Capítulo Vinte e Um

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Brahão estava terrivelmente de cabeça para baixo. Sophia reparou quando desceu do cavalo branco, deixando o bichano sossegado, alisando sua crina. Saiu de Borgerith sem que ninguém visse, pela manhã.

Estava de capa. Retirou o capuz quando passou por um serviçal.

— Princesa Sophia? — Ele foi rápido, se assustando. — Precisa de ajuda? Eu vou chamar a rainha Branca! — Andou de costas, lhe acompanhando.

— Não precisa chamar ninguém, Ernesto. Obrigada. — Soou forte, um pouco magoada na voz.

Adentrou o reino, em busca de Sarah. Louise parou de tocar o piano, ficando feliz em ver a irmã.

— SOPHIA! — Saiu correndo, abraçando a mesma. — Quanta saudade! Por onde você estava?

— Estava viajando. — Alisou os cabelos da menina, sorrindo leve. — Onde está a mamãe? E Sarah?

— Estão lá em cima. — Louise piscou.

Sophia deixou a irmã, subiu as escadas na procura de Branca e Sarah. Não se aguentou ao vê-las, cochichando algo, que agora, seria muito importante para o semblante das duas.

— S-Sophia? — Branca virou-se para encarar a filha, surpresa da mesma estar ali.

— Que história mais ridícula é essa, Sarah? — Encarou a irmã, que encolheu os ombros.

— Como você ficou sabendo? — Branca interviu.

— Eu recebi uma carta! — Sophia aumentou o tom de voz. — Como você ousa em fazer isso com a nossa família? Ficou maluca?

— Eu jamais ficaria maluca, Sophia! — Sarah levantou, se defendendo. — Não adianta me encurralar pela parede. Não sei quem é o pai do meu filho e também não quero saber!

— É lógico que você sabe. Ninguém é burro à esse ponto. — Apontou para a mesma. — E a senhora, como ousa deixar isso acontecer? E ainda por cima quer fazer uma baile anual. — Sophia colocou as mãos no rosto, observando o semblante de Branca se acabar.

— Sophia, eu sei que você está muito irritada mas não há o que fazer! Você é a única que pode nos ajudar.

— Não, eu não vou ajudar ninguém. — Negou com o indicador, esbravecida. — O rei Jorge já se sujeitou demais em ajudar a nossa família. Agora isso? É um escândalo à mais, você deveria ter vergonha!

— Olha só quem está falando. — Sarah cruzou os braços. — Você chupou o pau do príncipe Micael e quer me dar lição de moral? Pelo amor dos Deuses, Sophia! Vá arranjar o que fazer.

— EU NÃO FIZ ISSO! EU JAMAIS FARIA ALGO DESSE TIPO, VOCÊ ME CONHECE! — Sophia gritou. — Agora você, Sarah, não pensou na nossa família. Dormiu com o primeiro que apareceu, e ainda por cima acha normal carregar esse peso nas costas. — Gesticulou. — Me sinto envergonhada. Muito envergonhada!

— Coitadinha de você, Sophia. Olhe só! Virou a princesa de Borgerith, onde centenas de meninas queriam estar no seu lugar. Seu marido é um gostoso, você não transa com ele e ainda por cima se mete na vida alheia. O que ainda está fazendo aqui então? — Sarah abriu os braços, provocando a irmã.

E o imediato aconteceu! Sarah não raciocinou direito quando sentiu a bofetada no rosto, fazendo Branca gritar em socorro. Dois serviçais subiram, tentando tirar Sophia de cima da irmã.

Estava orgulhosa e irritada ao puxar os cabelos e arranhar o rosto de Sarah, que tentou se defender mas não conseguiu.

— QUERIDA, CHEGA! — Sophia conhecia aquela voz.

As mãos fortes tiraram Sophia de cima da irmã. Ela ainda se debatia, não se dando conta que Micael lhe segurava. Como ele chegou até ali? Como ele sabia?

— SUA VACA! — Sarah ficou de pé, com a ajuda de Branca. — MAMÃE, ELA ME ARRANHOU TODA! — Reclamou para Branca.

— EU VOU MATAR VOCÊ SE FOR PRECISO. — Sophia remexeu-se de novo mas Micael lhe impediu.

— Sophia, chega. Por favor! — Soltou calmo no ouvido da esposa, passando a mão em sua testa. Tentando acalmar a fera que estava no aposento. — Não precisa disso, querida. Acalme-se!

Sophia respirou fundo, ainda com raiva. Encarou Micael, que foi a soltando devagar. Branca estava horrorizada com a situação. Chorou enquanto acudia Sarah, com a bochecha sangrando e o lábio cortado.

— Vamos sair daqui. — Micael puxou a esposa.

Desceram as escadas como um tiro. Micael levou Sophia até o pouco jardim do reino, onde viu a esposa se acabar de chorar, em seus braços. Beijou o topo de sua cabeça, prontificando que ficaria tudo bem.

— Esqueça o que aconteceu lá em cima, querida. Tudo bem? — Lhe abraçou mais forte. — Eu disse para você ficar em Borgerith. Por que não me escutou? — Segurou o rosto de Sophia.

— Eu... — Ela secou suas lágrimas. — Eu tinha que falar com Sarah, estava me remoendo por não conversar com ela.

— Você queria falar ou bater nela? — Micael fez uma careta. — Não adianta nada bancar a heroína, ela não vai contar quem é o pai.

— Irei descobrir!

— E por que você quer tanto descobrir, Sophia? Fará diferença na sua vida?

— SIM! Imagine quando a população souber disso, Micael? — Sophia se preocupava muito. — Sarah vai sair como... Uma garota qualquer, uma mulher da vida, entre mil assuntos como esse. — Andou de um lado para o outro. — Você precisa me ajudar!

— Ok. E como eu vou te ajudar a esconder essa polêmica de Owren? — Encarou a esposa. — Djah não pode sonhar em saber disso.

— Misericórdia. — Sophia murmurou. — Micael, precisamos fazer alguma coisa!

— Eu não consigo pensar nada no momento, querida. Sinto muito. — Foi sincero. — Eu só penso em uma única coisa.

— Em que?

— Em foder você, bem gostosinho. — Chegou próximo à Sophia, beijando seu pescoço. — Você batendo na vaca da sua irmã me deixou com tanto tesão, sabia? — Mordiscou sua pele.

— Não, não, não... Nada disso. — O empurrou. — A situação é séria!

— Eu sei, meu tesão por você também é sério. — Encarou Sophia. — Acho que você precisa liberar esse seu ódio todo, depois, pensamos em alguma coisa para ajudar Brahão.

Sophia ficou em silêncio. Observou Micael, que estava duro.

— Liberar o ódio significa eu fazer amor com você? — Torceu o nariz, apontando ao mesmo, que assentiu.

— Adoro garotas inteligentes! — Sorriu de orelha à orelha.

Sophia soltou um suspiro. Não tinha jeito, também queria liberar aquele ódio! Subiu no cavalo novamente, cavalgando até Borgerith, tendo a companhia de seu querido marido, Micael, atrás de si.

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