a sua doença? — Tinha gotículas de suor na testa. Estava ofegante.
— Filho! — Jorge se levantou. — Por que está assim? O que aconteceu?
— Eu recebi a carta! Vim o mais rápido que pude. — Abraçou o pai. — O senhor está doente? É por isso que está no aposento? O que aconteceu?
— Não, não. Claro que não. — Jorge torceu o nariz. Micael respirou aliviado. — Eu não deveria ter mandado aquela carta, atrapalhei vocês.
— Não atrapalhou em nada. — Micael gesticulou. Seu pai havia entendido perfeitamente. — O que houve?
Jorge olhou de um lado para o outro. Caminhou até à porta, trancando. Micael fez uma careta.
— Eu não podia contar para você mas preciso dizer isso! Não sei como vamos anunciar à Sophia. — Jorge falava um pouco mais baixo.
— Não me diga que Branca está doente? Ou alguém da família dela? — Micael semicerrou a sobrancelha.
— Não, não. Pare de pensar em doenças! — Jorge estava quase esbravecendo. — Escute só, aconteceu uma blasfêmia. — Ele gesticulou, impressionado. — Vamos ter que anunciar outro baile anual.
— O QUE? — Micael arregalou os olhos. — Por que vamos anunciar outro baile? Dá para me contar o que aconteceu?
Jorge passou a mão no rosto, indignado.
— Sarah está grávida. — Contou. — E Branca não sabe quem é o pai. Ela também não sabe dizer.
Micael abriu a boca, incrédulo.
— Puta que pariu. — Andou de um lado para o outro. — Sophia vai ficar arrasada com isso, meu pai.
— Exatamente! É uma vergonha estampada uma notícia assim. Ainda mais vindo dela, que não tem... Um pretendente.
— Quando descobriram isso?
— Dois dias depois que vocês foram viajar. Parece que ela já estava grávida, desde a época do baile anual. Porém, descobriu só agora.
— Cacetada! — Micael cerrou os dentes. — E como Branca está reagindo?
— Ela está péssima. Não quis vir ao reino durante essa semana, se comunica por cartas e não deixa mais Louise usar a biblioteca. — Jorge se lamentou. — Eu não sei como contar à Sophia. — Encarou Micael. — Você precisa fazer alguma coisa!
— Ah, eu? E por que eu?
— Você é o marido dela. Sabe como dar conta da situação.
— Pela madrugada. — Micael foi até a varanda. — Eu realmente não sei como contar isso! Além dela ficar péssima, vamos ter mais um problema.
— Por que vamos ter mais um problema?
— Porque é da irmã dela de quem estamos falando. Branca deve estar super envergonhada, assim como Sophia irá ficar. Furiosa também! — Micael pensou. — Puta merda, meu pai. Que menina desaforada!
— Micael, também não é assim.
— Ela não tem pretendente, meu pai. Como alguém pode engravidar desse jeito? Francamente, é uma vergonha à Brahão.
Escutaram batidas na porta.
— Micael? É a Sophia. Está tudo bem?
Ele encarou Jorge, um pouco assustado. Caminhou até à porta, destrancando.
— Querida. — Sorriu. Sophia estranhou o apelido mas lembrou o combinado feito com Micael. — Eu já estava descendo.
— Gertrudes me disse que você estava aqui, com seu pai. Eu não queria atrapalhar mas acho que já atrapalhei. — Mordeu a ponta dos dedos, fazendo uma careta engraçada. — Me desculpe!
— Não precisa se desculpar, Sophia. — Jorge se intrometeu. Beijou a mão da mesma, sorrindo. — Como foi de viagem? Aposto que está cansada!
— Um pouco. — Estranhou Jorge e Micael. — Minha mãe está bem?
— Ora, perfeitamente. — Jorge deu um sorriso amarelo, mentindo. — Estava aqui, agora pouco. — Mentiu mais uma vez.
— Sophia, eu preciso conversar com você. — Micael lhe assustou, soltando de uma vez.
Ela já sabia que tinha algo errado. Assentiu e foi guiada por Micael, até o aposento, agora, dos dois.
Ele fechou a porta quando passou. Não sabia como dizer aquilo, era muito cruel à Sophia, que tinha orgulho da família.
— O que há, Micael? Estou ficando preocupada! — Colocou as mãos na cintura.
— Certo. — Ele respirou fundo. Preparou-se. — Sua irmã está grávida! E ninguém sabe quem é o pai. — Encarou Sophia, com pena.
E Sophia? Pobre Sophia...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Xeque-Mate Para o Amor
RomanceUm conflito entre dois reinos: De um lado, Micael. Do outro, Sophia. Em um poderoso baile anual para ajudar o reino de Brahão, tudo sai do controle quando Micael e Sophia são flagrados em um momento íntimo. Por regras para não serem deserdados, se...