Capítulo Trinta e Cinco

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— Filho de uma belíssima puta.

Jorge rosnou enquanto soltava à dois guardas, que limpavam suas espadas. Estavam prontos para guerrear! Assim como o rei, que se preparava aos poucos.

Micael havia contado ao pai sobre a peripécia de Frederico. O mesmo ainda estava incrédulo, tentando decifrar o porquê.

— Meu lorde, quando vamos atacar o campo oposto? — O guarda maior cruzou as mãos em sua frente, ajustando a postura.

— Não podemos demorar! — Jorge pausou. — Frederico precisa de uma boa lição. E eu preciso conversar com Micael. — Virou-se em direção a escadaria.

Enquanto à Micael? Um pouco preocupado. Ou então... Tentando não se preocupar.

Jorge o procurou pelo reino, até achar o filho trancado dentro da enorme biblioteca. Ficou horas ali, lendo, pensando, achando um jeito de perder todo seu medo.

Nunca havia guerreado.
Ou seja: poderia morrer no mesmo instante que brigasse por Borgerith.

— Micael? — Escutou o pai bater na porta.

— Entre. — Soltou, logo após, se jogou novamente na poltrona perto da lareira.

— Achei que não estivesse aqui. Você odeia bibliotecas! — Jorge tentou descontrair.

— Qual a probabilidade da minha pessoa morrer em uma guerra, meu pai? — Foi direto ao ponto.

Jorge soltou um suspiro pesado. Queria rir mas ao mesmo tempo queria proteger Micael, à todo custo.

— São muitas. — Sentou-se de frente ao filho. — Você nunca guerreou. Nunca pegou em uma espada.

— Isso é verdade.

— Então... — Fez uma careta. — Precisa treinar bastante para ir ao combate.

— Não podemos treinar, meu pai. Fred irá acabar com a gente se demorarmos.

— Não podemos ficar esperando, Micael. Olhe só o que Djah nos contou! — Jorge lembrou. — Ele irá acabar com Borgerith.

— E por que Djah falou tantas coisas aquele dia? Eu ainda não entendi essa parte. — Micael ficou pensativo.

— Djah me deve muitas coisas, meu filho. — Jorge não queria entrar naquele assunto. — Será que podemos pensar em como irmos à guerra?

— O senhor deveria me preparar para isso! — Micael cruzou os braços. — Eu não sei guerrear! Estou morrendo de medo de morrer. Não sei quantos vão e ainda por cima tem a história do bebê de Sarah.

— Se eu fosse você, aceitaria o plano mirabolante de Branca. — Jorge deu um risinho.

Micael o fuzilou com seu olhar.

— Nem morto!

— Por que não? Você irá guerrear! Não é uma colônia de férias. — Jorge se levantou. — Vamos ficar meses fora. Dormindo em lugares fedidos, úmidos e nada confortantes. E ainda por cima passando fome. Vamos ter que caçar!

— Ótimo, eu não quero guerrear. Próximo assunto! — Foi a vez de Micael se levantar.

— Não seja marica! — Seu pai remedou. — Você precisa ser forte, precisa proteger sua esposa.

— Não posso proteger aqui dentro do reino?

— Micael, você vai e acabou. Deixe de ser bunda mole! — Jorge afirmou, mais uma vez. — Não podemos esperar que ele dê a primeira fala. Vamos ao ataque.

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